Frustrações de safra nos EUA e Europa e a redução dos preços dos insumos, sinalizam com 2023 positivo para grãos brasileiros, aponta especialista
2023 deve ser um ano positivo para os grãos brasileiros, a projeção foi feita nesta quarta-feira (23), pelo doutor em economia e sócio consultor da MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros, em Campo Grande, durante o MS Agro, principal evento da área de economia do Sistema Famasul.
Mendonça de Barros elencou uma série de fatores que favorecem o desempenho das principais commodities agrícolas brasileiras, soja e milho, no próximo ciclo. Primeiro, citou um problema de oferta global de grãos em decorrência de frustrações de safra nos Estados Unidos, na Europa e provavelmente na Argentina.
Ainda nesse aspecto lembrou a questão da guerra da Ucrânia e uma retomada da produção de suínos pela China, o que aumenta a demanda por grãos no país para a produção de ração. “Tem uma série de problemas de oferta que têm sustentado os preços mesmo diante de um cenário de desaceleração econômica”.
Paralelo a questão da demanda sustentada, o economista apontou que está ocorrendo uma queda significativa dos preços dos insumos, principalmente dos fertilizantes. “Ainda que os preços dos grãos não tenham crescido tanto, os custos voltaram a cair bastante e sinalizam com um desenho positivo para o resultado de 2023”, reafirmou.
Momento importante dos Grãos na MS Agro
No âmbito interno, Mendonça de Barros comenta que o cenário indica que não deverão ocorrer grandes complicações do ponto de vista macroeconômico. “Quanto a formação do novo governo, eu particularmente, não acho que vamos para uma situação extrema. Vamos ter uma série de discussões mais acaloradas de política agrícola, mas não devemos ter situação de explosão de câmbio, de inflação e de juros. Me parece um cenário com inflação acomodada, taxa de juros que vai cair e câmbio que ficará mais ou menos onde está”.
Já o médico veterinário e diretor da HN Agro, Hyberville Neto, analisou o panorama para a pecuária.
“O momento atual é de mercado mais firme. Tivemos uma entressafra atípica, então o começo de ano pode ser um pouco mais sustentado. Pensando em clientes específicos, os EUA, por exemplo compram mais no começo do ano devido a questão das cotas. A China está retomando um pouco as compras. Então, talvez isso gere um começo de ano mais sustentado, mas firme. Mas entre março e maio temos normalmente uma oferta maior de fêmeas para o abate, porque o bezerro está com preços em baixa o que diminui a rentabilidade da cria e o produtor acaba vendendo mais fêmeas. Observamos isso em 2022 e deve seguir em 2023”.
O presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, destacou a importância do evento para nortear as ações dos produtores. “É importante discutir um possível cenário para 2023, pois pode nos ajudar a garantir mais acertos do que perdas. Sabemos, por exemplo, que o custo de produção aumentou, vivemos incertezas políticas, mudanças climáticas… tudo isso interfere. Por isso, a importância de um evento com o MS Agro para termos conhecimento para a busca de estabilidade e estratégias para o futuro”.
Fontes: Sistema FAMASUL, g1