Embora existam fatores fisiológicos envolvidos, a dependência muitas vezes é psíquica
A Organização Mundial da Saúde chega a classificar o alcoolismo como uma doença psiquiátrica, que apresenta componentes físicos e mentais. Isso significa que, embora existam fatores fisiológicos envolvidos, a dependência muitas vezes é psíquica. Quais são os sintomas de alcoolismo e quando indicam que é o momento de buscar ajuda?
Contudo, para identificar os sintomas do alcoolismo é necessário analisar o quadro geral, e não apenas um episódio isolado. Veja alguns indícios que indicam que é hora de procurar ajuda:
Um dos primeiros sintomas do alcoolismo: necessidade de beber a qualquer momento
A bebida alcoólica é uma substância química que causa alterações no organismo de quem a consome. Ela atua, dessa maneira, no sistema nervoso central do indivíduo. Promove, enfim, as sensações de prazer, euforia e entorpecimento.
Essas sensações, portanto, podem facilmente fazer com que um indivíduo se torne dependente. Uma pessoa que abusa do álcool e procura beber em qualquer ocasião devido à necessidade de manter os efeitos dessas substâncias.
Além disso, à medida que o consumo dessa substância aumenta, a tendência é que o indivíduo se torne mais resistente aos efeitos do álcool e tenha de beber cada vez mais para alcançar as sensações desejadas.
Algumas pessoas chegam a trocar as refeições pela bebida, o que oferece um grande risco à saúde.
Fadiga e dificuldade de raciocínio, um dos segundos sintomas do alcoolismo
Por atuar no sistema nervoso do indivíduo, é comum o álcool afetar sua capacidade cognitiva.
Entre as drogas psicoativas ou psicotrópicas, ele é classificado como um depressor. Assim, seu consumo causa sonolência e sensação de relaxamento.
No longo prazo, o abuso do álcool pode provocar cansaço físico e dificuldade de raciocínio. Confusão mental e até alucinações podem, igualmente, ocorrer em casos mais graves.
Esses sintomas tendem a ficar mais intensos à medida que a pessoa desenvolve tolerância a essa substância e precisa consumi-la cada vez mais para obter as sensações desejadas.
Distúrbios alimentares ou do sono
O desejo de consumir bebida alcoólica pode inibir a vontade de se alimentar e causar problemas relacionados à alimentação como a anorexia ou bulimia alcoólicas. Nesses casos, a pessoa deixa de se alimentar intencionalmente e pode induzir-se ao vômito ou purgação (com o uso de laxantes, por exemplo).
Além disso, o álcool costuma retardar o sono de um indivíduo, causando distúrbios como insônia, sonambulismo e até problemas respiratórios, como a apneia do sono.
Alterações no metabolismo
O álcool é uma substância rapidamente absorvida pelo organismo após o consumo. Passado o efeito imediato de prazer e euforia, ele pode causar dor de cabeça, náusea e vômito, a chamada ressaca.
O consumo em excesso dessa substância pode prejudicar o funcionamento dos órgãos que trabalham para processar essa substância. Assim, fígado, pâncreas e rins costumam ser os mais afetados pelo abuso do álcool.
Além disso, a falta de bebida alcoólica pode causar a síndrome de abstinência. Ela ocorre quando a concentração de álcool no sangue diminui e costuma causar irritabilidade, taquicardia e suor em excesso (sudorese). Em casos extremos, pode provocar convulsões e até levar a óbito.
Alterações de humor
Uma pessoa sob o efeito do álcool costuma demonstrar alegria, euforia e relaxamento. Ela pode se tornar dependente dessas sensações e passar a consumir álcool em quantidades cada vez maiores para prolongar esses efeitos.
Por outro lado, quando a quantidade álcool diminui em um organismo que tem o hábito de processá-lo em grande volume, ansiedade, depressão, irritabilidade e agressividade são alguns dos sinais que podem aparecer.
Assim, torna-se necessário recorrer ao tratamento médico para reduzir gradualmente o consumo dessa substância de modo que o organismo não sofra.
O alcoolismo no Brasil
O vício do álcool é um problema com abrangência global: mais de 3 milhões de pessoas em todo o mundo morrem em consequência direta ou indireta do alcoolismo.
Porém, a cultura brasileira e certas condições presentes no país tornam as estatísticas nacionais ainda mais preocupantes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de álcool no Brasil superou a média mundial em 2016.
O relatório da entidade aponta que o brasileiro consumiu em média 8,9 litros de álcool naquele ano, já considerando a quantidade diluída da substância. Entre os 143 países avaliados, a média foi de 6,4 litros por pessoa.
Fatores que contribuem para o surgimento da dependência, estão:
- facilidade de acesso;
- associação do álcool ao ambiente social e à diversão;
- glamourização do consumo de bebidas alcoólicas;
- histórico familiar de abuso do álcool;
- contato precoce com a bebida;
- problemas de saúde mental não resolvidos.