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Crianças estão tristes, angustiadas e com medo

Pandemia: crianças e adolescentes tiveram mudança de comportamento

Pesquisa mostra que 94% das crianças ou adolescentes tiveram alguma mudança de comportamento na pandemia e 34% dos entrevistados disseram não ter comida suficiente para a família

• Pesquisa foi realizada pelo Datafolha a pedido da Fundação Lemann e do Instituto Natura, e ouviu 1.315 responsáveis por mais de 2.100 crianças e adolescentes (4 a 18 anos) matriculados na rede pública ou fora da escola, de todo o Brasil;

• Algum dos sintomas relatados são: 56% ganharam peso na pandemia; 44% se sentiram tristes e 38% tiveram medo, 34% perderam interesse pela escola;

• As meninas apresentam maiores mudanças de comportamento do que os meninos: ganharam mais peso, dormem mais, ficaram mais tristes, mais quietas, mais nervosas e com mais medo que os meninos;

• Outra mudança apontada na pesquisa se refere à rotina dos estudantes: 43% aumentaram o tempo em frente à televisão e 37% estão passando mais tempo jogando vídeo game ou no celular;

• Antes da pandemia, 81% das crianças e adolescentes costumavam fazer alguma das refeições na escola, especialmente estudantes de menor renda;

Tristes, agitados, nervosos e com medo

 Crianças e jovens mais tristes, agitados, nervosos e com medo durante a pandemia é o cenário que mostra a pesquisa Datafolha “Onde e como estão as crianças e adolescentes enquanto as escolas estão fechadas?”, encomendada pela Fundação Lemann e Instituto Natura. A pesquisa ouviu 1315 responsáveis por mais de 2.100 crianças e adolescentes (4 a 18 anos) matriculados na rede pública ou fora da escola, de todo o Brasil. Também foram entrevistados 218 com idade entre 10 e 15 anos. O levantamento foi feito entre 16 de junho e 7 de julho de 2021.
A pesquisa foi dividida em quatro dimensões a partir da visão de pais e responsáveis: 1.situação do ensino na pandemia, 2.segurança e atividades no ambiente doméstico, 3.segurança alimentar, e 4. saúde mental e comportamento. Os resultados também contemplaram respostas dos próprios jovens sobre a saudade da escola e os sonhos para o futuro.

De acordo com os pais e responsáveis, 94% das crianças ou adolescentes tiveram alguma mudança de comportamento durante a pandemia. A maioria ganhou peso no período (56%); 44% se sentiram tristes; 38% ficaram com mais medo; e 34% perderam o interesse pela escola. Entre os que ficam sozinhos em casa são mais altos os índices dos que passaram a dormir mais, ficaram mais quietos ou têm mais dificuldades para dormir.

Também é possível notar que crianças e adolescentes de famílias com menor renda sofreram mais os efeitos da pandemia em seus comportamentos: 59% das crianças e jovens com renda familiar até 2 salários-mínimos tiveram ganho de peso; 51% passaram a dormir mais; 48% ficaram mais agitados, 46% ficaram mais tristes, e 35% perderam o interesse pela escola.

Segurança alimentar

Outro impacto da pandemia é a insegurança alimentar: 34% das famílias afirmaram que a quantidade de comida foi menos que o suficiente. Nesta questão, as desigualdades aparecem na pesquisa de forma contundente. Enquanto 46% das famílias no Nordeste apontam insuficiência na quantidade de comida, no Sul esse dado cai para 18%. Entre os que relataram insuficiência de alimentos, 63% são pretos e pardos, 63% das famílias ganham até 1 salário mínimo e 66% afirmaram que alguém dentro de casa perdeu emprego ou renda na pandemia.

Assim, o Datafolha também mostrou que as refeições das crianças e adolescentes eram melhores antes da pandemia. A avaliação da alimentação como “ótima ou boa”, por parte dos responsáveis, caiu de 81% no período anterior à pandemia para 74% hoje; “regular” aumentou de 16% para 23%; e “ruim” se manteve estável em 2%.

