Devemos ficar atentos à sonolência excessiva diurna em idosos
Estudos indicam que cochilo em excesso para idosos pode ser sinal de demência. Em outras palavras, de Alzheimer, de acordo com pesquisa.
No entanto, idosos, que cochilavam pelo menos uma vez por dia ou mais de uma hora diária, foram 40% mais propensos a desenvolver Alzheimer. Em relação àqueles que não cochilavam diariamente ou tiravam uma soneca de menos de uma hora por dia. De acordo, com o estudo publicado nesta quinta-feira (17) no periódico “Alzheimer’s and Dementia”, da Associação de Alzheimer.
A coautora do estudo Yue Leng, professora assistente de psiquiatria da Universidade da Califórnia, em San Francisco, trouxe mais esclarecimentos. “Descobrimos que a associação entre cochilos diurnos excessivos e demência permaneceu após o ajuste da quantidade noturna e da qualidade do sono”.
Os resultados vão ao encontro a um estudo anterior de Yue. O qual apontou que cochilar duas horas por dia aumentava o risco de comprometimento cognitivo. Isso em comparação com cochilar menos de 30 minutos diários.
O novo estudo usou dados coletados ao longo de 14 anos. Sobretudo, pelo Rush Memory and Aging Project. Que acompanhou mais de 1.400 pessoas com idades entre 74 e 88 anos (com idade média de 81).
Richard Isaacson, diretor da Clínica de Prevenção de Alzheimer no Centro de Saúde do Cérebro do Schmidt da Faculdade de Medicina da Florida Atlantic University trouxe mais alertas, quanto ao problema. “Acho que o público não está ciente de que a doença de Alzheimer é uma doença cerebral. E que muitas vezes, causa mudanças no humor e no comportamento do sono”.
Já Isaacson, que não esteve envolvido no estudo, trouxe mais informações. “A soneca excessiva pode ser uma das muitas pistas de que uma pessoa pode estar no caminho do declínio cognitivo e desencadear uma avaliação individual com um médico assistente”.
Maior necessidade de sonecas diurnas, pode ser também um sinal de mudanças cerebrais
A qualidade e a quantidade do sono diminuem com a idade. Muitas vezes, devido à dor ou complicações de condições crônicas. Como por exemplo, idas ao banheiro mais frequentes. Assim, os idosos tendem a tirar sonecas com mais frequência, do que quando eram mais jovens.
Mas o cochilo diurno também pode ser um sinal de mudanças cerebrais. Que são, contudo “independentes do sono noturno”, disse Yue. Ela fez referência a pesquisas anteriores. As mesmas sugerem que o desenvolvimento de emaranhados de uma proteína chamada tau é um sinal característico da doença de Alzheimer. No entanto, que a mesma pode estar afetando os neurônios promotores da vigília. Sobretudo, em áreas-chave do cérebro, interrompendo o sono.
Durante 14 dias por ano, os participantes do estudo atual usaram um rastreador. Com o objetivo de capturar dados sobre seus movimentos. Assim sendo, a ausência de movimento por um período prolongado entre às 9h e 19h foi interpretado como um cochilo.
Embora, seja possível que as pessoas estivessem lendo ou assistindo TV. “Desenvolvemos um algoritmo exclusivo para definir cochilos e diferenciar os mesmos de nenhuma atividade. Não definimos uma duração específica para ‘cochilo prolongado. Mas estávamos mais focados nos minutos de cochilo acumulados por dia. Como também, na mudança na duração dos cochilos ao longo dos anos”, disse Yue.
Ser sedentário e não se mover por longos períodos de tempo é fator de risco para declínio cognitivo e Alzheimer”
“Mais estudos são necessários com dispositivos que são validados para detectar sono versus comportamento sedentário“, disse Isaacson. “Mas, ao mesmo tempo, ser sedentário e não se mover por longos períodos de tempo é um fator de risco conhecido para declínio cognitivo e Alzheimer”.
“Independentemente do motivo, adormecer durante o dia ou cochilar excessivamente levanta minha antena para focar se a pessoa pode estar em maior risco de doença de Alzheimer ou declínio cognitivo”, disse ele.
Ao longo dos 14 anos, o estudo revelou que o cochilo diurno diário aumentou em média 11 minutos por ano. Contudo, para adultos que não desenvolveram comprometimento cognitivo. No entanto, um diagnóstico de comprometimento cognitivo leve dobrou o tempo da soneca para um total de 24 minutos por dia. As pessoas que foram diagnosticadas com Alzheimer quase triplicaram o tempo de soneca, para uma média de 68 minutos por dia.
O “aumento drástico” na duração e frequência do cochilo ao longo dos anos parece ser um sinal particularmente importante, disse Yue.
“Eu não acho que temos evidências suficientes para tirar conclusões sobre uma relação causal. De que é o próprio cochilo que causou o envelhecimento cognitivo. Mas sonecas diurnas excessivas podem ser um sinal de envelhecimento acelerado. Como também, um processo de envelhecimento cognitivo”, disse ela.
O que fazer quando idosos tiram cochilo demais e isso pode ser sinal demência?
Para o caso em que o cochilo demais pode ser sinal de demência em idosos há muito a se fazer. De preferência, os adultos devem limitar os cochilos diurnos a 15 a 20 minutos. Sobretudo, antes das 15h. Com o objetivo de obter os benefícios mais restauradores da soneca. Bem como, evitar prejudicar o sono noturno, disse Yue.
Além disso, adultos mais velhos e cuidadores de pessoas com doença de Alzheimer devem prestar mais atenção aos comportamentos. Que envolvem, no entanto, cochilos diurnos. Como também aos indícios de excesso ou aumento das sonecas, disse ela.
Qualquer aumento significativo no comportamento de cochilo deve ser discutido com um médico, disse Isaacson.
“Acho que nunca é tarde demais para alguém fazer uma mudança de estilo de vida. Tornar-se saudável para o cérebro ou prestar mais atenção à saúde do cerebral”, disse Isaacson. “É preciso fazer do sono uma prioridade. E dessa forma, prestar atenção à qualidade do sono. Como também, conversar com seu médico sobre o isso: essas são ações fundamentais”.