Festas juninas e férias escolares aumentam o risco de acidentes que podem causar danos oculares
Embora as festas juninas não devam acontecer em 2021, a prática de soltar fogos de artificio faz parte da cultura brasileira, sendo comum nos meses de junho e julho.
Entretanto, é uma atividade extremamente perigosa, pois pode levar à morte ou a sequelas irreversíveis. Perda de membros e danos permanentes na visão, por exemplo, são resultados bastante prevalentes.
Segundo dados do Data SUS, 1 em cada 4 acidentes com fogos de artifício acaba em óbito. Entre os sobreviventes, as lesões se concentram no rosto e nas mãos.
“As férias de julho, aliadas à necessidade de permanecer em casa, também merecem atenção. Isso porque, a maioria dos traumas oculares em crianças ocorre no ambiente doméstico”, alerta Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista especialista em glaucoma.
Trauma oculares em números
1,6 milhões de pessoas em todo o mundo perderam a visão devido a um trauma ocular
2,3 milhões de pessoas apresentam baixa visão bilateral por trauma
19 milhões de pessoas têm cegueira unilateral ou baixa visão por trauma
Cerca de 40% dos traumas oculares ocorrem na infância
A maior parte das lesões oculares em crianças acontece entre os 2 e 6 anos
Convivendo com o perigo
De acordo com Dra. Maria Beatriz, dentro de casa há muitos perigos e a criança pode não ter a noção do que é uma brincadeira segura.
“Um acidente com bola, por exemplo, pode ser potencialmente perigoso. Outros riscos estão ligados a brincadeiras de luta, uso de armas de água com jatos mais fortes, estilingues, objetos que simulam espadas, lápis, canetas e tesouras”.
Os pets, como cães, gatos e pássaros, também podem estar envolvidos em acidentes oculares. “É preciso redobrar a atenção e os cuidados quando há crianças dentro de casa, principalmente nas férias ou em tempos de isolamento social”, diz a médica.
Glaucoma por trauma ocular
Apesar dos ferimentos oculares serem comuns, felizmente, na maioria dos casos, são lesões menores e não exigem internações ou cirurgias.
“Entretanto, uma das consequências pode ser o desenvolvimento do glaucoma secundário, chamado assim uma vez que a doença ocorre devido à lesão causada pelo trauma”, alerta Dra. Maria Beatriz.
“O glaucoma traumático cursa com aumento da pressão intraocular (PIO). Aqui vale dizer que o trauma pode ser desde um soco, batida, bem como por ferimentos cortantes ou penetrantes. A elevação da PIO causa danos irreversíveis no nervo óptico, cujo consequência mais severa é a perda definitiva da visão”, explica a oftalmologista.
Manifestações do Glaucoma Traumático
Ao contrário dos glaucomas primários, há alguns sinais e sintomas presentes no glaucoma por trauma.
Dor no olho – pode ocorrer imediatamente após o ferimento
Sensibilidade à luz
Visão turva
Hemorragia e inflamação no olho
Aumento da PIO
Alerta
Há pacientes que permanecem assintomáticos por muito tempo, até que a perda da visão progrida para uma fase mais avançada. Por isso, por menor que seja o trauma, o ideal é procurar um Oftalmologista.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico do glaucoma é complexo. Preferencialmente, é recomendado consultar um oftalmologista especialista em glaucoma. Além do exame clínico, são solicitados exames complementares. O exame da gonioscopia deve sempre ser realizado nestes casos.
“O tratamento do glaucoma visa evitar a progressão da doença, que é crônica. Isso significa que uma vez instalado, não há cura. O tratamento é contínuo. O foco é controlar a pressão intraocular para evitar mais danos ao nervo óptico”, comenta Dra. Maria Beatriz.
O glaucoma pode ser tratado com colírios ou cirurgias e isso sempre será uma decisão do oftalmologista que acompanha o paciente.
Prevenção
Fogos de artificio nunca são seguros, portanto, a melhor maneira de prevenir acidentes é não usá-los
Crianças jamais devem manipular fogos de artificio, de nenhum tipo
Nas férias, redobre a atenção com as crianças em casa
Para as crianças maiores, vale uma conversa para alertar sobre o perigo de algumas brincadeiras
Para famílias com pets, é preciso orientar os pequenos para que evitem encarar o animal ou fazer brincadeiras que deixem o pet muito próximo ao rosto