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Rebeldes afirmam que tomarão a Etiópia em questão de semanas

Um ano de conflito na Etiópia e pode virar guerra civil

Rebeldes ameaçam atacar a capital, Adis Abeba, e tomá-la em ‘semanas’, enquanto governo pede que população se arme

Um ano após o início da ofensiva do governo da Etiópia contra a Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF), partido que governa a região semiautônoma do Tigré, uma união de forças rebeldes ameaça desbancar o próprio governo central etíope. Lideres rebeldes tem se pronunciado afirmando que isso acontecerá brevemente.

A ofensiva é realizada pelo Exército de Libertação Oromo (OLA), guerrilha que pertence à mesma etnia do primeiro-ministro Abiy Ahmed, vencedor do Nobel da Paz em 2019, mas se aliou à TPLF na luta contra o governo central.

Etiópia: um ano de conflito

Em 4 de novembro de 2020, o planeta concentrava sua atenção na eleição presidencial americana. Enquanto isso, na Etiópia, seu primeiro-ministro, Abiy Ahmed, lançava uma operação militar na região do Tigré, iniciando uma guerra devastadora.

A intervenção rápida e limitada prometida por Ahmed para deter os líderes da TPLF se transformou em um conflito duradouro, marcado por massacres e estupros, e ameaça mergulhar o norte do país na fome.

Segundo o primeiro-ministro, a intervenção se tornou inevitável depois que a TPLF atacou duas bases militares. O partido regional negou qualquer responsabilidade.

A operação ocorreu após meses de tensões. Os líderes da TPLF, que lamentavam regularmente ser deixados à margem por Ahmed, o desafiaram abertamente organizando eleições locais em setembro, apesar da proibição decretada pela pandemia.

Depois de semanas de ataques aéreos e combates, o Exército etíope tomou o controle da capital regional Mekele em 28 de novembro. O primeiro-ministro comunicou ao país vitória.

Mas em junho a TPLF lançou um contra-ataque que lhe permitiu reconquistar a maior parte do Tigré. O Exército etíope se retirou e o governo de Ahmed declarou um “cessar-fogo humanitário”.

Depois do Tigré, a TPLF ampliou sua ofensiva para as regiões vizinhas de Afar e Amhara a fim de impedir, segundo seus líderes, que as tropas rivais se reunissem e de romper o que a ONU descreveu como um “bloqueio de fato” da região.

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Abiy Ahmed, por sua vez, convocou uma mobilização nacional contra os “terroristas” da TPLF.

Nestas últimas semanas os combates se concentraram em Amhara, ao sul do Tigré.

As comunicações estão cortadas em grande parte do norte da Etiópia e o acesso de jornalistas está restringido, o que dificulta verificar as posições no terreno.

O Tigré foi palco de poucos combates desde o fim de junho, embora a aviação etíope tenha realizado bombardeios que mataram ao menos quatro civis no fim de outubro.

O governo afirma direcionar seus ataques a instalações rebeldes. A TPLF responde que os ataques mostram o desprezo da autoridade federal pelas vidas civis.

Fome e crimes de guerra

Mais de 400 mil pessoas ultrapassaram o “limite da fome” no Tigré, alertou em julho um alto funcionário da ONU. Desde então, a situação só piorou.

Fonte: Público -foto: ufpel.edu