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Pamir conta que tem sido bem-aceito que os níveis baixos de colesterol HDL são prejudiciais independentemente da raça

MUDANÇAS: Bom colesterol não pode prever complicações cardiovasculares

Estudos anteriores que moldaram as percepções sobre os níveis “bons’ de colesterol e a saúde do coração foram conduzidos na década de 1970

Conhecido popularmente como bom colesterol, o HDL (colesterol de lipoproteína de alta densidade) pode não ser tão eficaz para prever riscos de complicações cardiovasculares, alertam pesquisadores dos Estados Unidos em um estudo publicado, ontem, no Journal of the American College of Cardiology. Sendo assim, ao analisar dados de 23.901 adultos, eles concluíram que, independentemente da origem étnica e racial. Apresentar uma taxa alta dessa substância, informação considerada positiva em exames de rotina. Assim, não foi associada à redução da possibilidade de surgimento de uma doença cardiovascular.

Portanto, para a equipe, o resultado inédito abre espaço para o debate sobre mudanças nas práticas clínicas. “O que espero que esse tipo de pesquisa estabeleça é a necessidade de revisitar o algoritmo de previsão de risco para doenças cardiovasculares. Aliás, isso pode significar que, no futuro, não receberemos um tapinha nas costas de nossos médicos por termos níveis de colesterol HDL mais altos”, afirma, em nota, Nathalie Pamir, professora-associada do Knight Cardiovascular Institute e autora sênior do estudo.

Pamir conta que tem sido bem-aceito que os níveis baixos de colesterol HDL são prejudiciais independentemente da raça. Ela e os colegas testaram essa suposição e concluíram que ela pode não ser completamente verdadeira. Aliás, a análise de dados também mostrou, pela primeira vez, que essa condição pode indicar um risco aumentado de ataques cardíacos ou mortes relacionadas apenas para adultos brancos. No entanto, na amostra, o mesmo não foi verdade para adultos negros.

Bom Colesterol para Cardiovasculares

Segundo os autores, estudos anteriores que moldaram as percepções sobre os níveis “bons’ de colesterol e a saúde do coração foram conduzidos na década de 1970 por meio de pesquisas em que a maioria dos participantes era adultos brancos. Desta vez, a equipe de cientistas pôde observar como os níveis de colesterol de adultos negros e brancos na meia-idade sem doenças cardíacas que viviam em todo o país se sobrepunham a eventos cardiovasculares futuros.

Os participantes fazem parte do estudo longitudinal Reasons for Geographic and Racial Differences in Stroke (Regards), que tem o objetivo de analisar as causas do excesso de mortalidade por acidente vascular cerebral (AVC). Nathalie Pamir e colegas estudaram informações coletadas de uma parte dos voluntários do Regards ao longo de um período de 10 a 11 anos. Nesse caso, eles tinham perfis semelhantes — idade, níveis de colesterol e fatores de risco subjacentes para doenças cardíacas, incluindo diabetes, pressão alta ou tabagismo.

Durante o período analisado, 664 adultos negros e 951 adultos brancos sofreram um ataque cardíaco ou morte relacionada a um infarto. Aqueles com níveis aumentados de colesterol LDL e triglicerídeos tiveram riscos modestamente aumentados para doenças cardiovasculares. O que se alinhou com as descobertas de pesquisas anteriores, indicaram os autores.

HDL nos alimentos

De acordo com Pamir, à medida que os pesquisadores estudam o papel do HDL no apoio à saúde do coração, eles estão explorando diferentes teorias. Assim, uma delas foca na qualidade desse tipo de colesterol, não na quantidade. Ou seja, a qualidade da função do HDL — na coleta e no transporte do excesso de colesterol do corpo. Pode ser mais importante para apoiar a saúde cardiovascular.

Sean Coady, vice-chefe da Divisão de Epidemiologia da Divisão de Ciências Cardiovasculares do Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue, avalia que o HDL, presente em alimentos como abacate, azeite de oliva e oleaginosas, tem sido um “fator de risco enigmático para doenças cardiovasculares”. Por isso, precisa ser alvo de estudos científicos aprofundados. “As descobertas sugerem que é necessário um mergulho mais profundo na epidemiologia do metabolismo lipídico. Especialmente em termos de como a raça pode modificar ou mediar essas relações”.

Fonte: correiobraziliense