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O Pantanal perdeu significativa quantidade de água nos últimos anos e acelerou o processo de queimadas na região

O Pantanal perdeu 29% de superfície de água nos últimos 30 anos

O Pantanal é a maior planície inundável do mundo, aliás, a maior parte, 151.000 Km², está no Brasil, os outros 44.000 Km² se dividem entre Bolívia e Paraguai

O Pantanal perdeu água em boa proporção: 29%. A maior planície úmida do planeta está mais seca. A diferença entre o total da área coberta por água e campos alagados registrada na cheia de 1988/1989 e na de 2018 é de 29%. Assim, na primeira cheia registrada na série histórica de imagens de satélite analisadas pelo MapBiomas, esse total era de 5,9 milhões de hectares. Na última, em 2018, a área alcançou apenas 4,1 milhões de hectares.

O Pantanal é a maior planície inundável do mundo. A maior parte, 151.000 Km², está no Brasil. Os outros 44.000 Km² se dividem entre Bolívia e Paraguai. Mas sabe-se  que o Pantanal perdeu 29% da água em sua extensão.

Em 2020, esse valor foi de 1,5 milhões de hectares, o menor nos últimos 36 anos. Mais seco, o Pantanal está também mais suscetível ao fogo. Aliás, os períodos úmidos favorecem o desenvolvimento de plantas herbáceas, arbustivas, aquáticas e semi-aquáticas, acumulando biomassa. No período seco, por exemplo, a vegetação seca vira combustível para o fogo.

O Pantanal perdeu água

De todos os biomas brasileiros, o Pantanal foi o que mais queimou nos últimos 36 anos: 57% de seu território foi queimado pelo menos uma vez no período, ou 86.403 km². Principalmente, áreas de vegetação campestre e savanas foram as mais afetadas, respondendo por mais de 75% das áreas queimadas. Não é de se espantar que o Pantanal perdeu 29% da água nos últimos anos.

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pantanal Foto: Rogério Florentino | Greenpeace

Ao todo, 93% do fogo no período ocorreu em vegetação nativa; apenas 7% ocorreu em área antrópica. Em 2020 foram mais de 2,3 milhões de hectares queimados. Assim, desde 1985 esse valor só é menor do que a área queimada de 1999, com 2,5 milhões de hectares. Assim acelerou-se a perda de água do Pantanal.

Enquanto 83,8% da planície estava coberta por vegetação nativa em 2020, no planalto, isso ocorreu em apenas 43,4% do território. Pastagens degradadas, a falta de florestas que protegem nascentes e rios, a construção de hidrelétricas, afetam o fluxo dos rios. Do mesmo modo, sofrem com a deposição de sedimentos que reduzem a vazão da água, no planalto e na planície.

O uso antrópico no Pantanal cresceu 261% entre 1985 e 2020, ganhando 1,8 milhão de hectares. Nesse período, a área de pastagens na Bacia do Alto Paraguai dobrou, de 15,9% em 1985 para 30,9% em 2020. A agricultura, por sua vez, quadruplicou, passando de 1,2% em 1985 para 4,9% em 2020. Já a formação savânica, caiu de 24,4% em 1985, para 18% em 2020. Em 2020, 40% da Bacia do Alto Paraguai possui uso agropecuário.

“A CONSERVAÇÃO DO PANTANAL, SUA CULTURA E SEU USO TRADICIONAL DEPENDEM DOS CICLOS DE INUNDAÇÕES E DOS RIOS QUE NASCEM NA REGIÃO DO PLANALTO, ONDE FICAM AS CABECEIRAS DA BACIA DO ALTO PARAGUAI.”

Eduardo Rosa, MapBiomas

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Foto: Luciano Candisani

Livro e exposição revelam imagens das águas do Pantanal 

O fotógrafo Luciano Candisani realizou expedições pelo Pantanal e suas nascentes nos últimos dez anos e reúne seus registros sobre a imensidão aquática do Pantanal no projeto TERRA DÁGUA PANTANAL, composto por um livro fotográfico e exposição com lançamento no Estúdio 41, até o dia 06 de Novembro de 2021.

“De longe ou de perto, as fotografias desse ensaio jamais prescindem do fio condutor líquido: a água está presente em todas as imagens, assim como em tudo o que tem vida”, explica Candisani.

Similarmente, arte e documento se misturam nas 75 fotografias do livro, sendo a maioria delas elaboradas em incursões no período da cheia, quando os rios transbordam e o Pantanal vira um mar interior.

O livro possui uma Edição de Colecionador, aos moldes de MAGNA, de Cristiano Xavier, patrocinada pela Vento Leste e que será doada para o Documenta Pantanal. Toda a renda será revertida para entidades engajadas no combate aos incêndios na região.

Vale uma visita nas áreas de foto e exposição do  https://www.41estudio.com.br/exposições 

Artistas arrecadam mais de R$ 2 milhões para combate ao fogo

Realizada pela iniciativa Documenta Pantanal, a campanha Artistas pelo Pantanal superou a meta e alcançou R﹩ 2.113.950,00, que serão totalmente destinados para equipar e treinar brigadas de combate ao fogo que atuam na região. A ação contou com doações de obras de 42 artistas e o valor das vendas será usado pelo SOS Pantanal para a manutenção de 14 brigadas de incêndio que atuam no Pantanal pelo período de três anos.

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Foto de Araquém Alcântara, uma das obras da campanha Artistas pelo Pantanal

O Pantanal perdeu água e enfrentou grandes incêndios

Em 2020, o Pantanal enfrentou uma onda de incêndios que consumiu mais de 4 milhões de hectares, o que corresponde a 26% da área do bioma. Ou seja, a maior seca registrada nos últimos 47 anos, aliada ao manejo do fogo feito de forma incorreta por produtores para a limpeza de pastos, culminou na tragédia que gerou a morte de animais e destruição da vegetação. Assim, nesse cenário, a campanha Artistas pelo Pantanal visa colaborar para a estruturação das brigadas. Por isso, a ideia é que as comunidades estejam melhor preparadas para o enfrentamento inicial de focos de incêndio, antes da chegada de bombeiros e outros profissionais.

Mas existem outras brigadas atuando na região como a Brigada Alto do Pantanal.

Brigada Alto Pantanal lança campanha #PantanalResiste

Criada no ano passado, em meio aos incêndios que assolaram a região pantaneira, a Brigada Alto Pantanal sobreviveu, até aqui, graças às doações. Agora, a brigada lança a campanha #PantanalResiste para custear as atividades no próximo ano. Vídeo e dados como meta e histórico, veja em brigadaaltopantanal.org.br

Para o presidente do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), coronel Ângelo Rabelo, que liderou a criação da brigada em 2020, os incêndios deste ano demonstram a necessidade da continuidade do trabalho.

“A criação da Brigada Alto Pantanal é fruto da união de muitos esforços. Ela surgiu da necessidade de termos uma resposta rápida ao fogo que estava destruindo o Pantanal, no ano passado. Graças a colaboração de pessoas de várias partes, empresas e parceiros que nos ajudaram, conseguimos manter os brigadistas de forma permanente no ano de 2021”, afirma o presidente do IHP, coronel Ângelo Rabelo.

Fonte: Ciclovivo – Ihu-Unisinos- MapBiomas