Além do look do dia a dia, a moda se reflete nos uniformes usados na competição. Os da delegação brasileira foram assinados pela Riachuelo. Chinelos, camiseta listrada, jaqueta bordada e uma bolsinha a tiracolo: essa é a base do look dos atletas brasileiros para a cerimônia de abertura da Olimpíada de Paris.

Bordadas a mão

Nesse sentido, as peças trazem referências de moda da França, como as listras breton e a saia midi rodada. As jaquetas jeans, por sua vez, foram bordadas, uma a uma, pelas bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, cidade situada no semiárido do Rio Grande do Norte, com bordado feito à mão. O figurino causou uma certa controvérsia nas redes, mas Cathyelle Schroeder, Diretora de Marketing e Comunicação da Riachuelo, explica a escolha:

— Nossas cores, a alegria do povo e nossa descontração, tudo isso foi o que moveu o time de estilistas da Riachuelo a criar peças que trouxessem esses aspectos. Não queríamos apenas um uniforme esportivo ou um traje excessivamente sério — comenta Cathyelle.

Na cerimônia de abertura, vamos poder acompanhar também os modelitos criados para os outros países, como os Estados Unidos, que tiveram a roupa desenhada pela grife Ralph Lauren, e a Mongólia, por exemplo, que vai apresentar um traje típico no desfile das delegações. Já o uniforme da França foi feito pela Berluti, que faz parte do conglomerado LVMH e também é patrocinador principal das Olimpíadas, com suas marcas de luxo (Louis Vuitton, Dior, Tiffany&Co.)

Enquanto isso, o uniforme dos apresentadores da Globo também vai ser repaginado. Para as mulheres, pela primeira vez não haverá salto.

— Na última, a gente ainda tinha um salto esportivo, uma anabela, estilo espadrille. Mas chega, porque as meninas não pedem e não querem — revela Carol Gama, complementando como serão as roupas que veremos na TV: — O uniforme mantém a cor azul, mas a gente foi atrás de um azul mais vivo, azul celeste, tem muita referência do Manchester City. Não vamos mais usar as peças em cáqui porque todo mundo copiou a gente. Escolhemos um tecido de malha, mais atual, e trocamos por uma parte de baixo azul marinho, que também dá mais liberdade na hora de eles viajarem. Fora isso, a gente trouxe detalhes como uma gola de uma cor diferente, um botão de pressão de outra cor… Esses detalhes acompanham o que as marcas de moda estão fazendo.

Rayssa Leal é uma menina do skate, do street, ela naturalmente já nasce com essa linguagem

Carol também aponta em quem ficar de olho para saber as tendências. Assim, na história do esporte, Serena Williams e David Bechkam, por exemplo, se destacaram como ícones fashion. Mas tem uma brasileira aí que já está sendo notada pelas grandes grifes.

— Rayssa Leal é uma menina do skate, do street, ela naturalmente já nasce com essa linguagem muito própria. A Louis Vuitton a escolheu como a primeira embaixadora brasileira. Quando uma grande marca mundial escolhe ela, entre tantas, isso é muito significativo. A Fadinha tem um recado para dar, e a grife quer se associar com esse público, ou seja, quer se rejuvenescer, se colocar no mercado do esporte.

Em meio à adrenalina das competições, quem reparar bem também vai ver um desfile de tendências, em que o estilo se encontra com a performance. A escolha do tecido, por exemplo, é mais do que essencial:

— Não dá para falar de moda esportiva sem falar de matéria-prima. A história da moda com o esporte começa lá atrás, quando começaram a procurar tecidos que se adaptassem melhor ao suor. O tactel, um tecido tecnológico, traz performance também. A malha e o nylon também são bem interessantes.

Veja fotos de famosas usando o estilo esportivo

— As camisas de time deixaram de ser usadas apenas para torcer. Hoje em dia, dá para vestir uma dessas para ir ao shopping, ao cinema, a restaurantes… São muitas quebras de paradigmas, e o que populariza é a rua. Uma hora as pessoas deixam de estranhar e se apropriam da tendência. Além disso, tem os recortes, listras, as cores vibrantes, o neon, as camisas polo, que são uma referência entre tenistas. E assim exemplifica a figurinista, que continua: — Um tênis que está muito em alta é o adidas samba, inspirado numa chuteira. A marca bebeu na fonte do campo e transformou esses tênis em calçados para usar na rua. Dessa forma, tem a calça de listras, os botões de pressão, as jaquetas bombers, que parecem de universidade americana… Também é importante prestar atenção nos zíperes, aqueles mais tratorados e aparentes.

— Gosto muito de basquete e curto a maneira como os jogadores se vestem. Outro esporte que aprecio é o futebol. Então, de alguma maneira, eu trago isso para minha vida na hora de me vestir. O tênis faz parte da minha vida mesmo. Uso em 99,9% das ocasiões. Nesse sentido, outro exemplo é a calça de cintura baixa, um estilo do skate, que eu acho bonito — diz a apresentadora do “Esporte espetacular”.

De um tempo pra cá as mulheres praticamente abandonaram os saltos superaltos

Já a jornalista esportiva Karine Alves afirma que gosta de misturar diferentes tecidos e estilos no seu cotidiano e celebra a popularização da moda esportiva.

— Moda e esporte têm tudo a ver. Os dois juntos trazem estilo, autenticidade e conforto. Aliás, não abro mão disso no meu dia a dia. Gosto muito de usar diferentes tecidos em um mesmo look, vestir peças de alfaiataria com tênis, saia longa com camiseta. A base que me guia sempre é o conforto combinando ao meu jeito de ver a vida: com leveza e fluidez. De um tempo pra cá, é muito nítido que as mulheres praticamente abandonaram os saltos superaltos, por exemplo. Por isso, o tênis esportivo virou de vez o nosso queridinho e, para mim, combina com todas as ocasiões. A gente experimentou uma realidade confortável, como se estivesse em casa, e ainda bem! Essa moda veio para ficar!