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SB COP apresenta diretrizes para orientar debates da conferência do clima, a COP30, marcada para novembro, em Belém (PA) Foto: CNI

Setor privado global entrega recomendações à presidência da COP30

Presidente da SB COP entrega documento com diretrizes para debates da COP30

O setor privado global, na figura da SB COP, entregou (5) ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, um documento com propostas e diretrizes a fim de orientar os debates da conferência do clima, que está marcada para novembro, em Belém (PA).

A entrega foi feita por Ricardo Mussa, presidente da SB COP (Sustainable Business COP), iniciativa que reúne empresas de 42 países. Juntas, essas companhias representam 77% do PIB global e empregam 74 milhões de pessoas.

“Este é um marco importante. O setor privado apresenta, com antecedência, suas prioridades para a agenda climática”, afirmou Mussa à CNN.

Ele destacou, entretanto, que o documento é apenas o ponto de partida. “Ainda teremos muita discussão até a COP. Nosso foco será mostrar exemplos reais de projetos bem-sucedidos pelo mundo. Esta será a COP da ação, e a SB COP vai contribuir com pragmatismo e soluções concretas.”

O texto entregue pela SB COP traz cinco diretrizes centrais

  1. Acelerar a transição energética para limitar o aquecimento global a 1,5°C até 2050;
  2. Promover apoio financeiro para alinhar crescimento econômico à agenda climática;
  3. Garantir uma transição justa com acesso à energia, bem como ao saneamento sustentável;
  4. Reforçar cadeias de produção e consumo sustentáveis com foco em circularidade e bioeconomia;
  5. Ampliar a cooperação global com regras comuns para mercados de carbono e bioeconomia.

Prioridades de oito grupos temáticos da SB COP

1- Transição Energética

Dobrar a eficiência energética global com incentivos e regulações.

Triplicar a capacidade de energia renovável até 2030, garantindo confiabilidade da rede e armazenamento como resultado.

Fomentar combustíveis sustentáveis com pesquisa e regulamentação.

2- Economia Circular e Materiais

Inserir métricas circulares nas cadeias de suprimentos e assim, incentivar reciclagem.

Incentivar o uso sustentável de materiais com P&D e ecodesign.

Criar uma taxonomia global e dessa forma, estimular o uso de materiais pós-consumo.

Promover educação bem como capacitação para mudanças de comportamento.

3- Bioeconomia

Alinhar metas climáticas, de biodiversidade e por fim, de uso da terra.

Tornar a bioeconomia central na COP, com mobilização de financiamento e soluções escaláveis.

4- Sistemas Alimentares

Expandir práticas de baixo carbono contando, portanto, com apoio técnico e financiamento.

Assegurar transição justa para agricultores, com métricas padronizadas e acesso a crédito.

5- Soluções baseadas na Natureza (SbN)

Integrar as SbN aos mercados regulados de carbono, acima de tudo com critérios científicos.

Uniformizar formas de medir impacto e considerar contextos regionais.

Promover as SbN como ferramentas-chave para atingir o “net zero”.

6- Cidades Sustentáveis

Universalizar acesso a água, bem como ao saneamento e energia com infraestrutura de emissão zero.

Ampliar mobilidade urbana sustentável e logística de baixo carbono.

Enfrentar o déficit habitacional com construções sustentáveis e soluções baseadas na natureza.

7- Financiamento e Investimentos

Reduzir barreiras ao capital em países em desenvolvimento com instrumentos financeiros adaptados.

Integrar mercados de carbono com transparência e interoperabilidade.

Atrair investimentos para setores de difícil descarbonização.

8- Empregos e Competências Verdes

Financiar a transição justa com metas claras de empregabilidade e qualificação.

Integrar trabalhadores informais, validando e desenvolvendo habilidades.

Formar uma nova força de trabalho resiliente, com currículos voltados à economia verde.

Influenciar no debate

Inspirada no modelo do B20, braço empresarial do G20, a SB COP busca, portanto, influenciar as discussões na “blue zone”, onde, consequentemente, ocorrem as negociações oficiais entre mais de 200 países. Além das recomendações, o grupo também seleciona 50 projetos sustentáveis de empresas, a fim de apresentar na conferência.

Assim, a ideia é mostrar que o setor privado já possui soluções concretas para os desafios climáticos, enquanto a lista será divulgada em agosto. Ademais, a SB COP pretende ainda lançar um projeto com impacto e visibilidade internacional durante a COP30, de modo a ampliar sua influência.

Por outro lado, lideranças empresariais consultadas pela CNN avaliam que o cenário internacional é especialmente favorável à maior participação do setor privado, já que, entre os fatores, destacam-se a formação de uma aliança entre empresas e governos contra o negacionismo climático, simbolizado por autoridades como Donald Trump, bem como o engajamento da presidência brasileira da COP, que tem convidado diretamente o setor empresarial para participar da construção de soluções.

Além disso, outro aspecto relevante é o contexto da COP30 em Belém, que deve contar com forte mobilização de ONGs e movimentos sociais, como mostrou a CNN em março. Por isso, esse ambiente aumenta a pressão sobre o setor privado para que se posicione com propostas concretas e comprometidas com a agenda ambiental.

Fonte: cnn