Números refletem aumento da atividade econômica, com retorno dos hábitos de trabalho mais próximos da normalidade, aponta especialista
Com o retorno das atividades, o aumento da demanda de energia elétrica é iminente. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estimou que abril fechará com um aumento de 2,5% na carga de energia do Sistema Interligado Nacional (SIN), na comparação com o mesmo período do ano passado.
Isso significa que a demanda por energia aumentará, reflexo do aumento da atividade econômica e do retorno crescente dos trabalhos presenciais no país.
Os subsistemas do Sudeste/Centro-Oeste, com previsão de crescimento de 5,6%, serão os principais responsáveis por essa variação positiva. O Nordeste deverá ter leve aumento de 1,3%, mas os subsistemas do Sul e do Norte deverão ter redução na carga de energia.
Isso significa que a carga a ser atendida em abril deve ser maior que no mesmo mês do ano passado. Desse modo, o aumento da energia elétrica se demonstra nas análises.
Segundo Diego Malagueta, professor de planejamento energético da UFRJ, “o mais provável é que esse aumento esteja atrelado às mudanças de hábitos e de regras das empresas e instituições, retornando a regimes de trabalho mais próximos da normalidade pré-pandemia do que estávamos em abril de 2021”.
Razões do aumento energia elétrica
Apesar desse crescimento previsto para o final de abril, no entanto, a guerra na Ucrânia, que acaba afetando a projeção do PIB brasileiro, também causa impactos na demanda interna por energia. Aliás, isso poderia ser ainda maior se não fossem esses fatores.
“Os desafios nas cadeias de suprimentos, o conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia e o quadro de pressão inflacionária têm refletido sobre o comportamento da carga do SIN”, pontuou a ONS no boletim do Programa Mensal de Operação (PMO) divulgado nesta quinta-feira (14).
O aumento da consumo da energia elétrica tem razão. O ONS também estimou que no dia 30 de abril os reservatórios das usinas termelétricas do Norte devem atingir 99,7% de sua capacidade de armazenamento, os do Nordeste 97,4%, os do Sudeste/Centro-Oeste 68,3% e os do Sul 55,8%.
Assim, todos os níveis previstos indicam leve crescimento no armazenamento dos reservatórios, em relação aos dados atuais.
Os números mantêm a tendência de segurança energética, uma vez que não há mais problemas de abastecimento de energia por hidrelétricas no país — ao menos neste momento, segundo o ONS.
Entretanto, vale lembrar que, no Brasil, cerca de 2 milhões de pessoas não têm acesso à energia elétrica. Ou seja, 6 milhões não contam com iluminação pública.