O número representa 21,4% do total de pessoas que usaram a plataforma, perdendo apenas para a população de 30 a 40 anos (30,3%)
Os jovens com dívidas estudantil, como a Maria Kauana Souza Cabral, 25 anos, que mora com a mãe em São Paulo, quando começou a faculdade de marketing e publicidade, com bolsa parcial, não imaginava que passaria por uma crise financeira que interrompeu seus estudos e chegou a afetar sua saúde.
Por isso, o valor da mensalidade foi aumentando e meu salário, que não chegava a R$ 2.000 à época, ficou insuficiente. Não consegui mais pagar”, diz. A estudante de marketing e publicidade viu-se impedida de continuar estudando e acabou trancando o curso.
O que está acontecendo?
Maria Kauana faz parte de uma estatística preocupante. O número de jovens até 25 anos que estão com o nome sujo, cresceu 66,17% em 12 meses, segundo dados da Serasa.
Contudo, ela perdeu renda e a mãe ficou desempregada. Com a covid-19, Maria Kauana teve diminuição da carga horária no emprego e, consequentemente da renda. Já sua mãe, empregada doméstica, ficou sem trabalho. Então, a jovem acumulou faturas não pagas no cartão de crédito, além das dívidas que tinha com a faculdade.
Com o aumento do custo de vida e a sobrecarga dos débitos, desenvolvi síndrome de burnout. Foi um período muito complicado”, conta. Passada a fase mais crítica e com o recuo dos casos de covid-19, Maria conseguiu se organizar, aumentar sua renda, e negociar o saldo devedor do cartão de crédito, pelo aplicativo da Serasa. “Já em relação à faculdade, tive dificuldades e foi preciso assinar um contrato pessoalmente.
Enfim, tudo mais burocrático”, declara. Após o susto, a jovem ressalta a importância do planejamento financeiro, com a criação de uma reserva para emergências, quando possível.
Da mesma forma, o acúmulo de gastos pessoais de Lorrani Helena Souza, 22 anos, de Guarulhos (SP), aconteceu quando o desemprego tirou dela a chance de quitar os débitos do cartão. “Fiquei desempregada e não tive condições de pagar a fatura, então meu nome foi para a Serasa”, conta. Com o score baixo, Lorrani teve o cartão bloqueado, o que afetou diretamente sua rotina. Só conseguiu se reerguer após cerca de um ano e um novo emprego.
Os jovens e as dívidas
Ela diz que a primeira coisa que fez foi quitar o que devia, conseguindo desconto. Com a recuperação do crédito, a jovem que trabalha como vendedora de uma outlet, pretende investir no futuro e programar-se melhor financeiramente, para que a situação não se repita.
Por isso, os jovens estão devendo?
Patrícia Camillo, pós-graduada em finanças pelo Insper e especialista da Serasa, afirma que as principais causas do acúmulo de débitos são contas de telefonia e comunicações, seguidas de cartões de crédito. Mas, há também, casos de mensalidades de faculdade atrasadas, queda da renda pela diminuição de carga horária com a pandemia, e aumento dos custos de vida.
Os jovens estão tentando resolver os problemas, mas a busca para limparem o nome também está aumentando. Por exemplo, em agosto deste ano, houve 72,47% mais jovens buscando acordos para voltar a ter crédito na praça, se comparado ao mesmo mês em 2021. Ao todo, 540,1 mil jovens, com menos de 25 anos, utilizaram a Sererasa Limpa Nome para fazer acordos em agosto.
O número representa 21,4% do total de jovens com dívidas que usaram a plataforma, perdendo apenas para a população de 30 a 40 anos (30,3%). Segundo a Serasa, a faixa salarial mensal dos jovens que procuraram a renegociação é de R$ 1.000 e R$ 2.000. “A preocupação com o futuro e a falta de acesso ao crédito são os motivos que levam os jovens a livrarem-se das dívidas”, explica.