A nova edição do International Business Report (IBR), que reúne dados de mais de 4 mil executivos, afirma que as empresas brasileiras mantêm otimismo diante das exportações, mesmo em meio ao tarifaço dos EUA
As médias empresas brasileiras mantêm estabilidade nas exportações, mesmo em um cenário internacional marcado por tensões do tarifaço dos EUA. É o que aponta a nova edição do International Business Report (IBR), pesquisa trimestral da Grant Thorn que reúne dados de mais de 4 mil executivos em 35 países.
No segundo trimestre de 2025, o otimismo no Brasil avançou 3 pontos percentuais e atingiu 64%. Embora o levantamento tenha sido concluído antes do anúncio oficial do “tarifaço” norte-americano, já havia sinais de maior atenção dos empresários ao ambiente político e econômico internacional.
De acordo com Daniel Maranhão, CEO da Grant Thornton Brasil, os empresários buscam equilíbrio entre crescimento e cautela. “As oscilações nas tarifas dos EUA afetam o comércio internacional no longo prazo e, no curto, estimulam a busca por novos mercados externos, com impacto variável conforme o setor”, avalia.
Receita, salários e rentabilidade em alta
A projeção de aumento da receita se manteve estável, com 82% dos executivos indicando crescimento nos próximos 12 meses. Sendo assim, a rentabilidade avançou de 79% para 84%, resultado de esforços em eficiência operacional e produtividade.
Em relação à remuneração, 86% das empresas planejam reajustes salariais. Entre elas, 23% projetam aumentos acima da inflação, frente a 17% no trimestre anterior. Segundo Maranhão, a medida reflete a disputa por mão de obra qualificada e a compreensão de que salários competitivos e capacitação impulsionam resultados no médio prazo.
Comércio exterior ganha importância
O Brasil se movimentou em sentido oposto à tendência global. Enquanto a intenção de exportar recuou para 50% no mundo, no país o índice subiu para 69%, oito pontos percentuais acima do trimestre anterior. Também houve aumento nos destinos de exportação, de 61% para 62%.
As importações também cresceram, passando de 54% para 58%. A expectativa é que os efeitos do tarifaço norte-americano apareçam com mais clareza nos próximos meses, mas setores como o agronegócio já buscam ampliar vendas para países da Ásia.
Tecnologia e ESG avançam
O investimento em tecnologia segue como prioridade. No trimestre, 85% das empresas brasileiras mantiveram ou ampliaram aportes em automação, digitalização e inteligência artificial.
As iniciativas em sustentabilidade também aumentaram, de 70% para 75%. Maranhão destaca que, mesmo com desaceleração em economias desenvolvidas, o Brasil encontra condições favoráveis para ampliar investimentos climáticos. Contudo, a bolsa de valores, seguradoras e instituições financeiras vêm atuando como catalisadores desse movimento, em um contexto de impactos financeiros crescentes da crise climática, como enchentes no Rio Grande do Sul e perdas de safra.
Outro destaque foi a manutenção dos investimentos em capacitação de trabalhadores e modernização de equipamentos, mostrando que as empresas continuam priorizando a preparação de suas equipes para mudanças tecnológicas e operacionais.
Estabilidade sob vigilância
No plano global, 60% dos líderes empresariais apontaram a incerteza econômica como principal barreira ao crescimento. Portanto, tensões comerciais, guerras, mudanças tarifárias e reconfiguração das cadeias de suprimento continuam sendo os fatores mais relevantes para o planejamento de longo prazo.
Ainda assim, a América Latina — especialmente o Brasil — mostra resiliência. Todavia, a região mantém otimismo e visão estratégica de longo prazo, aproveitando oportunidades em meio à reorganização do comércio mundial.
“O IBR nos permite acompanhar a evolução do sentimento empresarial frente às mudanças globais. A cada edição, os resultados reforçam a importância da análise estratégica para decisões de negócio”, conclui Maranhão.
Metodologia
O International Business Report (IBR) é realizado pela Grant Thornton há mais de 30 anos. Contudo, a edição referente ao segundo trimestre de 2025 ouviu 4.083 líderes empresariais em 35 países, entre 16 de abril e 29 de maio.
Por fim, no Brasil, a pesquisa foca médias empresas de setores estratégicos, abordando crescimento, investimentos, rentabilidade, geração de empregos e práticas ESG.
Fonte: carta capital