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Escola dos EUA substitui professores por IA, oferece apenas 2 horas de aula por dia e dedica o restante do tempo a atividades de socialização. Foto: Freepik

EUA: Escola troca professores por inteligência artificial e tem só 2 horas de aula por dia; mensalidades partem de R$ 18 mil

A Alpha School, escola privada nos Estados Unidos, substituiu professores tradicionais por IA de aprendizado, que motiva os alunos em aula

Uma escola para crianças e adolescentes baseada em inteligência artificial (IA) está em expansão nos Estados Unidos: ela substitui professores por programas digitais capazes (em tese) de detectar o nível de conhecimento de cada aluno e oferecer um ensino personalizado e acelerado em aula.

Não há mesmo professores?

Não. O colégio diz que oferece “guias de aprendizagem”: profissionais cujo papel principal é incentivar os alunos. “Sua função é identificar as necessidades individuais [dos estudantes] e oferecer suporte emocional e motivacional durante o processo de aprendizado”, diz a Alpha School.

Os guias monitoram o progresso dos estudantes por meio de relatórios gerados pela IA e organizam oficinas e atividades que desenvolvem “habilidades para a vida”, como práticas de oratória e ensinamentos sobre finanças pessoais.

“Eles são selecionados por sua excelente formação acadêmica e experiência em áreas como tecnologia e startups, além de sua capacidade de se conectar e motivar os alunos”, afirma a instituição.

Todavia, não há nenhuma menção à obrigatoriedade de licenciatura ou de graduação em alguma disciplina específica.

Por que apenas 2 horas de aula por dia?

Os alunos estudam conteúdos fundamentais (matemática, ciências, leitura) entre 9h e 11h da manhã, com acompanhamento personalizado da IA. Na proposta da escola, isso seria possível porque “a ferramenta identifica dificuldades e acelera o progresso acadêmico individual até o domínio completo de cada tópico”.

A Alpha School responde à crítica ao uso abusivo de telas dedicando o restante do dia à interação social. Desse modo, promovendo workshops, projetos colaborativos e atividades práticas com os colegas.

Como os alunos são motivados?

A escola usa modelos de motivação individuais e coletivos, com recompensas e incentivos. Contudo, a partir do desempenho de cada um e das metas atingidas, é possível ganhar tempo para atividades extras ou usar a moeda interna da escola para acessar experiências “especiais”.

Qual é o sistema de níveis na Alpha School?

A instituição oferece o equivalente ao período entre pré-escola e ensino médio, utilizando níveis baseados em habilidades específicas atingidas por cada aluno. A idade não determina o progresso; estudantes avançam nas disciplinas de acordo com suas capacidades.

De quanto é a mensalidade?

O site oficial informa que a mensalidade da Alpha School cobre todas as atividades do estudante — incluindo viagens, materiais didáticos e eventos especiais. Todavia, como mencionado no início da matéria, a taxa anual é de US$ 40 mil dólares (cerca de R$ 217,3 mil).

Como funciona a admissão?

  • É preciso preencher e enviar o formulário de candidatura e pagar uma taxa não reembolsável de US$ 100 por aluno.
  • Depois disso, o estudante deve participar de uma “Showcase” (apresentação da escola) e, então, agendar o “Shadow Day” — um dia para vivenciar Alpha School, usando os aplicativos de IA e participando das oficinas focadas em habilidades de vida.
  • Após o “Shadow Day”, a equipe de admissões revisa os resultados, os comentários da visita e discute os objetivos acadêmicos com a família.
  • Se o aluno for aprovado, a escola oferece a matrícula e cobra um depósito não reembolsável de US$ 1.000 para garantir a vaga, que será descontado do total da anuidade.

Quais críticas são feitas ao modelo da escola?

Nos EUA, especialistas levantam questionamentos sobre:

  • a reduzida carga horária voltada às disciplinas tradicionais (apenas 2 horas por dia);
  • o excesso de contato com telas provocado pelo uso da IA;
  • a “robotização dos alunos”, que passam a ser estimulados apenas por recompensas externas;
  • formação dos “guias”, que não necessariamente têm licenciatura ou experiência em sala de aula;
  • os possíveis prejuízos em questões relacionadas a habilidades sociais, pensamento crítico e concentração por períodos mais prolongados;
  • a regularidade da existência dessa escola (a falta de alinhamento aos padrões acadêmicos barrou esse modelo na Pensilvânia, por exemplo);
  • a falta de discussões sobre diversidade e inclusão.

Fonte: g1