Assim, realizadas pelo Observatório Febraban e e pela Radar Febraban, as duas pesquisas foram realizadas entre os dias 29 de novembro e 5 de dezembro, com 3 mil pessoas nas cinco regiões do País.
“O Observatório Febraban mostra que a esperança é o principal sentimento em relação ao ano novo, sobretudo entre as mulheres. Assim, também aponta perspectivas otimistas quanto à queda do desemprego, aumento do acesso ao crédito e do poder de compra, acompanhadas de uma atitude cautelosa em relação a taxa de juros e inflação/custo de vida”, apontou o sociólogo e cientista político Antônio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe.
Aliás, entre os entrevistados, 71% se disseram satisfeitos ou muito satisfeitos com a vida que vêm levando, enquanto 43% avaliaram que, no âmbito pessoal, 2022 chega ao fim melhor do que começou.
Para 76% dos ouvidos, as expectativas em relação ao próximo ano são positivas, enquanto 23% têm expectativas negativas. Portanto, a crença na melhora da vida pessoal e familiar no novo ano é partilhada por 74% da população.
Entretanto, no âmbito econômico, a maioria dos entrevistados avalia que sua situação financeira já está se recuperando e mais da metade acredita que estará menos endividada. Assim, quase quatro em cada dez entrevistados consideram que a recuperação da economia já está em curso e mais da metade deles acredita que o país estará melhor no próximo ano.
Veja abaixo os principais resultados das duas pesquisas:
Brasileiros otimistas em relação a 2023
O novo ano chega renovando expectativas favoráveis, com sentimentos predominantemente positivos em relação à virada de ano (76%). Em todos os estratos sociodemográficos, a soma de sentimentos positivos em relação a 2023 passa de 70%, chegando a 85% entre os jovens de 18 a 24 anos e a 79% entre as mulheres.
- Esperança: desponta como o sentimento mais citado, com 38% das menções;
- Alegria: é o segundo sentimento mais citado (19%);
- Confiança: surge como terceiro sentimento predominante (13%);
- Tranquilidade e orgulho: são citados por 4% e 2% dos entrevistados, respectivamente.
Sentimentos negativos em relação a 2023
Os sentimentos negativos não alcançam um quarto das menções (23%)
- Desconfiança: é o mais citado, mas por apenas 8%;
- Medo: aparece em segundo lugar, com 7% de menções;
- Tristeza: sentimento é citado por 5% do total dos entrevistados.
Brasileiros otimistas na vida pessoal e familiar em 2023
As expectativas também são favoráveis em relação à vida pessoal e familiar no próximo ano. Entre os entrevistados, 74% creem que sua vida irá melhorar em 2023. No entanto, outros 11% imaginam que não haverá mudanças e 10%, mais pessimistas, acreditam numa piora.
A tendência também é de otimismo em relação à recuperação da situação financeira após a pandemia: 60% declaram que ela já está se recuperando, enquanto 23% vislumbram essa recuperação só depois desse ano. Poucos (9%) são os que avaliam que sua situação financeira não foi afetada e os mais pessimistas, que não vislumbram recuperação, somam apenas 3%.
A percepção de que a recuperação das finanças já está em curso (60%) apresenta oscilações importantes por faixa etária e escolaridade. Enquanto esse percentual é de 66% entre os de 18 a 24 anos, cai para 53% na faixa de 45 a 59 anos e 55% entre os que têm 60 anos ou mais.
- Finanças: é o primeiro no ranking de aspectos da vida pessoal com mais chances de melhorar em 2023 (36%);
- Saúde física: aparece em segundo lugar (28%) no rol de possíveis melhorias em 2023;
- Saúde mental: fica em terceiro lugar (26%);
- Trabalho ou emprego: teve 23% das menções;
- Relações interpessoais: são citadas por 16%;
- Lazer e entretenimento: tiveram 12% das menções;
- Moradia: citada por 10% dos respondentes.
Expectativas sobre o endividamento
A expectativa positiva sobre a recuperação das finanças pessoais impacta sobre a projeção do endividamento: mais da metade dos entrevistados (56%) acredita que estará menos endividada em 2023 do que em 2022. Essa percepção é mais comum na faixa de 18 a 24 anos (64%) e menos frequente entre os que têm 60 anos ou mais (49%). Para 28% dos entrevistados, o seu nível de endividamento em 2023 permanecerá o mesmo que em 2022.
Expectativas sobre o País em 2023
O otimismo dos brasileiros também predomina em relação ao país, porém de modo menos expressivo do que em relação à vida pessoal e com dose de cautela. Dessa forma, mais da metade (55%) acreditam que em 2023 o Brasil vai melhorar. Na direção contrária, a piora do país é esperada por 26% dos pesquisados. No entanto, para 13% dos respondentes, o país vai permanecer igual.
