Petróleo e trigo foram grandemente afetados pelos aumentos em função da guerra e devem impactar o pãozinho, a carne e a cerveja, mudando uns dos poucos prazeres da mesa do brasileiro
A guerra entre Rússia e Ucrânia ameaça diretamente o bolso (e a alegria) dos brasileiros, pois o aumento do preço de commodities usadas em larga escala, como petróleo e trigo, deve impactar os preços de produtos que os brasileiros adoram, como a carne, a cerveja e o pãozinho, e assim ficarão caros.
“Petróleo, gás natural, fertilizante e trigo foram os primeiros a serem impactados. Só que esses quatro produtos acabam afetando uma vasta cadeia. A alta atinge fertilizantes, o que impacta soja, milho, ração e proteína animal (principalmente porcos, leite e ovos)”, disse Roberto Dumas, professor do Insper e especialista em economia internacional. Dessa forma, especialistas listam alguns dos produtos cotidianos dos brasileiros para entender o impacto da guerra nos preços. Confira:
Cerveja
A guerra já afetou a importação de algumas matérias básicas para o setor cervejeiro, como o trigo e a cevada, de acordo com Paulo Petroni, presidente da CervBrasil (Associação Brasileira da Indústria da Cerveja) dado que Rússia e Ucrânia são grandes exportadoras de trigo e cevada e devem reduzir o ritmo de produção.
Estão caros o pãozinho, a carne e a cerveja
“O prolongamento da guerra, com a redução das exportações de Rússia e Ucrânia, além da problemática de logística, vai trazer problemas e encarecimento das matérias-primas da cerveja”, disse.
Segundo ele, outros custos, como a alta da energia e do combustível, também devem pressionar os preços. “O que já sentimos, de uma maneira muito forte, é a questão do custo da energia, tanto da elétrica, como do gás. Subiu muito.”
Como a distribuição é feita por caminhões, o aumento do combustível também pesa bastante no preço final, afirmou.
Churrasco
Outro item que o brasileiro adora e que também deverá sofrer pressões inflacionárias por causa do conflito é a carne do churrasco. Segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o milho e a soja, que representam mais de 70% do custo total de produção, acumulavam altas superiores a 100% nos últimos meses, e agora enfrentam o reflexo do conflito no leste europeu.
“Os produtores têm sentido o peso das dificuldades impostas, e vários estão trabalhando no vermelho. Alguns relatam a diminuição da capacidade de produção frente aos elevados custos da agroindústria”, disse Ricardo Santin, presidente da ABPA.
“Com a forte alta nos custos de produção, já há repasse ao preço do produto para o consumidor final. Novos repasses poderão ocorrer com a continuidade da elevação dos custos”, completou.
Carne, cerveja, pãozinho, doces, chocolates mais caros
O pãozinho, doces, balas e chocolates também devem ter os preços em alta.
“A guerra deverá reduzir a oferta de trigo no mundo. Além disso, a Ucrânia exporta fertilizantes para o Brasil, o que deverá impactar a oferta de produtos agrícolas por aqui, fazendo com que o preço dos produtos e seus derivados aumente, como pão e massas”, disse Johnny Mendes, professor de economia da Faap.
Segundo a Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas), a falta dos grãos poderá impactar mais o setor em breve.
“A situação tem afetado principalmente a cadeia produtiva do amendoim, visto que 48% das exportações brasileiras do grão têm como destino Rússia e Ucrânia. Estamos acompanhando atentamente os desdobramentos do conflito e, paralelamente, estudando cenários e possíveis soluções para minimizar o impacto negativo no setor”, afirmou.
Gasolina
Talvez o maior impacto do conflito seja no preço do petróleo, por exemplo, que disparou e chegou a ser cotado a cerca de US$ 140 o barril, o que encareceu os combustíveis no Brasil.
A alta deve encarecer não só os produtos em geral, que dependem do transporte rodoviário, mas também as viagens de fim de semana dos brasileiros. Nesse sentido, a alta generalizada causada pelo petróleo mais caro deve pressionar a inflação no Brasil. E o pãozinho, a carne e a cerveja por consequência estão mais caros.
Nesse sentido, o Brasil tem como principal modal o transporte rodoviário e, com o aumento dos combustíveis, haverá elevação para basicamente todos os preços dos grupos que compõem o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial.
Fonte: uol, foto:senado federal do Brasil