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Especialistas demonstram que governo federal poderá ter cerca de R$ 80 bilhões a mais para gastar em 2024 no marco fiscal  com novas regras.

Proposta de marco fiscal terá regras mais flexíveis em 2024

Mudanças feitas por relator fixam aumento do gasto em 2,5%, teto da banda

Especialistas do mercado financeiro fizeram projeções e demonstram que governo federal poderá ter cerca de R$ 80 bilhões a mais para gastar em 2024 no marco fiscal  com novas regras. Dessa forma, aprovou-se a urgência da tramitação do texto. E a previsão é de votação na Câmara dos Deputados na próxima quarta (24).

O relator da matéria, Cláudio Cajado (PP-BA) manteve a regra que determina que as despesas não podem crescer mais do que 70% da variação para cima da receita, além da inflação do período analisado.

No entanto, para 2024, ficou estabelecido que a correção do limite do gasto público poderá aumentar em 2,5%, sem contar o resultado positivo da receita.

Por isso, ficou definido ainda que, para o primeiro ano de aplicação da nova regra fiscal, o ano base para cálculo da receita será 2022, a fim de evitar divergências.

Então, conforme a avaliação do economista da XP Investimentos, Tiago Sbardelotto, a expectativa é que o governo tenha cerca de R$ 68 bilhões a mais para gastar em 2024.

Marco fiscal e as regras 

“Desse valor, R$ 19 bilhões a mais vem por conta da adoção do crescimento de 2,5% ante nossa expectativa de 1,6%. Desse modo, o restante (R$ 49 bilhões) ficará por conta da diferença entre a inflação acumulada em junho (3,9%) e a de dezembro (6,2%). E, desse modo, será usada para suplementar o orçamento no ano que vem e que contará para o cálculo da base do limite de despesas para 2025”, disse.

Contudo, uma das explicações para a projeção é a mudança no cálculo da inflação presente no relatório do novo arcabouço fiscal. Mas, Cajado mudou a referência. Ele aplicou os valores apurados no período de 12 meses encerrado em junho do exercício anterior ao que se refere a lei orçamentária, acrescidos da variação real da despesa.

Na mesma linha, o economista da ASA Investments e ex-secretário do Tesouro Nacional Jeferson Bittencourt diz que duas das mudanças feitas no relatório vão permitir que as despesas subam em R$ 38 bilhões em 2024. Assim também, outros R$ 42 bilhões no ano seguinte.

“O relatório facilita o cumprimento da regra nos primeiros anos de aplicação, evitando um aperto maior da despesa. O limite de gasto público seria mais duro se fosse aplicada a regra geral do arcabouço fiscal”, disse.

Segundo Bittencourt, a regra fiscal permitindo o crescimento das despesas, em termos reais, no teto de 2,5% em 2024. Independentemente da receita, vai liberar os R$ 38 bilhões a mais para gastar.

Limite de gasto público

Além disso, ao modificar a correção da base das despesas. Assim sendo, para o período de julho a dezembro de 2023, a proposta do relator do arcabouço aumenta em mais R$ 42 bilhões o limite para gastos para 2025.

Em resposta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse a jornalistas (18) que as despesas públicas vão ter crescimento inferior a 50% do avanço das receitas no exercício de 2024. Isso em qualquer dos cenários projetados.

O ministro ainda admitiu que o relatório do projeto permite o crescimento das despesas em termos reais. Ou seja, no teto de 2,5% em 2024, mesmo que as projeções de receita não sejam cumpridas.

“Como ele [Cajado] tem a segurança de que a receita contratada vai dar um valor [de crescimento] muito superior a 2,5%, mais que o dobro dos 2,5%, ele ficou confortável em fazer uma regra de transição para o primeiro ano”, disse.

Sendo assim, o relator da matéria negou que seu relatório abra espaço para gastos na ordem de R$ 80 bilhões. Em nota, Cajado disse que a matéria abre R$ 12 bilhões em receita para despesas em razão da reoneração dos combustíveis.

 

Fonte: ebc