Segundo o IBGE, o PIB do Brasil, cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao trimestre anterior, graças avanço puxado pelo agro
Com a força do agro, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao trimestre imediatamente anterior. No acumulado dos últimos quatro trimestres, o avanço foi de 3,5%, totalizando R$ 3,0 trilhões, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta sexta-feira (30).
À primeira vista, a notícia parece positiva — afinal, estamos crescendo mesmo com juros elevados. No entanto, os números escondem uma realidade incômoda: o crescimento está altamente concentrado em um único setor.
O avanço foi puxado pela agropecuária, que cresceu 12,2% no período. Esse resultado já era esperado, pois o agronegócio tem sido, há anos, o grande responsável por sustentar a economia brasileira. Mesmo enfrentando obstáculos políticos e sanitários — como críticas da Europa sobre a qualidade dos produtos e o recente surto de gripe aviária no Sul — o setor segue resiliente, muito graças ao papel estratégico da Embrapa.
Enquanto isso, os serviços avançaram apenas 0,3%, e a indústria recuou 0,1%, praticamente em estabilidade.
Por que só o agronegócio cresceu?
Há muitas explicações possíveis, mas a mais imediata está nas altas taxas de juros. Nos primeiros meses do ano, fatores internacionais também pesaram: a nova gestão de Donald Trump iniciou medidas protecionistas, como tarifas mais altas sobre produtos importados, prejudicando cadeias globais e afetando diretamente a indústria brasileira.
O cenário interno foi ainda mais delicado: a inflação dos alimentos subiu com força. Em março, o índice foi de 1,09%, acima dos 0,61% de fevereiro. Em 12 meses, os preços acumulam alta de 7,42%. O câmbio elevado — com o dólar acima de R$ 6,00 no início do ano, alcançando picos de R$ 6,30 — também contribuiu para o repasse de custos ao consumidor.
Para conter a inflação e manter a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional, o Banco Central subiu a taxa Selic de 13,25% para 14,75% ao ano, com projeções de novas altas até 2026.
Juros altos encarecem o crédito e desestimulam o consumo e o investimento. Como dizia John Maynard Keynes, o bom funcionamento de uma economia depende do fortalecimento da demanda interna. Quando o mercado interno é fraco, a economia se torna vulnerável a choques externos e cresce de forma desequilibrada.
O agronegócio segue gerando bons resultados, mas depende fortemente dos mercados norte-americano, europeu e chinês. Contudo, para termos uma economia mais robusta e menos suscetível às oscilações internacionais, é preciso estimular o consumo, a indústria e o mercado interno.
Fonte: IBGE