Muitas vezes, as famílias não sabem lidar com o ente querido em situação de dependência química
A princípio, a Prefeitura de Campo Grande lança programa de apoio às famílias de dependentes em recuperação. Agora, com o novo programa, os atendimentos se estendem às famílias. Enquanto os dependentes se tratam nas Comunidades Terapêuticas. “Muitas vezes, as famílias não sabem lidar com o ente querido em situação de dependência química. O programa dará todo apoio para a elas. No entanto, para compreender a situação. Como também, dará suporte ao adicto (dependente) em tratamento. E, posteriormente, como devem recebê-lo de volta ao lar”, explica Amadeu Borges, subsecretário da SDHU.
Contudo, há quatro meses, quando decidiu se internar em uma Comunidade Terapêutica para tratamento contra a dependência química, George Salviano tinha um grande dilema: com quem deixaria seu filho de 18 anos dependente dele. Sobretudo, enquanto estivesse no isolamento para a recuperação.
Casos de dependentes e familiares envolvidos e criação do programa
“Mesmo meu filho tendo 18 anos e trabalhando, ele não tinha condições de arcar com as despesas da casa sozinho. Além disso, ele só tinha a mim como família desde pequeno. Sempre fomos apenas nós dois. Mesmo assim, aceitei que precisava de tratamento e resolvi me internar. A comunidade terapêutica me dá esse suporte relação a ele. Mesmo não sendo fácil, muitas vezes, penso em deixar o tratamento, quando lembro dele em casa sozinho”, aponta George, 43 anos.
“Quantas vezes eu acordei desesperada na madrugada recebendo um telefonema. Sabendo que meu filho estava drogado em situação de rua. Mal sabia se ele estava vivo. Eu já imaginava que poderia ser a polícia. Dizendo, contudo, que meu filho se envolveu em uma briga. E por isso mesmo, acabou sendo morto. Infelizmente, nós mães de adictos não temos estrutura emocional suficiente. Sobretudo, para passar por situações como essa. E muitas vezes ficamos sem saída por não saber como ajudar “, desabafa Amarilda Cáceres, mãe de um ex-adicto.
O Programa de Atenção Integrada às Famílias de Adictos (PAIFA) e relatos
Foi a partir desses casos que a Prefeitura Municipal de Campo Grande lançou nesta quinta-feira (17) o PAIFA – Programa de Atenção Integrada às Famílias de Adictos. Tudo isso, por meio da Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos (SDHU). A instituição disponibiliza pelo menos 300 vagas sociais para tratamento de adictos em 11 Comunidades Terapêuticas. As mesmas são conveniadas pela Prefeitura. Bem como, desenvolvidas pela Coordenadoria de Proteção à População em Situação de Rua e Políticas sobre Drogas (COPRAD).
O PAIFA vai ofertar acompanhamento social, psicológico, terapêutico e jurídico. Como também, oferta de cursos profissionalizantes para geração de renda de toda a família. Além disso, promoverá encaminhamento para o mercado de trabalho. Tudo isso, por meio de parcerias com instituições públicas e privadas. Por isso mesmo, a prefeitura empreendeu todos os esforços e lança esse programa de apoio às famílias.
Programa de apoio às famílias
“É oportunizar, capacitar e empoderar essas famílias, por meio de ações integradas e continuadas. O que nós fazemos é um trabalho intersetorial, ninguém faz nada sozinho. Essa unidade é uma determinação do nosso gestor Marquinhos Trad. Por isso, já quero agradecer a todos os parceiros. Que vão, sobretudo, apoiar cada um, com as suas singularidades. E ainda, enfatizar que nenhum de nós é tão bom sozinho, quanto todos nós juntos”, aponta Bárbara Rodrigues, diretora-adjunta da SDHU.
Em seu discurso, o prefeito Marquinhos Trad enalteceu o trabalho da SDHU. E também, apontou que uma das grandes marcas dessa gestão é o investimento nas pessoas. “O que temos feito por meio da SDHU é dar oportunidade a essas pessoas. Sobretudo, de se recuperarem e retomarem sua dignidade”.
Somente através do PAIC, que realiza atendimentos desde 2018, a Prefeitura de Campo Grande profissionalizou 1.104 pessoas. Tudo isso, por meio dos cursos de informática básica, corte e costura e culinária. Como também, de assistente de contabilidade e recursos humanos, entre outros. Com o PAIFA, a perspectiva é de que o número dobre. Principalmente, com a inclusão dos familiares que buscam o programa junto aos dependentes em tratamento.