O grande desafio é entender como as empresas irão desenvolver novas estratégias para levar algo que seja além do produto e serviço
Como executivo de multinacional há alguns anos, me perguntei se realmente valia a pena os grandes investimentos nas feiras agrícolas. São milhões de reais gastos com:
- Montagem da estrutura;
- Mobilização de funcionários para participarem ativamente nos estandes;
- Campanhas de vendas direcionadas para essa “Black Friday”do Agro;
- Despesas com hospedagem e transporte;
- Tempo investido para que tudo saia conforme planejado.
Assim como a ExpoDireto, mapeamos 12 grandes feiras espalhadas pelo Brasil, com o mesmo modelo e público alvo. Por aqui, as feiras agrícolas são grandes atrativos para empresas divulgarem seus produtos e universitários entenderem um pouco mais sobre o “mundo real”. Mas e nosso cliente final? Vamos aos números da ExpoDireto como exemplo.
Uma das maiores feiras agrícolas do Brasil, a famosa Expodireto Cotrijal, que acontece na cidade gaúcha de Não-Me-Toque, recentemente divulgou números impressionantes da edição de 2023. Aliás, foram 5 dias de feira e negócios, 320,5 mil visitantes, 591 expositores e, pasmem, R$ 7.043 BILHÕES em volume de negócios.
Networking
Realmente, é visível a quantidade de oportunidades diretas de negócios, mas não podemos nos esquecer das oportunidades indiretas. Assim, vários negócios são gerados a partir do netwoking criado durante as feiras. Inclusive, é necessário investir em mais espaços de networking e menos em palestras chegam a ser repetitivas e massivas.
Esse é um ponto extremamente importante para que as empresas repensem suas estratégias de negócio para as feiras. Portanto, com o cliente cada vez mais online, as feiras, aos poucos, se tornam locais onde o comprador aprende sobre o produto, assim como é feito em vários eventos fora do Brasil.
Dessa forma, podemos observar também iniciativas que vão além da feira. Esse é o caso do Podcast FarmConnectiOn, que teve sua primeira edição no Espaço Arena Digital e movimentou o público que não pode estar presencialmente no evento.
Assim, o podcast deu uma cara mais jovem e descolada à feira, com vários convidados que trouxeram muito conteúdo durante os cinco dias de evento.
Um grande exemplo é o famoso World Agri-Tech Innovation Summit, que aconteceu na semana passada, em San Francisco, EUA. Neste ano, três coisas ficaram evidentes. Vamos a elas!
Otimismo
Com o cenário macroeconômico contrário ao longo do ano passado e a evolução da crise bancária do SVB (Silicon Valley bank) no fim de semana anterior, era esperado muito menos energia no evento. No entanto, vários participantes ficaram surpresos com o otimismo dos empreendedores sobre o futuro das agtechs. Apesar da situação econômica atual, das avaliações infladas e das perspectivas aparentemente desafiadoras para os retornos esperados pelos investidores, havia muito otimismo sobre o rumo que o setor está tomando.
Colaboração
Uma das razões para esse otimismo foi o foco renovado na colaboração. Essa palavra tem sido lançada na indústria há anos, com poucos resultados tangíveis. Neste ano, houve uma infinidade de anúncios de colaboração, seja de empresas como a Leaf Agriculture ou do acordo Bayer-Microsoft, onde ambas focam em fornecer ferramentas para permitir a colaboração de maneira mais integrada em um mundo digital. Embora ainda precisemos ver mais resultados tangíveis e existam motivos para permanecermos céticos em relação a muitos dos anúncios que vemos, parece haver uma maior autenticidade e otimismo nos grupos que falam sobre colaboração, o que acho encorajador para os próximos anos.
Biológicos
Um dos assuntos abordados pela FMC e pela Satis nos episódios da FarmConnectiOn, (vale a pena conferir no YouTube) também foi amplamente em outros eventos de agronegócio: produtos biológicos. Neste ano, na palestra de abertura de feiras, o CEO da Corteva, Chuck Magro, enfatizou a visão das empresas para produtos biológicos e sua visão de que até 2035 a categoria representará 25% da receita de proteção de cultivos.
Além disso, várias empresas do setor demonstraram otimismo, pois estão saindo de um ótimo 2022, com 2023 se preparando para ser um ano excelente.
Desafios remanescentes
O grande desafio é entender como as empresas irão desenvolver novas estratégias para levar algo que seja além do produto e serviço. É preciso surpreender o consumidor, que está cada vez mais exigente e não dependente de informação que não seja “on demand”.
Aliás, o ChatGPT está aí para nos contar uma nova era! E é melhor as empresas ficarem de olho para não serem engolidas mais uma vez pela evolução tecnológica!
Fonte: olhardigital