Os ideais modernos da moda, no entanto, jamais desapareceram e suas referências aparecem em todas as décadas nesses últimos 100 anos
Inúmeros fatos históricos impulsionaram a força do que hoje chamamos de movimentos modernistas e a presença dos ideais modernos da moda no século XXI. Começamos com o final do século 19: a sociedade ocidental ainda se acostumava às consequências da Revolução Industrial em cidades maiores, mais movimentadas, mais poluídas. O cidadão se sentia impactado por novas tecnologias, abusivas rotinas de trabalho, estilo de vida sofrível, se comparado a um longínquo mundo rural.
O ponto mais importante foi a Inglaterra, que produziu, em seu meio cultural, movimentos de resistência às novas tecnologias e ode ao trabalho manual como o Arts & Crafts, liderado pelo pintor William Morris. E também a poesia dolorida de Charles Dickens que sonhava com uma utópica Londres intacta pela indústria em “Tempos Difíceis”.
Coco Chanel
Além disso, apesar das críticas, o capitalismo não parou. E a grande missão desse período cabia aos urbanistas, arquitetos e engenheiros que precisavam adequar as metrópoles para serem habitáveis pelo proletariado.
Não à toa se fez necessária a chamada “Arquitetura Racionalista” que deixava de lado adornos pouco úteis para focar em projetos realmente úteis. A alemã escola de Bauhaus consolidou os ideais de utilidade com novos valores estéticos e criou o que hoje conhecemos como design. Dessa forma, ainda hoje usamos a célebre frase “menos é mais”, dita por Ludwig Mies van der Rohe, último diretor da escola antes de ser fechada pelo nazismo.
A arte e os ideais modernos da moda
Na arte, o discurso romântico e idílico deu lugar à rapidez, ao dinamismo, a uma vontade de futuro. Bem como, menos complicado, mais simples, como defendem os minimalistas. E, como não poderia ser diferente, a moda seguiu o mesmo caminho: conectada ao espírito do tempo, a cultura da vestimenta foi atravessada e virada do avesso com os ideais modernos.
Desse modo, o sonho moderno foi algumas vezes interrompido pelas guerras. Além disso, os tecidos acabavam, as semanas de moda paravam. Já lá na frente, nos anos 1940, o que era moderno se torna mais hostil e militarizado. Assim, Christian Dior, na década de 1950, enterra por um momento a modernidade e volta com as mulheres de saias rodadas e cintura apertada, que não deveriam mais trabalhar e serem símbolos do lar.
Em síntese, a moda moderna, no entanto, jamais desapareceu. Suas referências aparecem em todas as décadas nesses últimos 100 anos. Nos brechós das décadas de 1960 e 70, no minimalismo dos anos 1990, nos revivals dos anos 2000 e até hoje Chanel desfila na passarela as mesmas informações de estilo que procuravam dar liberdade para aquelas todas as outras novas mulheres.
Fonte: Teses.Usp, históriadasartes, puc-rio-maxwell