Os egípcios colocaram na cabeça pela 1ª vez uma peruca com cabelo humano
Antes mesmo de nos aprofundarmos do porquê as perucas estavam muito em uso no século XVIII, vamos fazer uma viagem mais atrás no tempo. Como muitas porções da História começaram no Egito Antigo, o hábito de usar perucas não poderia ter começado em um lugar diferente. Foi por volta de 2700 a.C., que os egípcios colocaram na cabeça pela primeira vez uma peruca confeccionada com cabelo humano e lã de ovelha.
A princípio, o uso não tinha em nada a ver com a estética. Pois era apenas um acessório que servia para proteção do couro cabeludo do sol escaldante do deserto. No entanto, não demorou muito para que a elite egípcia adquirisse a peruca como artigo de moda. Aliás, o acessório introduziu-se na cultura antiga dos gregos e romanos. E ainda mais, com a mesma finalidade estética. Visto que mudar alguma parte do corpo foi considerado exótico.
As perucas se introduziram no Ocidente por volta de 1600, quando o rei Luís XIV começou a perder o cabelo, aos 17 anos. O mesmo aconteceu com seu primo, o rei Carlos II da Inglaterra. E, em ambos os casos, acredita-se que tenha sido devido à sífilis. De qualquer forma, foi Luís o responsável por iniciar a mais forte tendência que as perucas já encontraram na História.
No Século XVII o cabelo no homem simbolizava boa educação, cuidado e posses
Se até quando operou uma fístula anal e teve que perambular por Versalhes e Paris com a bunda enfaixada, Luís lançou tendência. Não seria nada diferente com as perucas. Ainda mais por coincidir com um momento em que os europeus estavam sendo cada vez mais afetados pela queda de cabelo. Sobretudo, devido à peste e a sífilis, que aumentava em escalas sem precedentes.
Além disso, o século XVII foi marcante pela supervalorização do cabelo que para o homem, por exemplo, significava boa educação, cuidado e posses. Ou seja, uma cabeça esburacada ou mesmo careca não só evidenciava um quadro de doença e desleixo, quanto diminuía o status de uma pessoa.
Após Luís contratar 48 fabricantes de perucas para montar a sua, a moda floresceu e se espalhou rapidamente entre os cortesãos. Alcançando, dessa forma, a classe mercantil. Elas chegaram a custar 25 xelins. O equivalente a uma semana inteira de trabalho de um londrino plebeu. A nobreza chegava a gastar até 800 xelins por mês na confecção de perucas.
Os franceses se desfizeram das perucas durante a Revolução Francesa
Em vez disso, eles adotaram o hábito, também muito famoso e considerado um sinal de sofisticação, de empoar os cabelos com talco. Durante a prática, que surgiu em 1500, com Marguerite de Navarre, esposa de Henrique II de Navarra. No cabelo, geralmente, pulverizava-se amido ou pó com perfume. Após empapá-lo com uma loção capilar chamada pomatum, que ajudava o talco a grudar.
Mesmo após a morte de Luís e Carlos, as perucas resistiram. Mostrando, dessa forma, que havia ganhado mais espaço na sociedade do que as pessoas poderiam imaginar. Sobretudo, com a avalanche de piolhos que tomou conta da época. As perucas reduziram o problema porque evitavam que os insetos alcançassem o couro cabeludo para se fixar. Embora eles fossem parar no cabelo artificial, despiolhar uma peruca consistia apenas em enviá-la para o peruqueiro. E assim, o mesmo a fervia e removia as lêndeas mortas que permaneceram grudadas.
No final do século XVIII, porém, a tendência já estava no fim. Os franceses se desfizeram das perucas durante a Revolução Francesa, e os britânicos, assim que o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, William Pitt, passou a cobrar um imposto sobre elas, em 1795.