Produtividade agrícola elevada vai manter balança comercial do Brasil robusta nos próximos anos, diz economista
No Brasil a produtividade do setor da agropecuária deve ser um dos fatores que continuará impulsionando o superávit da balança comercial, de acordo com um estudo realizado pela economista Iana Ferrão, do BTG Pactual.
Iana citou um levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) que mostrou que entre 2000 e 2019 o Brasil liderou a produtividade agropecuária mundial entre 187 países.
“Desses 187 países que a USDA analisou, o Brasil foi o que teve maior aumento da atividade agropecuária. E olhando a abertura das importações desse ano e olhando a aprovação da reforma tributaria, as expectativas para a parte agro também são favoráveis nos próximos anos”, avaliou Iana.
Além disso, a economista destacou o crescimento muito forte do volume importado de bens de capital ligado ao setor agrícola como um dos fatores que deve contribuir para a boa produtividade do setor nos próximos anos.
Brasil produtividade agropecuária
“E a reforma tributária beneficia de forma bastante significativa o setor agro exportador, então isso também vai aumentar a produção e a eficiência do setor no médio e longo prazo”, acrescentou.
Para este ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas no país deverá fechar o ano com 318,1 milhões de toneladas, 20,9% maior do que a registrada no ano anterior.
Para Iana, o aumento de produtividade do setor agrícola pode ser explicado pelas reformas que foram feitas no sistema de pesquisa e de financiamento da produção, além de investimentos em pesquisa, fixação biológica de nitrogênio, adoção do plantio direto e manutenção dos sistemas integrados.
Ela explica que, atualmente, a produção é cada vez mais intensiva em ciência e tecnologia e menos intensiva em fatores tradicionais.
Para 2024, o BTG Pactual espera ligeira redução de saldo da balança comercial brasileira, para US$ 87 bilhões. Apesar de o patamar ainda ser bem robusto e muito superior ao dos últimos anos, a projeção é de que a queda irá decorrer, principalmente, pela menor safra agrícola, com destaque para a soja e para a redução dos preços das commodities.
Petróleo
Além do setor agropecuário, a produção de petróleo também aparece em destaque como um dos impulsionadores da balança comercial no estudo de Iana.
Segundo a economista, nos últimos sete anos, o crescimento da produção da commodity no Brasil foi de 20%, explicado principalmente pela exploração da commodity na camada do pré-sal.
Por isso, em 2023, a balança de petróleo e derivados deve alcançar um superávit de quase US$ 25 bilhões.
Para os próximos sete anos, a estimativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é de aumento de 80% na produção, número quatro vezes superior ao dos últimos sete. “E só em 2023, a gente já está vendo um crescimento de 12%, que é muito expressivo”, disse.
Além disso, as projeções também se explicam pelo aumento do volume de exportação e a redução das importações puxadas pelo preço.
“Quando a gente vai olhar as exportações, o que explica a maior parte do crescimento dessas exportações é o aumento do volume exportado de petróleo e derivados”, acrescentou.
O BTG Pactual estima que a balança de petróleo e derivados alcance US$ 33 bilhões em 2024, US$ 52 bilhões em 2026 e US$95 bilhões em 2029.
Sendo assim, caso a curva de produção esperada pela EPE se materialize, o Brasil passará a integrar até o fim da década o grupo dos cinco maiores exportadores de petróleo do mundo, atrás apenas de EUA, Arábia Saudita, Rússia e Canadá, explicou a especialista.
“Se a produção de petróleo projetada pela EPE se materializar ao longo dos próximos anos, a arrecadação do governo com o regime de partilha de produção poderá aumentar de forma significativa”, concluiu.
Fonte: cnn brasil