No Brasil, preço médio do quilo é R$ 600, mas pode ultrapassar R$ 1.000. Seu diferencial é a maciez, que é explicada pela genética do boi associada a uma alimentação rica em amido. Seu tratamento tem mordomias como beber cerveja e ganhar massagem.
O país que sedia os Jogos Olímpicos também é o principal produtor da carne mais cara do mundo: o Wagyu, que, no Japão, chega a custar, em média, US$ 1.000 o quilo. No Brasil, onde as carnes menos nobres já pesam no bolso do consumidor, o preço médio do quilo é R$ 600, mas também pode ultrapassar R$ 1.000.
Uma das variedades mais famosa do Wagyu é o Kobe Beef, mas, para garantir a autenticidade dela, o gado precisa nascer e crescer na província de Hyogo.
Toda a fama da carne do Wagyu se dá por causa do tal marmoreio. É a gordura intramuscular, que dá um visual de mármore para a peça e responsável por sua alta maciez.
O boi japonês também ficou famoso por conta das “mordomias” que recebia, como beber cerveja e receber massagem. Esse tratamento todo especial era muito praticado no Japão antigamente, mas não existe mais na maioria das fazendas e nem é mais visto nos grandes confinamentos do país.
Acreditava-se que a cerveja facilitaria a digestão do animal, ao provocar relaxamento, enquanto a massagem atuaria como drenagem linfática, ajudando na infiltração de gordura para a formação marmoreio.
Genética, cerveja e cevada
Mas nada disso tem comprovação científica, diz Daniel Steinbruch, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Wagyu (ABCWagyu). A maciez e o sabor únicos da carne são dados, na verdade, pela própria genética do wagyu.
Os grãos ricos em amido são milho, sorgo, arroz, trigo e a própria cevada. Alguns bois Wagyu no Brasil, apesar de não beberem a “cervejinha” diretamente, se alimentam das sobras dessa indústria.
Já a massagem pode servir para dar bem-estar aos animais, mas, nas grandes fazendas, não é algo comum, diante do tamanho do rebanho.
Origem do Wagyu e chegada ao Brasil
O nome do animal vem de “wa”, que significa “do Japão”, e “gyu”, quer dizer “gado”.
A sua origem vem de um boi que migrou da Europa para Ásia e foi introduzido no Japão para puxar arado nas lavouras de arroz. Em terras japonesas, os criadores fizeram diversos cruzamentos até chegar à raça atual.
Este gado chegou ao Brasil em 1992, através da dona de uma famosa marca de bebida. A Yakult trouxe a raça pura japonesa e até hoje está entre as maiores produtoras do país.
Em sua fazenda em Bragança Paulista (SP), com mais de 200 hectares, a empresa tem, aproximadamente, 350 cabeças.
Cerca de 47 produtores de Wagyu
O maior consumo ocorre em restaurantes, boutiques de carnes e hotéis.
Quanto maior o grau de marmoreio, ou seja, a proporção de gordura intramuscular versus a carne, mais caro é o corte de Wagyu.
No Brasil, isso acontece porque o tempo de confinamento do animal é menor do que no Japão. É nesse momento que o gado recebe as rações com alto teor amido, que geram a energia para transformar em marmoreio.
No Japão, enquanto os animais vão para o confinamento assim que nascem, no Brasil, eles vão a partir dos 18 meses.
Isso porque o país asiático tem poucas terras para pastagens, diferentemente do Brasil, que tem grandes áreas.
Menos produtivos que nelore
Outros fatores encarecem a carne Wagyu. Os bois dessa raça são, por exemplo, menos produtivos, menos rústicos e o seu rebanho é menor comparado à raça nelore, que é a mais produzida no Brasil.
O porte de um Wagyu puro é de 400 kg. Já a raça nelore, por exemplo, tem mais 550, 600 kg e cresce mais rápido. Já a menor rusticidade tem a ver com ser menos resistente a doença e condições climáticas. Apesar dos cruzamentos feitos no Brasil, há criações nacionais de raça pura do boi Wagyu.
