O registro de uma nova vacina para a prevenção da dengue
A vacina Qdenga que teve o estudo fase 3 na UFMS da empresa Takeda Pharma Ltda é composta por quatro diferentes sorotipos do vírus causador da doença, conferindo assim uma ampla proteção contra a dengue.
Por isso, o estudo para a vacina aprovada teve participação de pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), da Faculdade de Medicina de Campo Grande e do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian.
Dessa forma, a coordenadora do curso de Medicina, a médica pediatra Ana Lúcia Lyrio Oliveira, coordenou o estudo fase 3 da vacina para dengue da Takeda na UFMS, quando se verifica a eficácia e as reações adversas.
Segundo Ana Lúcia, o estudo iniciado em 2016 e teve a participação três professores médicos, quatro alunos da pós-graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias, três acadêmicos e três residentes de infectologia.
Além de profissionais contratados pela Fapec com verba do patrocinador
“Nós participamos dos testes com os voluntários de 4 a 17 anos. Houve um fortalecimento, um aprendizado imenso com esse estudo na área de pesquisa clínica. Mas, os alunos aprendem o rigor do método científico, o acompanhamento dos voluntários, os resultados. Aprendem na prática a aplicar a metodologia científica”, explicou.
O produto da Takeda está destinado à população pediátrica acima de 4 anos, adolescentes e adultos até 60 anos de idade. Estará disponível para administração via subcutânea em esquema de duas doses, com intervalo de 3 meses entre as aplicações.
Contudo, a vacina Qdenga também avaliada pela agência sanitária europeia (EMA), tendo recebido uma recomendação positiva no âmbito do programa “EU Medicines for all”, um mecanismo que permite a avaliação de medicamentos que se destinam a ser utilizados em países de baixa e média renda fora da União Europeia (UE). Sua comercialização foi aprovada na União Europeia em 20/12/2022.
Durante a análise técnica realizada pela Anvisa, realizou-se um painel para a discussão de alguns pontos do processo de registro com especialistas do país sobre a doença. O painel ocorreu em 10/01/2023 e em seguida os especialistas apresentaram um parecer opinativo sobre o produto e sobre as condições de uso pleiteadas pela empresa, com o objetivo de subsidiar a análise realizada pelos técnicos da Agência.
A concessão do registro pela Anvisa permite a comercialização do produto no país, desde que mantidas as condições aprovadas. Por isso, a vacina, contudo, segue sujeita ao monitoramento de eventos adversos por meio de ações de farmacovigilância sob a responsabilidade da empresa.
Por exemplo, a vacina Qdenga que é a primeira aprovada no Brasil para um público mais amplo (de 4 a 60 anos de idade). Mas, a vacina aprovada anteriormente (Dengvaxia) só utilizada por quem já teve dengue.
Eficácia da vacina dengue UFMS
A eficácia contra a dengue para todos os sorotipos combinados entre indivíduos soronegativos para dengue (sem infecção anterior pelo vírus da dengue) foi de 66,2% (IC de 95%: 49,1%, 77,5%). Já para os indivíduos soropositivos (indivíduos que tiveram infecção anterior pelo vírus dengue), esse valor foi de 76,1% (IC de 95%: 68,5%, 81,9%).
Individualmente, a eficácia calculada contra o sorotipo DENV-1 foi de 69,8%, contra o sorotipo DENV-2 foi de 95,1% e contra o sorotipo DENV-3 foi de 48,9%. Para o sorotipo DENV-4, o reduzido número de casos identificados durante os estudos não permitiu estabelecer um resultado de eficácia de forma estatisticamente relevante.
Adicionalmente, no caso específico da DENV-3 o resultado de eficácia para indivíduos soronegativos não se mostrou satisfatório.
Todavia, o valor de eficácia global da vacina, que é o objetivo primário do estudo clínico apresentado, atingiu o patamar de 80,2%, calculado a partir da comparação dos resultados dos participantes que receberam a vacina e dos que receberam placebo, para todos os 4 sorotipos, e contabilizando todos os casos de dengue identificados, seja em indivíduos soropositivos ou soronegativos.
A demonstração da eficácia da vacina Qdenga tem suporte principalmente nos resultados de um estudo de larga escala, estudo de fase 3, randomizado e controlado por placebo, conduzido em países endêmicos para dengue com o objetivo de avaliar a eficácia, segurança e imunogenicidade da vacina.
Fonte: ufms