Segurança e atividades no ambiente doméstico

Para saber onde e com quem estão as crianças e adolescentes enquanto as escolas estão fechadas, foram feitas algumas perguntas aos responsáveis relativas à rotina. 10% das crianças e jovens passam o dia na casa de outras pessoas, sendo metade destes na residência dos avós. Dos 90% que ficam na casa de seus responsáveis (pai, mãe, madrasta e/ou padrasto), 14% permanecem sozinhos no local ou apenas com irmãos, sem adultos responsáveis. A pesquisa também mostrou que a rotina de atividades em casa mudou: 37% das crianças e adolescentes estão jogando videogame ou celular com mais frequência do que antes da Covid-19 e 43% aumentaram as horas de TV.

Outro dado importante mostrou que 6% dos jovens entre 7 e 18 anos estão trabalhando, sendo maior o percentual entre os pretos (10%). Do total de jovens trabalhando, 60% começaram em 2021 e 74% são meninos. A idade média é de 16 anos, sendo que 9% têm entre 11 e 14 anos, 68% entre 15 e 17 anos e 23% têm 18 anos.

O que querem os jovens?

Além dos pais e responsáveis, a pesquisa também ouviu jovens de 10 a 15 anos para entender as suas expectativas e descobriu que 75% deles sentem falta das aulas presenciais ou de algum professor e 60% sentem falta do convívio social e dos amigos.

Outro ponto importante levantado pelas crianças e adolescentes foi o que vem daqui para a frente, pois 66% acreditam que terão o futuro muito ou um pouco prejudicado por conta da pandemia.

E não só o futuro, mas os sonhos dos jovens também foram colocados em xeque. 40% dos jovens sonhavam com profissões antes da Covid-19 e, agora, esse número caiu para 37%. Também surge uma nova variável depois da crise: 17% afirmaram que seu sonho é que a pandemia acabe .

Ensino na Pandemia

A pesquisa mostrou que 3% das crianças e adolescentes não estão matriculados na escola. Desses, 32% afirmaram não estar na escola por conta da pandemia e outros 32% afirmaram não encontrar vaga na rede pública de ensino. Além disso, 62% das crianças fora da escola têm entre 4 e 6 anos.

Sobre as atividades escolares para fazer em casa, os estudantes estão fazendo as tarefas recebidas (92%) e os responsáveis afirmam estar engajados com o processo – 89% deles disseram acompanhar as atividades feitas pelas crianças e adolescentes na escola e nas aulas on-line. 53% dos estudantes dedicam até duas horas diárias para essas tarefas.

Assim, outro dado que chama a atenção é o da diferença regional na reabertura das escolas. No geral, 34% das escolas reabriram no país, segundo os pais e responsáveis. Na região Sul, esse número sobe para 62%, enquanto na região Centro-Oeste, cai para apenas 8%. Dessa forma, o acesso à internet também se mostrou bastante desigual entre as regiões e a renda das famílias. Enquanto a média geral mostra que 54% têm banda larga em casa, nas casas com menor renda esse número é de 41%. Regionalmente, vemos que o Nordeste tem 43% de famílias com acesso à banda larga contra 68% do Sul.

Sobre a Fundação Lemann

Fundação Lemann acredita que um Brasil feito por todos e para todos é um Brasil que acredita no seu maior potencial: gente. Isso só acontece com educação de qualidade e com o apoio a pessoas que querem resolver os grandes desafios sociais do país. Nós realizamos projetos ao lado de professores, gestores escolares, secretarias de educação e governos por uma aprendizagem de qualidade. Também apoiamos centenas de talentos, lideranças e organizações que trabalham pela transformação social. Tudo para ajudar a construir um país mais justo, inclusivo e avançado.

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Foto: ONU