Cortes menos caros
O preço do quilo do Wagyu dependerá muito do grau do marmoreio, tipo de corte e local onde a compra é feita. Em algumas boutiques de carne da cidade de São Paulo, por exemplo, carnes extraídas do acém, com marmoreio entre 4 e 5, podem custar cerca de R$ 180 o quilo.
Já para cortes nobres, como a picanha, o ancho, com marmoreio de 9 a 10, o consumidor pode ter que desembolsar valores mais salgados: R$ 900, R$ 1.000 ou até mais.
A diferença entre Wagyu e demais raças
Muitas são as curiosidades a cerca desta raça. O Wagyu é parecido com outras que existem no Brasil. O diferencial, , é que os terneiros precisam de um cuidado especial, uma vez que as vacas têm pouco leite. Além disso, os animais da raça Wagyu, diferentemente das outras raças de corte, não devem ser julgados pelo fenótipo, mas sim pelo genótipo.
Além do mais, outras diferenças características do Wagyu são o baixo peso ao nascer. Ou seja, facilidade de parto. Dificilmente você tem parto distócico nesta raça. Ideal para utilização em novilhas de primeira cria, inclusive no gado leiteiro. Além disso, comparado com algumas raças europeias, tem menor predisposição ao carrapato.
A genética é o principal fator para que esta raça produza uma carne de melhor qualidade. Mas isso aliado a uma nutrição adequada. A produção é diferenciada, fazendo com que os valores no mercado sejam maiores, também os custos de produção da raça são diferentes. Em comparação com animais de outras raças, gasta-se mais que o dobro.
Produção e resultados
Um dos pontos essenciais em todas as raças bovinas é oferecer o melhor bem-estar animal para que a produção seja, então, de melhor qualidade. No Japão, de onde a raça é oriunda, os animais recebem pequenas regalias como massagem e até mesmo cerveja. Em várias propriedades isto não é praticado, porém o bem-estar é oferecido de outras formas.
Oferta-se aos animais qualidade de vida. No confinamento eles são alimentados com grãos de aveia e cevada. As vacas são criadas a campo, e deixamos os terneiros junto às mães até por volta dos 6-8 meses. Evita-se qualquer estresse desnecessários a esses bois. Incluindo o uso de cães no manejo com esse tipo de gado.
Chega a 650 quilos
O Wagyu é abatido, em média, aos 30 meses, quando ele alcança os 650 quilos. Assim, ao nascer, o peso do animal é de 30 a 35 quilos, no desmame ele chega aos 200 quilos e no final da engorda fica entre os 500 e 550 quilos. O rendimento dele chega, em média, aos 57%.
Para alcançar estes resultados, fazendeiros empregam uma nutrição que permita ao animal desenvolver todo o seu potencial genético. Até os oito meses é oferecido Creep feeding com 24% de proteína, dos oito aos 14 meses eles ficam a pasto, dos 14 aos 22 meses recebem silagem de milho e ração 18% proteína e dos 22 aos 30 meses a alimentação é a base de aveia, cevada e pasto. Em todas as fases é oferecido sal mineral a vontade para todas as categorias.
Quilo pode chegar a mais de R$ 1 mil
Uma característica desta carne é o valor de mercado. Produtores dizem que justifica o preço na prateleira é o sabor, uma vez que o Wagyu oferece um gosto característico devido ao marmoreio. A gordura entremeada dos bovinos da raça Wagyu possui uma concentração de ácidos graxos insaturados (oleico e linoleico) maiores do que as de ácidos graxos saturados (Palmítico). Isto resulta em uma carne com maior concentração de HDL (Lipoproteína de alta densidade, conhecida como o bom colesterol) e uma menor concentração de LDL (lipoproteína de baixa densidade “mau colesterol”).
Ele conta que o valor da carne de Wagyu com alto grau de marmoreio pode chegar a valores interessantes. Na Franca, informação recente mostra que pode chegar a 240 euros o quilo.