Segundo os cientistas, a combinação de painéis solares e cultivos agrícolas pode aumentar a produtividade da terra em até 60%
Uma revisão de estudos científicos feita por pesquisadores da Texas A&M AgriLife está reunindo o conhecimento já produzido sobre o sistema agrovoltaico para compreender seu potencial, assim o sistema une a geração de energia limpa com o uso de painéis solares, aliada à produção de alimentos.
Essa estratégia pode tornar uma solução viável para atender a grande demanda por energia no Texas, Estados Unidos. Apesar de o estado ser reconhecido como um dos maiores geradores de eletricidade devido aos seus recursos energéticos renováveis e combustíveis fósseis, sua população está crescendo e, consequentemente, aumentando o consumo.
O artigo realizado pelos cientistas teve publicação na revista Science Direct.
O que é o sistema agrovoltaico e por que usar?
Se o Texas precisa de energia, por que não aumentar a quantidade de painéis solares no estado, por exemplo? Bom, a resposta é simples: o equipamento usado para gerar energia solar ocupa a mesma terra em que se planta e acaba prejudicando o meio ambiente. Nuria Gomez-Casanovas, Ph.D e professora assistente da Faculdade de Agricultura e Ciências da Vida do Texas A&M, explicou em detalhes as consequências citadas para o Tech Xplore:
“Em um sistema fotovoltaico [energia solar], a vegetação frequentemente removida ou mantida baixa sob os painéis solares, o que pode resultar na perda de biodiversidade associada à conversão e desmatamento de terras. Bem como no aumento das temperaturas locais devido, conhecido como efeito de ilha de calor fotovoltaico.”
É por isso que o sistema agrovoltaico parece ser é uma abordagem mais adequada, já que combina agricultura e geração de energia solar. Na prática, o sistema funciona assim:
- Os painéis instalados em estruturas elevadas sobre a área agrícola.
- Essas estruturas podem ser suportes fixos ou seguidores solares que acompanham o movimento do sol durante o dia.
- Os painéis posicionados de forma a garantir que a luz solar alcance as culturas plantadas abaixo. Isso é feito ajustando a altura e o espaçamento entre os painéis para que as plantas recebam a quantidade necessária de luz solar.
- Entre os painéis solares, tem cultivos de plantações de culturas agrícolas, como vegetais, grãos ou até mesmo pastagens para o gado.
Os benefícios do sistema agrovoltaico para energia e alimentos
- O sistema agrovoltaico otimiza o uso da terra ao permitir que painéis solares e atividades agrícolas coexistam na mesma área.
- Segundo os cientistas, a combinação de painéis solares e cultivos agrícolas pode aumentar a produtividade da terra em até 60% em comparação com o cultivo de uma única cultura agrícola ou com a instalação de painéis solares separadamente.
- A sombra dos painéis solares reduz a evaporação da água do solo, economizando água de irrigação, o que é benéfico em áreas propensas a secas.
- Enquanto isso, a vegetação sob os painéis solares ajuda a reduzir o “efeito de ilha de calor fotovoltaico” local, mitigando o aumento das temperaturas.
- O processo mostrou ainda que transição de áreas agrícolas com baixo teor de carbono no solo para sistemas agrovoltaicos pode promover o sequestro de carbono, desde que feita a seleção adequada de plantas, tipos de solo e práticas agrícolas.
- Além disso, a gestão estratégica da vegetação sob os painéis, como o plantio de espécies amigas dos agentes polinizadores, pode promover a biodiversidade.
Desafios
Para implementar um sistema agrovoltaico, os produtores têm que pensar bem nos altos custos iniciais, na grande infraestrutura para o armazenamento e transmissão de energia, na necessidade de otimizar a seleção de culturas e configuração dos painéis solares. Bem como na gestão dos riscos de produção.
“Espera-se que a rentabilidade dos sistemas agrovoltaicos desempenhe um papel importante nas decisões dos agricultores de adotar o sistema. Do ponto de vista do produtor, há muitas questões que precisam ser respondidas.” Diz, Gomez-Casanovas, ao Tech Xplore.
Fonte: olhardigital
