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Publicado na revista Science Advances, o novo estudo demonstrou a eficácia dos microrrobôs em camundongos com câncer avançado de pulmão

CALIFÓRNIA: Microrrobôs de algas verdes elevam resposta ao câncer de pulmão

Esse invento microscópico aumentou em 40% a taxa de sobrevivência de animais com esse tipo de câncer agressivo

Nos Estados Unidos, engenheiros da Universidade da Califórnia em San Diego desenvolvem uma nova arma contra o câncer de pulmão em metástase: microrrobôs de algas verdes. Misturando conceitos da biologia e da nanotecnologia, esse invento microscópico aumentou em 40% a taxa de sobrevivência de animais com esse tipo de câncer agressivo.

Embora essas novas ferramentas para os tratamentos oncológicos sejam chamadas de microrrobôs, elas não estão sob a influência de nenhum tipo de controle remoto e têm autonomia. Na verdade, estão mais próximas de uma “nave viva” que entrega remédios quimioterápicos no alvo do tumor.

Aliás, a solução é uma grande aposta, já que pacientes com metástase e câncer avançado no pulmão têm baixas taxas de sobrevivência. Entre os motivos, está a dificuldade em fazer com que a quimioterapia convencional chegue ao local desejado. No caso dos microrrobôs, eles podem administrar diretamente no ponto de maior necessidade e se infiltrar de forma ativa no tecido “doente”.

Microrrobôs de algas verdes

Sem nenhuma estrutura metálica ou com polímeros rígidos, os microrrobôs têm como base as algas verdes (Chlamydomonas reinhardtii), que não são tóxicas para o organismo.

Aliás, outra vantagem é que elas se movem, de forma autônoma, através dos seus flagelos (estruturas alongadas que permitem a locomoção). Então, elas podem “nadar” pelo pulmão, fazendo com que o remédio distribuído por todo o órgão e evita pontos excessivamente concentrados. Também se impregnam em locais de difícil acesso.

No entanto, essas microalgas não são introduzidas no paciente in natura. Na verdade, os cientistas anexam quimicamente nanopartículas na superfície das células das algas.

Essas nanopartículas são minúsculas esferas de polímero biodegradável, carregadas com um medicamento quimioterápico (doxorrubicina) e revestidas com membranas de glóbulos vermelhos. As membranas são um agente de camuflagem, impedindo que o sistema imune ataque o enxame de robôs.

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Tratamento contra o câncer de pulmão

Publicado na revista Science Advances, o novo estudo demonstrou a eficácia dos microrrobôs em camundongos com câncer avançado de pulmão. Aliás, a estratégia diminuiu o tamanho dos tumores e aumentou o tempo de sobrevida.

Em média, os animais tratados tiveram um aumento de 40% no tempo médio de sobrevivência, estendendo a sobrevivência de 27 para 37 dias.

Assim, analisando os resultados, os pesquisadores têm algumas hipóteses para justificar a boa resposta. “O movimento de natação ativo dos microrrobôs melhorou significativamente a distribuição do medicamento no tecido pulmonar profundo, ao mesmo tempo que prolongou o tempo de liberação [do remédio]”, pontua Zhengxing Li, um dos autores, em nota.

Após o tratamento, as próprias células do sistema imunológico dos roedores vai decompor a estrutura dos robôs de algas verdes, o que torna a plataforma de entrega de remédios contra o câncer ainda mais efetiva.

Agora, a equipe planeja testar o tratamento em animais maiores antes do início dos experimentos em humanos. Ainda não há um prazo para a próxima etapa começar.

Fonte: canaltech