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A primeira parte do estudo foi uma experiência online na qual os voluntários tiveram de ler sobre diferentes dilemas egocêntricos

Mentira prejudica a autoestima e leva a emoções negativas, diz pesquisa

Um novo estudo, agora publicado na revista científica “The British Journal of Social Psychology”, foca-se precisamente nisso

Quando alguém descobre que foi enganado, normalmente, sente emoções negativas, como raiva ou tristeza, porém, pouco ou nada se fala sobre as consequências psicológicas da mentira para o mentiroso.

Um novo estudo, agora publicado na revista científica “The British Journal of Social Psychology”, foca-se precisamente nisso. A investigação, de autoria inicial do cientista Sanne Preuter, da Universidade de Twente, em Enschede (Holanda), consistiu em quatro experiências diferentes que levaram a cinco novos esclarecimentos interessantes sobre a mentira.

Mentir diminui a autoestima e leva a mais emoções negativas

A hipótese básica do estudo foi que, por ser considerada imoral, a mentira pode levar à diminuição da autoestima e a emoções negativas no mentiroso.

Assim, a primeira parte do estudo foi uma experiência online na qual os voluntários tiveram de ler sobre diferentes dilemas egocêntricos (por exemplo, mentir sobre conhecimentos especializados numa entrevista de emprego) e centrados nos outros (por exemplo, mentir sobre gostar de um vestido novo que uma amiga comprou). De seguida, revelaram se mentiram ou disseram a verdade na última vez que estiveram em situação semelhante.

Além disso, a autoestima dos respondentes e quatro emoções negativas (nervosismo, arrependimento, desconforto e infelicidade) determinadas através de questionários.

Os resultados revelaram que, para dilemas egocêntricos, 41,6% dos voluntários mentiram. Assim, para dilemas centrados nos outros, 45,5% mentiram. Assim, os participantes que mentiram tinham uma autoestima significativamente mais baixa e mais sentimentos negativos do que aqueles que disseram a verdade em ambos os tipos de dilemas.

Na segunda experiência, utilizado um esquema semelhante, desta feita sem dilemas. Em vez disso, os próprios voluntários tiveram de mencionar dilemas do passado. Foi-lhes pedido que apresentassem situações em que mentiram ou uma situação em que decidiram dizer a verdade. Além disso, determinadas emoções negativas e positivas. Os resultados foram claros: os voluntários que se lembraram de uma situação em que mentiram tinham menor autoestima e menos emoções positivas do que as pessoas que se lembraram de uma situação em que disseram a verdade.

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As pessoas mentem mais sobre si mesmas do que sobre os outros

Na terceira experiência, os cientistas pretendiam replicar as descobertas dos testes anteriores recorrendo a uma abordagem de pesquisa diária. Os voluntários convidados a monitorizar todas as suas mentiras num determinado dia. Também convidados a anotar as suas mentiras e os motivos por detrás das mesmas.

No geral, 22,1% dos voluntários contaram uma mentira egocêntrica; 8,2% uma mentira orientada para os outros e 69,7% não mentiram. Além disso, as pessoas que mentiram tinham menor autoestima e sentiam-se menos positivas consigo mesmas do que aquelas que diziam a verdade.

A quarta e última experiência envolveu uma abordagem longitudinal. Os voluntários tiveram de monitorizar os seus comportamentos mentirosos e autoestima durante cinco dias. Assim, os resultados mostraram que existem muitas diferenças entre as pessoas relativamente a quanto mentem. Vinte e dois por cento das pessoas relataram que mentiram em cada um dos cinco dias e 19% disseram que não mentiram em nenhum dos cinco dias.

Na quarta experiência, os investigadores conseguiram replicar as descobertas dos testes anteriores de que mentir estava associado a menor autoestima no dia em que a mentira contada. Além disso, analisaram a associação entre mentira e autoestima ao longo de cinco dias. Quando alguém mentiu, a autoestima ficou mais baixa do que no dia anterior. Portanto, isso demonstra que os indivíduos que mentem geralmente não têm baixa autoestima, mas que o ato de mentir diminui a autoestima.