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Nem mesmo a inflação nos EUA em linha com o esperado, que faz o dólar subir lá fora, valoriza a divisa ante o real, e assim, houve a maior queda mensal desde março de 2022. - Foto: Arquivo/ unsplash.

Dólar inverte e cai; moeda deve registrar a maior queda mensal em quase 3 anos

Nem mesmo a inflação nos EUA em linha com o esperado, que faz o dólar subir lá fora, valoriza a divisa ante o real, e assim, houve a maior queda mensal desde março de 2022

dólar abriu em alta, mas pouco depois passou a cair, caminhando para registrar a 10º queda consecutiva na sessão de hoje, e a maior queda mensal desde março de 2022, quando caiu 7,70%. O mercado continua cético com relação a imposição de tarifas a outros países pelo presidente americano Donald Trump, que poderia valorizar a moeda globalmente. Nem mesmo a inflação nos EUA em linha com o esperado deu força ao dólar ante o real.

Às 13h52 a moeda americana recuava 0,33% a R$ 5,83, mas nas mínimas da sessão chegou a R$ 5,81. A divisa acumula queda de 5,63% no mês. Lá fora, o dólar estava praticamente estável contra moedas de outros países desenvolvidos, enquanto caía 0,27% contra o peso mexicano e subia 0,52% contra o rand sul-africano, moedas consideradas semelhantes ao real.

Efeito local

Para Alexandre Viotto diretor de mesa de câmbio da EQI Investimentoso movimento de câmbio hoje é basicamente um efeito local. “Ontem tivemos a entrevista coletiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que caiu muito bem aos ouvidos do mercado. Ele não teve nenhum rompante de falar de mais gastos públicos, de impactar fiscal, e falou de sua preocupação com os números do governo”.

Em dia de formação da taxa de referência para o câmbio no próximo mês, a PTAX, deveria haver uma força de alta, o que não ocorreu, observa Viotto. “É um cenário mais tranquilo para os investidores, sem notícia ruim aqui no Brasil e o Congresso em recesso”.

Nesta manhã, foi divulgado o indicador de inflação nos EUA preferido do banco central americano (Federal Reserve, o Fed), o PCE. O indicador veio em linha com o esperado pelos analistas. O dólar passou a subir lá fora, mas a cotação da moeda não mudou ante o real.O índice registrou alta de 0,3% em dezembro e avanço frente a novembro, quando subiu 0,1%. O resultado ficou em linha com as expectativas dos analistas. Na base anual, o PCE subiu 2,6%, acelerando em relação a novembro, quando havia avançado 2,4%.

Inflação em 12 meses permanece estagnada em nível acima da meta

Para Andressa Durão, economista da ASAo PCE confirma mais um dado benigno, com a média móvel anualizada do núcleo da inflação voltando a ficar próxima de 2%, meta do banco central americano (Federal Reserve, o Fed). Contudo, a inflação em 12 meses permanece estagnada em nível acima da meta, o que deve manter o Fed cauteloso. “Diante dos riscos de alta relacionados à inflação, esperamos que o Fed mantenha os juros parados nas próximas duas decisões.*

Apesar de o presidente americano Donald Trump ter anunciado (30) que, em 1º de fevereiro, neste sábado, vai “impor tarifas de 25% sobre o Canadá e o México por vários motivos“, citando imigração e déficits comerciais, os analistas do banco Goldman Sachs continuam acreditando que uma taxa geral desse porte é improvável, embora os comentários aumentem o risco.

“Acreditamos que as tarifas sugeridas têm o objetivo de levar a uma política negociada sobre imigração e controle de fronteiras. Observamos comentários feitos um dia antes no Comitê de Comércio do Senado por Howard Lutnick, indicado para ser Secretário de Comércio: “a questão de curto prazo é a imigração ilegal… então, esse modelo de tarifa é simplesmente para fechar suas fronteiras… para criar ação por parte do México e do Canadá, e pelo que sei, ambos os países estão agindo rapidamente e, se executarem, não haverá tarifa, e se não o fizerem, haverá.”

Tarifas relacionadas à China

Em relação às tarifas relacionadas à China, afirmou: “Também estou pensando em algo porque eles estão enviando fentanil para o nosso país… então a China também acabará pagando uma tarifa por isso, e estamos nesse processo… vamos decidir o que será”Embora esses comentários sejam semelhantes aos feitos na última semana, parecem um pouco mais definitivos em relação ao Canadá e ao México. E, foram feitos muito próximos ao prazo estipulado, deixando pouco tempo para mudanças de curso, conclui o Goldman Sachs.

O dólar caiu (30) pela nona vez seguida, é a maior sequência em sete anos e meio e encerrou o dia cotado a R$ 5,85, tendo assim, a maior queda mensal desde 2022. Exportadores impulsionaram a venda de dólares, contribuindo para a queda da taxa de câmbio, aponta Elson Gusmão, diretor de câmbio da corretora Ourominas. Enfim, em entrevista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que cortes de gastos só em último caso em 2025. “Se depender de mim, não tem”, afirmou. O governo também divulgou que a meta do arcabouço fiscal de 2024 foi cumprida.

Fonte: valor investe