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A Câmara dos Deputados aprovou a transferência de R$ 8,5 bilhões de dinheiro “esquecido” em contas bancárias para os cofres públicos. Foto: ilustrativa

Uso de dinheiro esquecido em bancos pode dar ao governo até R$ 8,5 bi

Medida aprovada pelo Congresso faz parte de iniciativas para compensação financeira da desoneração da folha; oposição criticou “confisco” de recursos de cidadãos

A Câmara dos Deputados aprovou o projeto que determina alternativas para compensar as perdas fiscais geradas pela desoneração da folha de pagamentos até 2027 e entre as propostas aprovadas, está a transferência de R$ 8,5 bilhões de dinheiro “esquecido” em contas bancárias para os cofres públicos.

O projeto já passou pelo Senado e encaminhado para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Caso Lula sancione o texto integralmente, as regras começam a valer. Se o presidente decidir vetar algum trecho, caberá ao Congresso acatar ou rejeitar o veto.

De acordo com o texto aprovado, titulares de contas bancárias sem movimentação terão até 30 dias após a publicação da lei para pedir o resgate dos valores. Os saldos esquecidos passarão ao domínio da União e serão apropriados pelo Tesouro Nacional.

Quando os valores destinados aos cofres públicos, o Ministério da Fazenda deverá publicar no Diário Oficial da União (DOU) um edital com informações sobre os valores recolhidos, as instituições depositárias, a agência e a natureza e o número da conta do depósito.

Dinheiro esquecido bilhões

Além disso, pasta deverá estipular prazo de 30 dias para que os titulares contestem o recolhimento dos valores.

O titular que tiver contestação recusada poderá entrar com recurso junto ao Conselho Monetário Nacional (CMN), no prazo de dez dias. Além disso, há possibilidade de requerer judicialmente o reconhecimento de direito aos depósitos. O prazo para acionar a Justiça é de seis meses.

Segundo o projeto, os recursos poderão reclamados junto aos bancos até 31 de dezembro de 2027.

Oposição cita confisco

Durante a votação do projeto, o líder da oposição na Casa, deputado Filipe Barros (PL-PR), chamou a medida de “confisco”. A crítica foi uma das razões para o movimento de obstrução que atrasou a votação.

“Atenção, povo brasileiro: o último projeto da pauta de hoje estabelece o confisco. O governo, além de aumentar impostos descaradamente, quer confiscar o dinheiro dos depósitos judiciais. Por essa razão e por outras, nós estamos em obstrução”, anunciou o deputado na quarta-feira, quando o texto começou.

No plenário, a deputada Adriana Ventura (Novo-SP) também divulgou o site do Banco Central (BC) para a consulta do saldo remanescente.

“Estão colocando a mão, de novo, no bolso do cidadão brasileiro. Há saldo ali, é do cidadão. Isso não dá o direito ao governo de meter a mão nesse dinheiro”, disse.

O relator do texto e líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), defendeu a medida para viabilizar a desoneração em 2024.

“É melhor que esses recursos esquecidos fiquem empossados pelo Tesouro do que pelos bancos privados, para servir de especulação para eles ganharem dinheiro à custa daquelas pessoas que têm esses depósitos”, declarou.

Por causa da obstrução do partido Novo e do PL, a votação se estendeu até a madrugada de quinta-feira, mas, sem quórum, foi interrompida e retomada em outra sessão pela manhã.

Fonte: cnn