Viola Davis mostra mais uma vez porque é uma das mais talentosas de Hollywood
Quem vê as primeiras imagens de “A Mulher Rei”, estrelado por Viola Davis filme e que estreia nesta quinta-feira (22), logo lembra das Dora Milaje, exército de guerreiras que se destacaram em “Pantera Negra”. Elas se parecem bastante com as Agojie, a guarda real de Daomé deste novo longa. Mas as comparações entre essa produção e o grande sucesso da Marvel Studios param por aí.
O filme oferece, além de ótimas cenas de ação, uma história épica e poderosa (ainda que pouco conhecida), construída de forma empolgante na parte técnica. O elenco é impecável, com Viola Davis à frente, mais uma vez em ótima atuação.
Sinopse
Ambientada em 1823, a trama mostra como vivia e agia as Agojie, comandadas pela general Nanisca (Davis) para proteger o reino de Daomé (atualmente Benin), na África Ocidental, de grupos rivais e de ameaças estrangeiras, principalmente de traficantes de escravos.
Formado apenas por mulheres, o grupo impressionava por sua força e disciplina para lutar contra adversários e sempre recebia novas recrutas.
Uma delas é Nawi (Thuso Mbedu), abandonada pelo pai após se recusar a se casar com os pretendentes que lhe ofereceram. Disposta a mostrar o seu valor, ela se esforça durante o árduo treinamento e acaba fazendo amizade com Izogie (Lashana Lynch, de “Capitã Marvel”), tenente encarregada de treinar as novatas. Aos poucos, a jovem passa a chamar a atenção de Nanisca, que a vê como um ótimo reforço para as Agojie.
Além de liderar as bravas guerreira, Nanisca é conselheira do Rei Ghezo (John Boyega, o Finn da mais recente trilogia de “Star Wars”) com questões envolvendo a proteção de seu povo. Ainda mais depois da chegada do brasileiro Santo Ferreira (Hero Fiennes Tiffin, de “After”) junto do amigo Malik (Jordan Bolger, “O Livro de Boba Fett”). Cujos interesses podem causar graves problemas para as Agojie e os habitantes de Daomé.
Força e honra em A Mulher Rei com Viola Davis
“A Mulher Rei” prende a atenção do início ao fim graças ao ritmo intenso e bem coordenado pela diretora Gina Prince-Bythewood, que realiza excelentes cenas de luta que empolgam o público. Além disso, a cineasta ganha pontos nas sequências de treinamento das novas integrantes das Agojie, assim como mostra os motivos que levaram as guerreiras a serem temidas e respeitadas, sempre sem perder o foco.
Mas o filme não se resume à ação. Há espaço para desenvolver bem suas protagonistas, tornando-as tridimensionais, com seus conflitos e temores. Um bom exemplo é como Nanisca é apresentada não só como uma grande guerreira e líder, mas uma mulher que tem cicatrizes não só pelo corpo, mas em sua mente, depois anos de tantas batalhas e sofrimentos, o que a aproxima do espectador.
Isso é um mérito do roteiro escrito por Dana Stevens (de “Cidade dos Anjos”), que torna as histórias de Nanisca, de Nawi e Izogie como o principal tripé emocional do filme. Assim, o longa cria uma cumplicidade do público com as personagens e é difícil não se identificar com as suas jornadas. Ainda mais numa época em que as mulheres buscam por mais reconhecimento na sociedade.
Outro ponto positivo do texto está no fato de que ele chega a lidar com situações que, mal aplicadas (como o relacionamento que surge entre dois personagens) poderia cair na pieguice. Mas felizmente, a boa cumplicidade entre o roteiro (com liberdades em relação a fatos históricos) e a direção impedem que isso aconteça. Tornando o filme ainda mais interessante.
Poder feminino
Isso sem falar que a escolha do elenco de “A Mulher Rei” não poderia ser mais certeira, assim Viola Davis mostra mais uma vez porque é uma das mais talentosas de Hollywood. A vencedora do Oscar de Coadjuvante por “Um limite entre nós” entrega mais uma atuação intensa e cativante como Nanisca. Ela domina nos momentos mais dramáticos e impressiona nas cenas de luta.
Quem também se destaca é Lashana Lynch como Izogie. A Nomi de “007 – Sem tempo para morrer” conquista o público com seu carisma e sua força. Além de fazer ótima dupla com a sul-africana Thuso Mbedu. Excelente como a jovem e impetuosa Nawi.
As duas criam uma relação convincente de mestra e aluna e são responsáveis por alguns dos melhores momentos do filme. Outra que chama a atenção é Sheila Atim como Amenza. A segunda no comando e confidente de confiança de Nanisca, além de ser a líder religiosa do reino.
Entre os homens, John Boyega consegue dar ao Rei Ghezo um ar respeitável e que busca o melhor possível para seus súditos. Já Hero Fiennes Tiffin causa uma certa estranheza quando tem que falar português. Mas não dá para esperar muito nesse caso. Já que é difícil para atores estrangeiros soar como brasileiros (além de ter a desculpa de que o personagem passou um tempo na Europa). Assim como Jordan Bolger, que causa simpatia pelo seu Malik.
A fotografia do filme
Com uma fotografia exuberante, uma bela reconstituição de época e bons figurinos, além de uma trilha sonora incrível assinada por Terence Blanchard (mais conhecido pelas músicas dos filmes de Spike Lee, como “Infiltrado na Klan” e “Destacamento Blood”). “A Mulher Rei” (que tem uma cena pós-créditos) é o épico que faltava aparecer nos cinemas deste ano. Vale conhecer essa fascinante história que foi pouco divulgada e que merece ser mais bem conhecida pelo grande público.
Fontes: leiaagora, G1, radiovicosafm