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Foi decretada a prisão do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, por conspiração para arrecadar fundos de campanha da Líbia. Foto: Reprodução/Getty Images

Ex-presidente francês Nicolas Sarkozy chega à prisão em Paris

O ex-presidente francês, Nicolas Sarkozy, chegou à prisão de La Santé, de segurança máxima, em Paris, para cumprir pena de cinco anos

O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy chegou à prisão nesta terça-feira (21) para cumprir pena de cinco anos por conspiração para arrecadar fundos de campanha da Líbia.

Chegada à prisão

Sarkozy deixou sua casa por volta das 4h15, no horário de Brasília, e chegou à prisão de La Santé, de segurança máxima, em Paris, cerca de 20 minutos depois. Ele estava acompanhado de sua esposa, a modelo e cantora Carla Bruni, na chegada ao presídio.

Condições na prisão

Condenado pela Justiça Francesa no final de setembro, Sarkozy será mantido em cela individual com dimensões entre 9 e 12 metros quadrados, chuveiro privativo, TV e telefone fixo. Todavia, seu advogado afirmou que protocolou nesta terça um pedido de liberdade para o ex-presidente, que escreverá sobre seu tempo na prisão.

O chefe do sistema prisional francês, Sebastien Cauwel, explicou que Sarkozy ficará em isolamento, com acesso ao pátio de exercícios duas vezes ao dia e a uma sala de atividades sozinho.

Histórico político e prisional

A justiça francesa prendeu Sarkozy, presidente conservador da França entre 2007 e 2012, tornando-o o primeiro ex-líder francês preso desde o Marechal Philippe Pétain, punido no pós-2ª Guerra Mundial por colaborar com os nazistas.

Ele já havia sido condenado em outro caso de corrupção, no qual cumpriu pena com tornozeleira eletrônica, por tentar obter informações confidenciais de um juiz em troca de favores.

Declarações de Sarkozy

Antes de se entregar, Sarkozy disse ao jornal francês “La Tribune Dimanche”:

“Não tenho medo da prisão. Vou manter minha cabeça erguida, inclusive nos portões da prisão.”

Durante o deslocamento, reiterou sua inocência em comunicado na rede social X:

“Não é um ex-presidente da República que está sendo preso esta manhã — é um inocente.”

Ele acrescentou:

Continuarei a denunciar este escândalo judiciário, esta via-crúcis que sofro há mais de dez anos. Eis, portanto, um caso de financiamento ilegal sem o menor financiamento. Uma investigação judicial de longo prazo iniciada com base em um documento cuja falsidade agora está comprovada.”

Acesso a TV, telefone e livros

O advogado de Sarkozy, Jean-Michel Darrois, revelou que o ex-presidente levou suéteres e protetores auriculares para a prisão. Sarkozy também levará três livros para sua primeira semana, incluindo O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas — a história de um homem injustamente preso que busca vingança.

Na prisão La Santé, as celas individuais agora incluem chuveiros privativos e os presos têm acesso à TV mediante taxa mensal de 14 euros e a um telefone fixo.

Contexto do caso

A condenação encerra anos de batalhas legais sobre alegações de que a campanha de Sarkozy em 2007 recebeu milhões em dinheiro do líder líbio Muammar Kadhafi. Embora tenha sido considerado culpado de conspirar com assessores para organizar o esquema, foi absolvido de receber ou usar pessoalmente os fundos.

Sarkozy sempre negou irregularidades e classificou o caso como politicamente motivado, afirmando que os juízes buscavam humilhá-lo. Ele recorreu da decisão, mas a sentença exige prisão imediata enquanto o recurso é analisado.

Repercussão política

A decisão de prender um ex-presidente provocou indignação entre aliados de Sarkozy e a extrema-direita, mas reflete uma mudança na abordagem da França em relação a crimes de colarinho branco. Juízes franceses estão emitindo cada vez mais ordens de “execução provisória”, exigindo que as sentenças comecem imediatamente mesmo enquanto os recursos estão pendentes.

A justiça proibiu a líder da extrema-direita, Marine Le Pen, de concorrer a cargos sob a mesma provisão de execução provisória.

Segundo pesquisa da Elabe de 1º de outubro para a BFM TV, 58% dos franceses acreditam que o veredicto foi imparcial. Por outro lado, 61% apoiam a decisão de enviar Sarkozy à prisão sem esperar o recurso.

Apoio e visitas

Por fim, o presidente Emmanuel Macron, que mantém boas relações com Sarkozy e Carla Bruni, afirmou que se encontrou com ele antes da prisão. Sobretudo, o ministro da Justiça, Gérald Darmanin, próximo a Sarkozy, também declarou que visitará o ex-presidente.

Fonte: g1