Contudo, prevalece a opinião de que a economia só vai se recuperar a partir do próximo ano (45%). Pouco mais de um terço opinam que a economia já está se recuperando (39%). Mas, uma parcela mais pessimista, que não enxerga perspectivas de recuperação econômica, é constituída por 8% dos respondentes.
Projeções para os primeiros seis meses de 2023
Essas projeções são permeadas por maior cautela. O placar das expectativas sobre taxa de juros e inflação/custo de vida mostra um empate entre os que acreditam que ficará como está ou irá melhorar, e aqueles que vislumbram piora.
- Taxas de Juros: 49% creem que vai diminuir (25%) ou permanecerá igual (24%). Enquanto 48% acreditam que vai aumentar;
- Inflação: 53% acham que o custo de vida vai diminuir (29%) ou ficará no patamar atual (24%). Já 45% declaram que irá aumentar;
- • Acesso ao crédito: 72% creem que recursos para pessoas e empresas vão aumentar (40%) ou ficarão como está (32%). Ao passo que cerca de um quarto acredita em diminuição (23%);
- • Desemprego: 67% acreditam que vai diminuir (39%) ou ficará o mesmo (28%). Já para 31% o desemprego irá aumentar nos próximos seis meses;
- • Poder de compra: 62% apostam no aumento do poder de compra das pessoas (36%) ou na permanência no nível atual (26%). Enquanto 34% acham que irá diminuir;
Expectativas sobre o novo governo
Quase metade dos brasileiros (46%) acredita que o Governo Lula será ótimo/bom e outros 16% imaginam que será regular. Mas, na outra ponta, pouco menos de um terço (31%) avalia que o novo Governo será ruim/péssimo.
Agenda da população para o próximo governo se sobrepõe, em várias áreas, à agenda dos principais compromissos abordados na recente campanha.
- Educação: 20%;
- Saúde: 17%;
- Desemprego: 15%;
- Fome e Miséria: 14%;
- Inflação e Custo de vida: 13%;
- Combate à Corrupção: 10%.
Entraves para o novo Governo
Cerca de um terço dos respondentes (33%) acredita que o comportamento dos juros, do dólar e da bolsa de valores será o principal obstáculo a ser enfrentado pelo novo Governo. Já a falta de apoio do Congresso aparece em segundo lugar, com 16% das menções. Em terceiro lugar (14%) como entrave que pode prejudicar o bom desempenho do próximo governo aparecem as manifestações e falta de apoio da população.
Relacionamento entre os demais poderes e outros setores
A expectativa a respeito do relacionamento entre o novo Governo, os poderes Judiciário (aqui representado pelo STF), o Legislativo (Congresso) e outros setores, é favorável, com saldos positivos em todos os itens avaliados. A perspectiva de uma relação ótima/boa é notadamente maior quanto ao STF (67%) e aos movimentos sociais (59%), caindo para 48% no caso dos bancos e mercado financeiro; para 40% com o Congresso; e para 37% com os empresários.
Balanço de 2022, vida pessoal e familiar
A grande maioria dos brasileiros está muito satisfeita ou satisfeita (71%) com a vida que vem levando. De outro lado, cerca de um quinto da população (22%) se diz insatisfeita ou muito insatisfeita com a vida. Grande parte dos entrevistados (43%) avalia que houve melhora na sua vida pessoal e familiar em 2022 em comparação com 2021, enquanto para 35% a vida continuou igual. Os que percebem piora constituem a menor parcela, 21%.
- Uso de tecnologias ou recursos digitais: 58% avaliam que houve melhoras em 2022;
- Relações com companheiro(a), filhos, familiares e/ou amigos: 49% viram melhoras no ano;
- Moradia: 57% disseram que não houve alteração em 2022;
- Estudos e Cultura: 50% não sentiram mudanças;
- Saúde física: 42% não ocorreram alterações;
- Saúde mental: 40% não registram mudanças;
- Finanças: 39% afirmam que ficou como estava e 28% identificaram piora e 32% disseram que melhorou.
- Trabalho e emprego: 40% disseram que não houve alteração, 37% afirmam que melhorou e 21% disseram que piorou em comparação a 2021.
Diante do balanço das finanças em 2022, a expectativa para as compras de fim de ano é predominantemente pessimista: 46% dos entrevistados afirmam que irão comprar menos do que no ano passado, apenas 16% esperam comprar mais, e 35% dizem que manterão o padrão anterior.
Colocando-se em perspectiva a evolução do país em 2022 no cotejo com 2021, a maioria considera que o Brasil melhorou (39%) ou ficou igual (25%), contra 34% que afirmam ter piorado.
