Segundo o ministro, durante o mandato do Brasil, foram feitas várias tentativas de aprovar uma resolução sobre a situação em Gaza
O mandato do Brasil na presidência rotativa do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) encerrou na terça-feira (31). Ao fazer um balanço da gestão brasileira, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, voltou a cobrar uma posição do colegiado sobre a situação no Oriente Médio.
Segundo o ministro, durante o mandato do Brasil, foram várias tentativas de aprovar uma resolução sobre a situação em Gaza. Mas que foram rejeitadas pelo Conselho de Segurança.
“O Brasil liderou os esforços para negociar uma nova minuta de resolução exigindo a urgência de pausas humanitárias. Enquanto continuarmos no Conselho de Segurança, continuaremos trabalhando para uma resposta responsável à dramática crise humanitária que se desenrola em Israel e em Gaza. Certamente, o mundo aguarda por uma decisão inequívoca do Conselho que peça o fim do sofrimento humano”, disse.
Aliás Vieira acrescentou que, como presidente do conselho, o Brasil trabalhou para evitar a escalada do conflito, proteger os civis e aliviar a dramática situação humanitária na Faixa de Gaza. Na segunda-feira (30), o ministro já havia feito duras críticas à demora do Conselho de Segurança em aprovar uma resolução sobre o conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas.
Assim, Vieira desejou sucesso para a China. Que presidirá o Conselho de Segurança a partir de quarta-feira (1) e disse que o Brasil, como membro não permanente até o dia 31 de dezembro, vai continuar trabalhando para encontrar um ponto de consenso.
Papel de equilíbrio do Brasil na presidência rotativa da ONU
Para especialistas, com os holofotes voltados para o Conselho de Segurança da ONU. O Brasil conseguiu desempenhar um papel construtivo e de equilíbrio, ao falar com todos os atores e fugir de posições extremadas.
“O Brasil sai muito maior do que entrou e volta a ter protagonismo”. Diz Priscila Caneparo, doutora em Direito Internacional e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ela vê o país, após essa presidência do colegiado, habilitado a algum papel de eventual mediador ou facilitador do diálogo no Oriente Médio.
A série de tentativas fracassadas por uma resolução do colegiado sobre o conflito Israel-Hamas joga luz. Segundo diplomatas experientes, sobre uma discussão de fundo: a funcionalidade do Conselho de Segurança na ONU.
Integrantes do Itamaraty que atuam no Brasil e no exterior avaliam, em caráter reservado. Que o conflito deixou ainda mais evidente a necessidade de reforma do conselho.
Logo depois que os Estados Unidos vetaram a resolução sugerida pelo Brasil, no dia 18, o chefe da missão brasileira na ONU, embaixador Sérgio Danese, falou a jornalistas sobre a funcionalidade do colegiado.
“Estou aqui há menos de quatro meses e esse deve ser o quarto veto que assisto. É algo que ocorre com certa frequência porque o veto é isso: ele mata a maioria”, afirmou. Naquele dia, a proposta do Brasil teve 12 votos a favor e duas abstenções barrada pelo veto americano.
Aliás, O Brasil faz parte do G-4, grupo que pleiteia um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e formado também por Alemanha, Japão e Índia.
“O conselho precisa de uma reforma na sua composição”, afirmou Danese na ocasião. “Ele tem um problema de representatividade, de eficiência, de legitimidade e de métodos de trabalho e regras que, evidentemente, o tornam em muitos momentos ineficaz e inexpressivo.”
Fonte: agenciabrasil