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A expectativa é que grandes obras de infraestrutura apoiados por capital privado impulsionem a construção civil entre 2024 e 2025

Novos contratos de obras indicam retomada da infraestrutura

A perspectiva é de uma recuperação de um segmento prejudicando tanto pela crise econômica entre 2015 e 2016

O setor de construção pesada, voltado à realização de obras de infraestrutura, deve ajudar a construção civil a manter um processo de crescimento iniciado em 2020, segundo especialistas.

Em meio a uma alta de contratos apoiada por uma série de concessões e marcos regulatórios para a área, a expectativa é que o setor substitua a área de habitação e vire o grande motor na construção civil, em especial nos anos de 2024 e 2025, segundo José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).

Com isso, a perspectiva é de uma recuperação de um segmento prejudicando tanto pela crise econômica entre 2015 e 2016 quanto por paralisações ligadas à Operação Lava Jato, em que grandes empresas do setor foram atingidas por investigações e acusações em torno de práticas ilegais de corrupção em contratos.

Ajuda da iniciativa privada

Exemplo do movimento de recuperação no setor de infraestrutura, a empresa Azevedo e Travassos firmou nos sete primeiros meses de 2022 cerca de R$ 1 bilhão em contratos.

Do total, metade é voltada para a área de infraestrutura. Sendo assim, a outra metade, para o setor de óleo e gás, segundo o diretor financeiro da empresa, Leonardo Martins. Portanto, é um cenário diferente do dos últimos anos. Em 2019, o faturamento da empresa foi de R$ 3 milhões, passando para R$ 27 milhões em 2020 e R$ 78 milhões em 2021. Além disso, o foco da empresa tem sido a “prospecção de clientes privados no setor de infraestrutura”.

Apesar da empresa não ter sido investigada na Operação Lava Jato, o diretor afirma que as consequências das investigações sentidas. “De 2016 para 2019 o mercado de infraestrutura parou, ninguém investiu em nada. Dessa forma, as investigações atingiram as grandes empresas, que paralisaram tudo, e os contratos com as empresas menores cancelados. A Petrobras por exemplo cancelou um contrato conosco para 2017 de R$ 1 bilhão”, relata.

Com isso, o faturamento da empresa de R$ 600 milhões em 2016 caiu para os R$ 3 milhões do ano seguinte. Entretanto, o diretor vê agora uma recuperação do setor após um período “bem ruim”.

“ De fato, temos uma perspectiva favorável nos próximos anos pelo foco em infraestrutura privada. Hoje conversamos com todos os clientes nas verticais do setor”, diz. A expectativa da empresa é firmar mais alguns bilhões em contratos para infraestrutura ainda em 2022.

Obras de Infraestrutura no país

Um estudo anual da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) publicado em dezembro de 2021 estima que que os setores de transporte e saneamento devem receber cerca de R$ 160 bilhões em investimentos até 2026, considerando iniciativas de concessão e parcerias público-privada (PPPs) federais, estaduais e municipais.

A associação afirma que o novo marco regulatório do setor de saneamento, aprovado em 2020, permitiu um “importante incremento da participação privada, com perspectivas de investimentos da ordem de R$ 60 bilhões em projetos”. A expectativa de investimentos entre 2022 e 2026 é de R$ 35,8 bilhões. Já cerca de R$ 124 bilhões ligados a projetos de transportes e logística.

Em 2021, foram 60 leilões pelo governo federal, com expectativa de investimentos de R$ 334 bilhões e arrecadação de R$ 51 bilhões em outorgas e bônus, envolvendo portos, aeroportos, energia, telecomunicações, ferrovias e rodovias.

Para 2022, o Ministério de Infraestrutura espera ainda realizar leilões de concessão de 15 aeroportos, incluindo o de Congonhas, em São Paulo. Aliás, neste ano, é expectativa é conceder 50 ativos, com R$ 165 bilhões em investimentos previstos.

No entanto, a expectativa é que grandes obras de infraestrutura apoiados por capital privado impulsionem a construção civil entre 2024 e 2025, avalia Martins, refletindo os prazos maiores de projetos de infraestrutura.

Ele cita medidas do governo como concessões, que devem levar a projetos de estradas, aeroportos, portos e ferrovias. Apoiados por capital estrangeiro e realizados por empresas mais estruturadas no setor.

Segundo Martins, um único projeto, como da rodovia Dutra, já deve superar todo o investimento público em infraestrutura no ano.

Desse modo, a expectativa é de uma reversão na construção civil nos próximos anos, com a construção pesada gerando mais empregos que a habitação. Bem como, mantendo um crescimento do PIB do setor.