Perguntados sobre em quais áreas o Brasil melhorou em 2022 Emprego e Renda ocupam o topo do ranking – única menção com dois dígitos, 19%. As demais menções ficam abaixo de 10%, sem destaques. Chama atenção o contingente de cerca de um terço dos entrevistados (31%) que não cita qualquer área.
No entanto, a designação das áreas que experimentaram piora em 2022, quatro menções se destacam com dois dígitos: Saúde com 16%, Inflação e Custo de Vida (13%), Fome e Pobreza (12%) e Emprego e Renda (12%). No entanto, as demais citações ficam abaixo de 10% no total.
A segunda posição ocupada por Inflação e Custo de vida no ranking de áreas que pioraram/ tiveram mais problemas em 2022 é reiterada pela superlativa avaliação (79%) de que os preços dos produtos aumentaram muito ou aumentaram do começo do ano até o momento. Sendo assim, os itens mais impactados pela carestia são:
Alimentos e outros produtos de abastecimento doméstico: 68% das menções (em pergunta de múltiplas respostas);
- Combustível: 30%;
- Serviços de Saúde ou remédios: 22%;
- Juros de cartão de crédito, financiamento ou empréstimo: 11%;
- Planos de compra de veículos ou imóveis: 7%;
- Pagamento da escola, faculdade ou outros serviços de educação: 6%.
Entre os brasileiros, a confiança nos bancos (59%) manteve-se relativamente estável, com oscilação positiva de dois pontos comparativamente ao levantamento de junho. Aliás, com relação às fintechs a confiança segue padrão semelhante, com oscilação positiva de dois pontos chegando a 57%. No que concerne às empresas privadas, o percentual de entrevistados que relataram confiança (50%) mantém-se no patamar observado na rodada de junho, após ter sofrido queda de 4 pontos percentuais.
A opinião sobre a contribuição positiva do setor bancário para o país e a população é reforçada. Portanto, houve aumento da percepção sobre a contribuição positiva em todos os aspectos, com variações de 2 a 5 pontos.
Permanece majoritária entre os entrevistados a percepção de contribuição positiva do setor bancário para o desenvolvimento da economia (56%), a contribuição para a geração de empregos é considerada positiva por 50%, o que representa um aumento de 4 pontos em relação ao RADAR de junho. Desse modo, a contribuição positiva para a melhoria da qualidade de vida das pessoas é reconhecida por 48% dos entrevistados, 3 pontos a mais que no levantamento anterior.
Entretanto, a opinião sobre a contribuição positiva do setor bancário para seu negócio ou para sua atividade profissional aumentou 5 pontos, chegando a 49%. Único item com leve redução na percepção positiva sobre a contribuição dos bancos, a ajuda para o país, a população e seus clientes enfrentarem a crise do coronavírus, obtém 49% de menções (eram 50% em junho).
Percepção sobre golpes e tentativas
Embora represente uma minoria, o percentual de entrevistados que relataram ter sido vítimas de golpe ou tentativa de golpe bancário (30%) se mantém no nível reportado na última rodada do RADAR, em junho de 2022.
Ressalte-se que o perfil etário das vítimas identificado nesse levantamento, concentrado entre os que têm 25 a 44 anos (34%), difere de resultados anteriores em que as principais vítimas tinham idade de 60 anos ou mais.
Embora permaneça como o tipo de golpe mais comum a clonagem ou a troca de cartão (48%), o percentual de citação é notadamente menor que em junho/2022 (64%). Por outro lado, cresce por mais uma rodada seguida a frequência do golpe em que alguém se passa por conhecido para solicitar dinheiro no WhatsApp (de 25% em junho para 30% em dezembro).
O golpe da central falsa praticamente manteve o percentual (24%). Aliás, os demais golpes representam 10% ou menos do total. Aliás quem são as principais vítimas dos golpes?
O golpe da clonagem ou troca de cartões foi mais relatado pelos homens (49%), com renda de mais de 5 SM (56%), com nível de instrução médio (53%) e idade entre 18 e 24 anos (53%).
Sobre o golpe do WhatsApp, em que alguém se passa por um conhecido e solicita dinheiro, é mencionado sobretudo pelos respondentes com renda entre 2 e 5 SM (31%), com nível de instrução superior (36%), com idade entre 25 e 44 anos (34%) e mulheres (31%).
O golpe da central falsa ocorre sobretudo entre pessoas com 60 anos ou mais, (30%), mulheres (26%) e com renda entre 2 e 5 SM (26%).
Sendo assim, o golpe do leilão ou loja virtual é mais frequente entre pessoas com idade de 18 24 anos (12%), com idade de 25 a 44 anos, 45 a 59 anos, com nível de instrução médio e com renda entre 2 e 5 SM (10%, em todos esses segmentos).
Fonte: G1