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Foi constatado que indivíduos que adotaram esse tipo de regime alcançaram a remissão completa do diabetes tipo 2 por pelo menos um ano

Ciência investiga os benefícios e cuidados com o jejum intermitente

Os hábitos alimentares estão por trás dos tipos mais comuns de tumores, principalmente gastrointestinais, de mama ou próstata

O jejum intermitente, que consiste em alternar períodos sem comer e se alimentando, é conhecido e praticado principalmente entre as pessoas que almejam perder peso. Porém, pesquisas recentes têm demonstrado outros benefícios desse tipo de dieta: ela também pode ajudar a evitar e a reduzir impactos de doenças como diabetes, câncer e até a covid-19.

Sendo assim, no mais recente estudo, divulgado, na última quarta-feira, no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, foi constatado que indivíduos que adotaram esse tipo de regime alcançaram a remissão completa do diabetes tipo 2 por pelo menos um ano após interromper a medicação para a doença metabólica.

Depois do período, cerca de 90% reduziram a ingestão de remédios prescritos para tratar a doença. Além disso, 55% tiveram remissão do diabetes — quando ele fica sob controle sem o uso da medicação. Para os autores, as respostas obtidas desafiam a visão convencional de que essa condição só pode ser alcançada nos casos em que a doença é mais recente, quando diagnosticada há até seis anos. Na pesquisa, 65% dos participantes que alcançaram a remissão do diabetes tinham mais de seis anos de diagnóstico.

Jejum Intermitente

“Os medicamentos de diabetes são caros e uma barreira para muitos pacientes que estão tentando controlá-lo com eficácia. Nosso estudo viu os custos com medicamentos diminuírem em 77% em pessoas com diabetes após o jejum intermitente”, detalha o autor da pesquisa, Dongbo Liu, da Hunan Agricultural University in Changsha, na China.

Médico pós-graduando em nutrologia, Hugo Gatto pondera que a remissão da doença pode não ser duradoura. “Levando em consideração que esse tipo de jejum não assegura o estilo de vida do paciente como um todo. Ele não pode garantir a remissão permanente da diabetes tipo 2”, justifica.

A endocrinologista da Michigan Medicine Amy Rothberg sugere que a abordagem experimental seja feita com outras populações usando alimentos culturalmente. Adaptados para os cinco dias de restrição calórica mais agressiva. “Outro estudo deve ser feito em uma população maior e mais diversificada antes de defender essa abordagem para a população em geral com o diabetes tipo 2”, indica.

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Câncer

Pesquisadores do Centro Nacional de Investigações Oncológicas (CNIO), na Espanha, também apresentaram resultados de um estudo com jejum intermitente que foge dos padrões. De acordo com o artigo, apresentado em um congresso sobre dieta e câncer do CNIO, os hábitos alimentares estão por trás dos tipos mais comuns de tumores. Principalmente gastrointestinais, de mama ou próstata.

Eles propõem uma “mudança de paradigma” para enfrentar esses tumores. “Atuar na nutrição não apenas para prevenir o câncer, mas como uma intervenção terapêutica. Não se trata de curar a doença através da dieta, mas de complementar o tratamento com estratégias nutricionais precisas”, diz, em nota, Marcos Malumes e Nabil Djouder, autores do estudo.

Valter Longo, do Instituto de Oncologia Molecular da Itália e também autor da pesquisa. Explica que eles conseguiram esclarecer o que acontece nas células durante o jejum e por que isso pode ajudar a interromper os tumores. “As células tumorais não sabem como parar seu ciclo, elas estão funcionando continuamente. Já as saudáveis, se você corta o fornecimento de energia, elas param automaticamente todos os processos de divisão”, assinala.

Dessa forma, como a quimioterapia voltada principalmente para as células em proliferação, se administrada em jejum, sua toxicidade afetará principalmente as células tumorais. Assim, podendo até aumentar a dose da quimioterapia, melhorando o resultado do tratamento do câncer.

Fonte: correiobraziliense