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Tunísia sem parlamento e ministro

Presidente da Tunísia suspende atividades parlamentares e demite primeiro ministro; dia marcado por protestos

O presidente da Tunísia, Kais Saied, anunciou (25/7) a suspensão das atividades do Parlamento e a demite primeiro-ministro, Hichem Mechichi. Com isso, atribuindo-se plenos poderes executivos, em um dia de protestos contra as autoridades do país.

Saied anunciou essas medidas, então, após uma reunião de emergência no palácio presidencial de Cartago. No momento, a Tunísia enfrenta uma forte onda da covid-19 e uma profunda crise política que paralisa o país há meses. A notícia foi recebida, portanto, com buzinaço na capital, Túnis, após as manifestações de domingo em várias cidades, nas quais pediram a “dissolução do Parlamento”.

Sem parlamento, executivo com “a ajuda do governo”

O presidente anunciou que assumirá o poder executivo com “a ajuda do governo”. Disse, ainda, que nomeará um novo primeiro-ministro. Além disso, ele suspendeu a imunidade parlamentar dos deputados.

A medida foi condenada pelo partido governista, Ennahda, de orientação islamita. O partido, portanto, qualificou de “um golpe de Estado contra a revolução”.”O que Kais Saied está fazendo é um golpe de Estado contra a revolução e a Constituição. E os membros do Ennahda e o povo da Tunísia defenderão a revolução”, manifestou-se o partido, primeiramente, em um comunicado publicado em sua página no Facebook.

“Finalmente chegaram as boas decisões! Finalmente se livraram dos principais males da Tunísia: o Parlamento e Mechichi”, exclamou um homem identificado como Maher no noroeste da capital.

As comemorações, assim, ocorreram horas depois de milhares de tunisianos protestarem no domingo contra a classe política, especialmente contra o Ennahda, partido majoritário no Parlamento, mas confrontado com o presidente.”Vamos mudar de regime” ou “O povo quer a dissolução do Parlamento” foram algumas das principais proclamações nos protestos, marcados por muitas críticas ao primeiro-ministro Mechichi.

A opinião pública tunisiana se mostra incomodada com os conflitos entre partidos no Parlamento. E, sobretudo, a queda de braço entre o chefe do Legislativo, Rached Ghannouchi, líder do Ennahdha, e o presidente Saied, que paralisou os poderes públicos.

A população também reivindica a falta de resposta do governo à crise sanitária, que deixou a Tunísia sem abastecimento de oxigênio.Com cerca de 18.000 mortos neste país as 12 milhões de habitantes, a Tunísia apresenta uma das piores taxas de mortalidade no mundo por covid-19.