Após trágico atentado do Paquistão, na região de Caxemira, no norte da Índia, mais uma guerra pode iniciar entre os países, confira
Um atentado que matou 26 turistas na região da Caxemira, no norte da Índia, (22), acendeu o alerta máximo entre Índia e Paquistão, duas nações rivais e detentoras de armas nucleares e que podem iniciar mais uma guerra. Desde então, os países trocaram acusações de envolvimento com grupos terroristas, medidas diplomáticas de retaliação e até confrontos armados na fronteira, elevando o temor de uma nova guerra no sul da Ásia.
O atentado provocou forte reação na Índia, de maioria hindu, aumentando a pressão sobre o governo do primeiro-ministro Narendra Modi para adotar uma postura mais dura em relação ao vizinho Paquistão, de maioria muçulmana. Nova Délhi acusa Islamabad de apoiar financeiramente e dar suporte logístico a grupos extremistas que atuam na Caxemira, território de disputa histórica entre os dois países.
Em resposta, a Índia suspendeu a participação no Tratado de Águas do Indo, que regula desde 1960 o compartilhamento dos rios da região, com mediação do Banco Mundial. Também rebaixou suas relações diplomáticas com o Paquistão. Islamabad retaliou fechando o espaço aéreo para aeronaves indianas, expulsando diplomatas e suspendendo o comércio bilateral.
Na Linha de Controle, a fronteira de fato entre as áreas controladas por Índia e Paquistão na Caxemira, os tiroteios se intensificaram. Tropas dos dois lados trocam disparos há quatro dias consecutivos.
A Índia afirma que está apenas respondendo a tiros “não provocados” disparados do lado paquistanês. Já o Paquistão alega ter abatido 54 militantes que teriam cruzado a fronteira a partir do Afeganistão, supostamente com apoio indiano.
Risco de escalada militar
O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Muhammad Asif, afirmou na segunda-feira (28) que uma incursão militar indiana seria iminente. Segundo ele, o país está pronto para responder a qualquer ameaça, inclusive com o uso de armas nucleares “em caso de ameaça direta à existência nacional”.
A Índia, por sua vez, realizou exercícios militares e testes de mísseis de longo alcance nos últimos dias, numa tentativa de demonstrar sua capacidade de dissuasão. Lideranças locais na região de Jammu e Caxemira pediram cautela para evitar que a população civil seja vítima de ações militares.
A escalada preocupa a comunidade internacional. A ONU apelou por moderação de ambos os lados. Estados Unidos, China e países do Golfo Árabe foram acionados para tentar mediar a crise. Washington declarou manter contatos com os dois governos, mas evitou assumir um papel de mediação direta.
Raízes históricas do conflito
A rivalidade entre Índia e Paquistão remonta a 1947, com a partilha do subcontinente indiano após o fim do domínio britânico. Todavia, a divisão resultou na criação de dois Estados: a Índia, de maioria hindu, e o Paquistão, de maioria muçulmana, além de provocar massacres e deslocamentos em massa.
A Caxemira, região de maioria muçulmana localizada no norte do subcontinente, rapidamente se tornou o principal foco de disputa após a Partição de 1947. Embora a maioria da população fosse muçulmana, o governante local, o marajá Hari Singh, era hindu e, diante de uma invasão de tribos armadas apoiadas pelo Paquistão, decidiu aderir oficialmente à Índia em troca de ajuda militar. Desse modo, a decisão provocou a primeira guerra indo-paquistanesa (1947-1948), que terminou com a intervenção da ONU e a criação da chamada Linha de Controle. Dividindo a Caxemira entre as duas nações.
Desde então, Índia e Paquistão travaram quatro guerras: em 1947, 1965, 1971 e 1999. Três desses conflitos tiveram a disputa pela Caxemira como elemento central. A exceção foi a guerra de 1971, motivada principalmente pela independência de Bangladesh, então parte do Paquistão Oriental.
Apesar de cessar-fogos e acordos como o Tratado de Simla, assinado em 1972, a região nunca deixou de ser um foco de tensão. Insurgências separatistas e ataques terroristas continuaram alimentando a desconfiança mútua.
Em conclusão, o quadro piorou em 2019, quando o governo Modi revogou a autonomia especial da Caxemira. Decisão que acirrou o ressentimento do Paquistão e provocou novas ondas de violência.
Fonte: r7