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O segmento é o terceiro maior no país já há dois anos, atrás apenas dos SUVs e hatches, e está cada vez mais perto do segundo lugar

Qual a influência do agronegócio no mercado de picape de luxo

Em fevereiro, 14 meses após as 100 primeiras unidades da Ram 1500 Rebel se esgotarem em 18 horas

Com 6 metros de comprimento, 2 de altura e um descomunal motor de 6,7 litros de 377 cavalos de potência e 117 quilograma-força metro de torque, a picape de luxo, Ram 3500 Longhorn é a parceira de Anderson Gorgen na rotina do agronegócio em Balsas, no Maranhão.

“Eu tinha uma Toyota Hilux, que era a caminhonete que melhor atendia o setor. Isso até eu descobrir a Ram”, compara o fazendeiro de 35 anos, que está em seu terceiro exemplar da marca e elege os patamares superiores de segurança e conforto do modelo importado de Saltillo, no México. Como decisores na hora de saltar de uma picape média para uma grande. “Quem trabalha no agronegócio viaja muitas horas por estradas ruins. Já precisei até dormir dentro do carro, que virou uma extensão da minha casa”, explica.

Assim, Gorgen encara os R$ 534.990 pedidos pela 3500 Longhorn como investimento nos negócios. “Encontrar um cliente chegando com essa picape é um diferencial. Ele te recebe melhor por você estar dirigindo algo tão diferente e exclusivo. Fora que hoje faço parte de uma comunidade de entusiastas da marca que também viraram clientes”, justifica o produtor de soja, milho e sorgo. Que usa o carrão de cowboy para se deslocar entre suas quatro fazendas no Maranhão e duas no Piauí. Às vezes, se vale dos 1.628 litros de volume da caçamba para carregar pneus e combustível.

Agronegócio e a Ram

Aliás, terceiro produto na prateleira da empresa, a 3500 foi lançada em 2022, inserida no plano de expansão da Ram iniciado dois anos antes.

“Até 2020, quando oferecíamos somente a 2500, o agronegócio gerava cerca de 85% do nosso movimento. De lá para cá estamos ampliando paulatinamente nosso raio de alcance e chegando a um público mais urbano. Mas o universo agro continua sendo fundamental para a Ram, como se vê na participação atual do setor nas nossas vendas, estimada entre 70% e 80%”. Contextualiza Breno Kamei, vice-presidente da Ram para a América do Sul.

Você pode não ter notado, mas a marca norte-americana está por aqui, solitária no segmento, desde 2012. No entanto, a fama só veio em 2021, com a chegada da 1500 Rebel e, na sequência, da Classic.

Porteira aberta

O sucesso da Ram, claro, sacudiu a concorrência. Assim em fevereiro, 14 meses após as 100 primeiras unidades da Ram 1500 Rebel se esgotarem em 18 horas, a Ford lançou no mercado nacional a F-150, simplesmente o veículo mais vendido do mercado norte-americano há 41 anos e líder do seu segmento por 46. Novamente, o poder agronegócio foi determinante para a importação de uma picape quase impraticável nas cidades.

Marcel Bueno, diretor de Marketing da Ford América do Sul, revela que a empresa não analisou apenas a indústria automotiva, mas também o desempenho do agronegócio na economia. De acordo com dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o Produto Interno Bruto (PIB) do setor teve uma expansão recorde de 24,31% em 2020, ampliando para 26,6% sua participação no PIB total do país.

Não por acaso, a região Centro-Oeste epicentro do agronegócio brasileiro responde por 34% das vendas da maior picape da Ford. “E não é apenas o fazendeiro que compra a F-150, mas o dentista, o médico e o advogado daquela região”, conta Bueno. O Sudeste (especialmente as cidades do interior) responde por 26% dos emplacamentos da bruta, seguido por Sul (22%), Norte (10%) e Nordeste (9%). Portanto, o perfil do cliente, ainda de acordo com Bueno, é demarcado por homens com mais de 50 anos, empresários de classe alta e com mais de três carros na garagem.

 Flexibilidade e tranquilidade ao consumidor

Para atender esse cliente, a Ford solicitou à matriz uma mudança particular na F-150. “Geralmente as fazendas ficam a longas distâncias uma das outras. Por isso optamos pelo tanque de 136 litros, que entrega mais flexibilidade e tranquilidade ao consumidor, mesmo com um motor 5.0 V8 de 405 cv”, explica Bueno.

Última a despertar foi a Chevrolet, que lançou a pré-venda da Silverado em 26 de agosto, não por acaso o mesmo dia da abertura da Expointer, feira agropecuária realizada em Esteio (RS) onde a picape foi exibida publicamente pela primeira vez. “A categoria de picapes premium despontou impulsionada pela importância do agronegócio”. Avalia Santiago Chamorro, presidente da GM América do Sul.

Todas as 500 unidades do primeiro lote (já esgotado) vieram na versão topo de linha High Country e  comercializadas por R$ 519.990. Assim como as rivais, tem motor V8, no caso um 5.3 acoplado a um câmbio automático de dez marchas.

Agronegócio: Picape de luxo em alta

Contudo, não só de modelos gigantes e requintados vive o mercado. “As vendas de picapes estão crescendo de maneira forte e consistente desde 2020. Portanto, o segmento é o terceiro maior no país já há dois anos, atrás apenas dos SUVs e hatches, e está cada vez mais perto do segundo lugar, o que pode ocorrer já no ano que vem, devido ao número de lançamentos dessa categoria”, prevê Kamei.

Assim, tal cenário encorajou a Ram a semear novas terras, como o filão das médio-compactas. Lançamento mundial e primeiro produto lançado pela marca a ser desenvolvido no Brasil, a Rampage acumula 5 mil pedidos  e obriga a planta de Goiana (PE), a elevar sua capacidade de produção. E se a Rampage vem com três versões  uma delas autenticamente esportiva, a Ford contra-ataca com a Maverick Hydrid, primeira picape híbrida do mercado.

E para Juliano Machado, diretor de Marketing de Produto da Ram para a América do Sul, há espaço para novos produtos: “o proprietário rural era um milionário antes de 2020. Hoje ele é um bilionário. E ele ainda não consegue comprar o que quer. Ele pode comprar muito mais”.

Fonte: forbesBr