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Cerca de 20% dos entrevistados brasileiros acreditam que precisam de 3 a 4 semanas de férias para se sentirem totalmente relaxados

FEAR OF SWITCHING: Em férias e conectado ao trabalho

Brasileiros ficam mais estressados quando tentam se desligar do trabalho e durante as férias não ficar conectado requer esforço

Se as férias um dia significaram um momento de descompressão e desconexão com o trabalho, a realidade hoje é outra e ficar conectado ganhou certa normalidade. Só que não. O Foso (Fear of Switching Off, ou o medo de se desligar) atinge profissionais de todo o mundo– americanos, europeus e também brasileiros. Uma pesquisa global mostra, entretanto, que 61% dos brasileiros ficam ainda mais estressados e ansiosos quando se desconectam do celular e do trabalho. E, desse modo, não conseguem relaxar durante as férias.

O estudo foi encomendado pelo Priority Pass, programa que dá acesso a lounges em aeroportos em todo o mundo. E acontece por intermédio da empresa global de pesquisa Dynata. Ela entrevistou, contudo, mais de 8 mil pessoas em 13 países. E revelou, assim o comportamento dos viajantes em seus períodos de férias.

Entre as principais preocupações está o medo de perder mensagens importantes, principalmente sobre o trabalho. “As pessoas têm muito medo de não acompanharem o dia a dia e serem pegas de surpresa na volta das férias”, diz Christopher Evans, CEO da Collinson International, operadora do Priority Pass.

 

20% dos entrevistados brasileiros acreditam que precisam de três a quatro semanas de férias

Para Luís*, gerente de projetos de uma multinacional de tecnologia, é difícil aproveitar os momentos de folga sem pensar no que vai encontrar depois. “Fico ansioso e tento antecipar alguns temas pelo celular para que seja menos correria depois. O trabalho fica acumulado e os prazos não mudam.”

Apesar disso, a pesquisa mostra que a estabilidade de um emprego permite que os profissionais se desconectem com mais facilidade. 26% das pessoas empregadas consideram fácil se desconectar de assuntos de trabalho durante as férias. E 48% desse grupo não acompanha e-mails e aplicativos de mensagens relacionadas a trabalho nesse período.

Em relação ao tempo de férias, cerca de 20% dos entrevistados brasileiros acreditam que precisam de três a quatro semanas para se sentirem totalmente relaxados. Para os estrangeiros, o período ideal de férias é de, no máximo, duas semanas.

 

Empreendedor não tem férias

A situação é ainda pior quando se analisa o perfil dos empreendedores. Pois 41% se mantêm disponíveis para o trabalho durante viagens. E acreditam ser praticamente impossível se desconectar por mais de meia hora dos seus celulares. “O ônus de empreender é não conseguir se desconectar”, diz Ricardo Onofre, CEO da Social Digital Commerce.

Os dados vão na contramão da ideia de que o empreendedorismo permite maior flexibilidade na agenda. “Eles acabam acumulando funções e dão a palavra final em determinadas situações. Por isso ficam conectados de forma ainda mais intensa”, observa Evans, CEO da Collinson International.

Para Callebe Mendes, fundador e CEO da fintech Zapay, tirar férias é ainda mais difícil no início do negócio. “Os desafios e os problemas continuam e é essencial que eles sejam resolvidos”, afirma, sugerindo que o empreendedor tenha pequenos momentos de descanso. “Costumo dizer que o empreendedor tem que ser acostumado a trabalhar 24×7”.

Não ficar conectado ao trabalho e a importância de tirar férias

Com o aumento do trabalho remoto e híbrido, as linhas entre a vida pessoal e profissional ficaram cada vez mais tênues. Tornando difícil para as pessoas desligar completamente. “O WhatsApp virou uma ferramenta para fazer a gestão do dia a dia. A tecnologia e a digitalização facilitam muitas coisas, mas dificultam a desconexão”, diz Douglas Salvador, CEO e fundador do Clube do Malte. Pois ele se desconectou totalmente do trabalho pela última vez em 2010, em uma viagem a Cuba. Onde não tinha, contudo, sequer internet.

Apesar de o híbrido ser a maneira preferida de trabalhar dos funcionários e estar associado a um melhor bem-estar e equilíbrio, os dados sugerem que esse modelo pode ser mais emocionalmente desgastante do que o trabalho totalmente remoto ou no escritório.

Estratégias para se desconectar e curtir as férias sem culpa

Mesmo quando as pessoas tiram uma folga, metade delas admite levar seus notebooks de trabalho nas férias. E 41% participam de videochamadas, o que as deixa ainda mais exaustas. O que quer que esteja por trás dessa dificuldade em se desconectar, não é sustentável para funcionários e empresas. Além de poder enfrentar consequências de saúde graves, profissionais com o mental abalado são menos produtivos e criativos.

É por isso que os empregadores que valorizam seus funcionários – e os resultados da empresa – devem fazer de tudo para incentivá-los a fazer uma boa pausa. Quando as pessoas conseguem recarregar totalmente, elas retornam ao trabalho com um “senso renovado de energia e propósito. O que aumenta sua produtividade e motivação”, diz Kevin Cashman, autor de “The Pause Principle: Step Back to Lean Forward” (“O Princípio da Pausa: Um passo atrás para ir adiante”, em tradução livre).

Além disso, é muito melhor para as empresas apoiar e reter os seus talentos. Do que gastar tempo, dinheiro e esforço para contratar e treinar alguém novo.

Veja algumas dicas para se desconectar do trabalho sem culpa e aproveitar suas merecidas férias.