Reuniões dos bancos centrais vão decidir próximos passos dos juros
Começa nesta terça-feira (6) a série de reuniões dos bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil para decidir os próximos passos dos juros, que serão publicados na Superquarta.
As reuniões ocorrem em meio ao elevado nível de incertezas globais, sobretudo com os efeitos da guerra tarifária intensificada por Donald Trump no início de abril.
Por aqui, a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) faça novo aumento da Selic, atualmente em 14,25% ao ano, mas em menor grau ao visto nas últimas reuniões. A decisão deve sair após as 18h.
Já nos EUA, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) publica a sua decisão às 15h (horário de Brasília).
As apostas do mercado
O mercado aposta majoritariamente na manutenção das taxas no atual patamar de 4,25% a 4,5%. Assim, criam-se expectativas pelo discurso do chair Jerome Powell, às 15h30. Dessa forma, o discurso pode dar mais pistas sobre novos cortes ao longo deste ano
A decisão sobre a Selic está sob a expectativa de qual será o direcionamento dado pela equipe liderada pelo presidente do BC, Gabriel Galípolo.
Enquanto isso, a do Fed é pautada por dados em várias direções da economia norte-americana e pela pressão de Donald Trump sobre o chefe do banco central local.
De acordo com a ata da reunião do Copom de março, espera-se uma alta da Selic inferior a 1 ponto percentual. O que está incerto é qual será essa elevação e quais serão os comentários posteriores, habitualmente divulgados uma semana após a reunião do Comitê de Política Monetária.
A maior parte do mercado está apostando em uma alta de 0,5 ponto, elevando os juros ao patamar de 14,75% ao ano, mostram dados da B3. Caso se confirme, a Selic alcançará o maior degrau desde 2006.
As previsões do mercado captadas pelo Boletim Focus (5), reforçam alta de 0,5 ponto nesta semana. Também indicam nova elevação de 0,25 no encontro agendado para junho. Com isso, os juros podem chegar a 15%.
Porém, antes do fim do ano, o BC já deve iniciar ciclo de corte, reduzindo em 0,25 ponto e fechando 2025 com a Selic em 14,75%. Para o ano que vem, a expectativa é de juros em 12,5%.
Inflação no Brasil e tarifaço nos EUA
O que pesa para a decisão do Copom é a incerteza da economia brasileira. Isso ocorre por conta das decisões do governo federal de injetar dinheiro na economia.
O governo faz isso liberando crédito para trabalhadores com carteira assinada. Ou seja, essa medida leva a população a gastar mais. E como resultado, o aumento do consumo alimenta a inflação.
No cenário internacional, a guerra tarifária iniciada pelo presidente dos Estados Unidos não traz respostas de como a economia brasileira será afetada no médio prazo. Além disso, mexe com as expectativas do desempenho das atividades norte-americanas.
O Fed citou a diretriz da política econômica de Trump como desafio no trabalho da autoridade monetária. O Fed precisa perseguir seus objetivos de gerar emprego e controlar a inflação.
Em resposta, o republicano elevou o tom ao sinalizar que poderia pedir a demissão de Powell. Isso aumentou ainda mais a volatilidade dos mercados. Os mercados já estavam bastante inquietos por causa da disputa comercial com a China.
Trump, porém, indicou recuou ao afirmar (5) que vai esperar o mandato do banqueiro central encerrar, no fim de 2026.
Fonte: cnn