Com o aumento da idade de aposentadoria e uma expectativa de vida cada vez maior, companhias desenvolvem programas para aumentar a diversidade etária de suas equipes
Em um país em que 26% da população tem acima de 50 anos, as oportunidades de emprego para profissionais nessa faixa etária ainda são restritas.Em muitas empresas, a participação desse grupo não ultrapassa os 10% do time, conforme estudo da plataforma de realocação Maturi e da EY Brasil.
De olho nesse descompasso e na escassez de mão de obra especializada, companhias desenvolvem programas para aumentar a diversidade etária de suas equipes.
Para absorver esse contingente de mão de obra sênior, as empresas terão de criar políticas consistentes para reduzir barreiras à entrada e manutenção desse profissionais no mercado.
Hoje há uma dificuldade crescente para a geração madura se inserir no mercado de trabalho exatamente por causa do etarismo e dos avanços tecnológicos.
“Aquilo que se propaga sobre habilidade em tecnologia é em parte verdade. As pessoas maduras utilizam as tecnologias, mas falta entender um pouco mais o que são essas tecnologias.
Não precisa se tornar um programador, mas vale pesquisar mais a fundo o que é o metaverso, por exemplo”, diz o diretor de diversidade, equidade e inclusão da Deloitte, José Marcos da Silva, coautor do livro Revolução 50+.
Segundo a pesquisa da Maturi e EY, as próprias empresas reconhecem que são etaristas.
Quase 80% delas afirmam que existe um viés contrário a profissionais mais experientes. Mas o presidente da Maturi, Mórris Litvak, afirma que, aos poucos, a situação começa a mudar pela necessidade.
Com a alta rotatividade dos profissionais, algumas empresas passaram a enxergar a responsabilidade, o comprometimento e a inteligência emocional como um diferencial dos 50+.
Segundo a pesquisa da Maturi e EY, as próprias empresas reconhecem que são etaristas. Quase 80% delas afirmam que existe um viés contrário a profissionais mais experientes. Mas o presidente da Maturi, Mórris Litvak, afirma que, aos poucos, a situação começa a mudar pela necessidade. Com a alta rotatividade dos profissionais, algumas empresas passaram a enxergar a responsabilidade, o comprometimento e a inteligência emocional como um diferencial dos 50+.
Ter um time diverso, que consegue pensar em várias possibilidades e mercados, virou um grande trunfo para as empresas alcançarem um público cada vez maior. Nesse cenário, algumas habilidades dos profissionais acima de 50 anos passaram a ser vistas como estratégicas para os negócios. Na lista de competências estão comprometimento, inteligência emocional e experiência.
Hoje com 120 colaboradores, a maioria entre 18 e 35 anos, a companhia quer equilibrar o quadro com mais diversidade etária e inclusão. “Profissionais com mais de 50 anos já conhecem seus pontos fortes e fracos, suas habilidades de comunicação estão mais apuradas e podem ser bons líderes por causa do tempo no mercado de trabalho.” Além disso, diz o executivo, esses profissionais assim são mais comprometidos com a empresa, trazem uma cultura corporativa e diminuem a rotatividade.
Cultura
Essas também são as características que movem a fundadora e diretora financeira da rede de academias Red Fitness, Ellen Fernandes, em busca de profissionais mais velhos. A empresa já tem uma participação relevante em algumas áreas, como nos cargos de gestão, em que 90% dos funcionários estão nessa faixa etária. Entre os treinadores físicos, no entanto, a representatividade cai para 10%.
“O mercado de trabalho, principalmente o fitness, busca inovação ao mesmo tempo que quer experiência e profissionais com inteligência emocional, que é fundamental para conviver com o estresse do cotidiano e atuar com trabalhos em equipe.” No geral, afirma Ellen, profissionais mais velhos são mais responsáveis nas entregas, sem a necessidade de o líder ficar monitorando de perto o dia a dia.
Com uma agenda sólida de iniciativas voltadas assim ao tema de diversidade e inclusão, a PepsiCo criou o programa Golden Years. O objetivo é combater o etarismo, assim abrindo espaço para profissionais com mais de 50 anos.
Outra empresa que apostou nos profissionais acima de 50 anos assim foi o Grupo Águia. Para o projeto de Copa do Mundo, que reúne Stella Barros, Top Service, Gray Line, Lynx Aviação e 4BTS, a diretora de cultura, Agatha Abrahão, conta que foram contratados seis coordenadores, todos com mais de 50 anos. ”
Ela conta que, a exemplo do que ocorre no projeto, a diversidade etária sempre foi orgânica no grupo. A heterogeneidade do time acaba criando uma mentoria informal entre os mais velhos e os profissionais mais jovens. “Os 50+ também veem a oportunidade de aprendizagem com os mais jovens assim é uma troca produtiva.”