Todo o trajeto é monitorado pela organização da TRSB e demarcado com fitas, cal e placas sinalizadoras
O plantio de 100 mudas de árvores vai marcar o início da 5ª Trail Run Serra da Bodoquena (TRSB), nesta sexta-feira (16), na Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Cara da Onça.
Outra novidade da competição, no mesmo dia e local da ação ecológica, será a 1ª Corrida Kids do evento, que apresenta cinco percursos, com diferentes níveis de dificuldade, para os 230 atletas inscritos.
O Refúgio Canaã, base da TRSB, localiza-se nas margens do Rio Salobra, na área protegida, que, por sua vez, está situada no município de Bodoquena, a 250 quilômetros de Campo Grande.
“A Cara da Onça é um local da natureza em plenitude, onde a biodiversidade ‘canta muito alto’”, destaca o professor universitário e jornalista Edson Silva, que integra a equipe responsável pela RPPN.
“A Corrida Kids é para que as crianças e os adolescentes aproveitem tudo com o olhar da preservação, do respeito à fauna, respeito à flora, com muita água, que está presente desde a nossa concepção e nos acompanha ao longo da vida”, afirma Edson Silva.
Assim, a iniciativa de plantar novas árvores é fruto da parceria com o coletivo Mil pelo Planeta. Além de apoiar a implantação de sistemas agroflorestais, já promoveu, desde 2020, o plantio de mais de duas mil mudas nativas em regime de mutirão em Bonito. As inscrições para a Corrida Kids, programada para as 16h, ainda podem ser feitas pelo site www.boltrealizacoes.com.br/eventos/. Além disso, a idade mínima para participar é 7 anos.
Turismo e Trail Run
Já as inscrições para as cinco provas de homens e mulheres adultos estão encerradas desde 17 de agosto.
As belezas naturais da região do circuito não enchem os olhos apenas dos atletas, atraindo para o lugar muitas gente que gosta, sobretudo, de curtir a paisagem e aproveitar programas de lazer, a exemplo de caminhadas mais leves, birdwatching e banhos de cachoeira.
No sábado, além da prova de trekking (caminhada) em um percurso de 7.150 metros, os atletas vão disputar mais quatro competições na modalidade trail run (corrida de trilha), com diferentes distâncias: 7.150 metros; 12 quilômetros; 21 km; e 30 km.
Sendo assim, os percursos envolvem trechos íngremes, montanhas, trilhas, estradas de chão batido, pedras, travessias de rios, terrenos acidentados, costões e outros obstáculos naturais.
Todo o trajeto é monitorado pela organização da TRSB e demarcado com fitas, cal e placas sinalizadoras. Aliás, fiscais de prova costumam acompanhar tudo de perto e, caso necessário, orientam os participantes.
Impacto zero
“Temos a proposta de tentar fazer a limpeza da trilha com impacto zero, para garantir a manutenção das espécies, que só existem na região, e deixar o percurso como uma porta de entrada no ambiente natural, com seus galhos, plantas nativas, córregos, mata, lama. Essa é uma preocupação que nós da organização levamos muito a sério”, diz o corredor Marcelo Sinoca.
Conhecido por ser o primeiro brasileiro a vencer a exaustiva Maratona da Selva, que dura 10 dias. Em plena Floresta Amazônica, o atleta é embaixador da Trail Run Serra da Bodoquena.
“Às pessoas que tiveram Covid-19, pedimos exames que comprovam que estão com tudo ok e liberação de médicos”, afirma o campeão.
“Vamos, durante a prova, garantir que os pontos de hidratação e de alimentação sejam disponibilizados aos corredores de uma forma mais generosa. Para que os atletas possam fazer paradas mais longas. Porque o dia deverá estar quente. A intenção é dar condições para que não haja desistência durante o desafio”, promete Sinoca.
Desafios do Trail Run
E qual o tamanho do desafio? “Quanto mais eu conheço a região, mais descubro caminhos novos e novas possibilidades, sempre com um nível de dificuldade que eu acho perfeito para chamar de trail running. Ou seja, provas com nível altíssimo de dificuldade”, conta.
“Desde os 7 quilômetros aos 30 quilômetros, todos os atletas têm um nível de dificuldade muito bom, unindo pedras, single track [percurso de mão única, partes da trilha estreitas com passagem de uma pessoa por vez], descidas rápidas, descidas travadas com pedras e, às vezes, até com lama, dependendo da época”, explica o atleta.
“Essa prova me chama a atenção por isso: desde a distância menor até a maior, tem o nível de dificuldade. É claro, o que muda mais é o nível de dificuldade em altimetria. Os 30 quilômetros têm altimetria bem alta para o nível de provas aqui do Estado, e isso deixa a prova bem desafiadora”, avalia Sinoca. No entanto, no percurso de 30 km, a altitude supera os 1.350 metros.
Luau
Segundo o embaixador da competição, a Trail Run Serra da Bodoquena dispõe de profissionais de “todas as áreas” para deixar os atletas preparados adequadamente.
“Não adianta ter a cabeça frágil e as pernas fortes. A primeira subida, o primeiro mal-estar de calor podem limitar o atleta. Então, tudo é importante e, com harmonia desse conjunto, a pessoa pode chegar em qualquer linha de chegada de qualquer prova do mundo. Inclusive da nossa, que tem o calor e as subidas como desafios principais”.
Marcelo Sinoca recomenda aos competidores que não conseguiram treinar a contento reduzir a distância escolhida para usufruir da prova e terminá-la com segurança. “Depois é só ficar no nosso luau e curtir a região”.