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Shamsia Hassani, desafia os padrões estabelecidos e confronta a opressão machista e representa as mulheres afegãs

Shamsia Hassani: conheça a primeira mulher grafiteira do Afeganistão e sua arma

Primeira artista de rua do Afeganistão, Shamsia Hassani, retrata mulheres sob a ameaça do grupo islâmico

Ommolbahni Hassani, mais conhecida como Shamsia Hassani, é considerada a primeira mulher grafiteira do Afeganistão. Ela também é professora na Universidade de Cabul, fundadora do coletivo de arte Rosht e cofundadora da Berang Art Organization, um grupo de artistas que promove a arte e a cultura contemporâneas no Afeganistão por meio de programas, workshops, seminários e exposições.

Além do Afeganistão, ela é conhecida mundialmente por seus trabalhos, seus murais estão nos Estados Unidos, Itália, Alemanha, Índia, Vietnã, Suíça, Dinamarca, Noruega e outros países.

Shamsia Hassani, a primeira grafiteira afegã. Ela retrata mulheres sob a ameaça do grupo islâmico. Seus trabalhos estão expostos na ruas do Afeganistão.

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Mesmo tendo alcançado certo nível de sucesso internacional nos últimos anos e a chegada dos fundamentalistas ao país, Shamsia Hassani, segue com seu trabalho de resistência. A artista de rua do Afeganistão, que projetou seu nome através da corajosa defesa dos direitos da mulher, participou de programas de residência e exposições em galerias de vários países da América do Norte, Europa e Ásia.

Hassani nasceu em Teerã, no Irã, em 1988, devido à migração da família durante a guerra. O interesse pela pintura surgiu muito cedo, porém no Irã, não teve permissão para estudar arte. Após a queda do Talibã, ela retornou ao Afeganistão e ingressou na Faculdade de Belas Artes, na Universidade de Cabul.

Em 2010, participou de uma oficina na cidade, promovida pelo Combat Communication, com um artista grafiteiro do Reino Unido. A partir desse momento, resolveu fazer arte de rua. Porém, sabe-se que pelas limitações e imposições políticas, religiosas e sociais do país, as pessoas, em especial, as mulheres são afastadas do universo das artes, mesmo assim ela persistiu.

 

Com sua arte, Shamsia Hassani deu novas cores às ruas, marcadas pelos traços de guerra (balas, muros quebrados e danificados), desafiou os padrões estabelecidos e confrontou a opressão de uma sociedade machista ao representar nos murais as mulheres afegãs.

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Além disso, aproximou a população da arte, expondo seu trabalho pela cidade para aqueles que não têm a oportunidade de visitar alguma galeria ou exposição e motivou outras pessoas para que pudessem se expressar artisticamente.

Em 2014, ela chegou à lista dos 100 mais importantes pensadores globais compilada pela Foreign Policy, revista americana focada em política externa. Hassani também apareceu em Good Night Stories for Rebel Girls, uma coleção de retratos de mulheres que estão fazendo a diferença no mundo.

Em meio ao avanço do Talibã sobre o país, que culminou com a conquista de Cabul e a tomada do poder em 15 de agosto, as obras de Hassani ganharam ainda mais força nas redes sociais.

Duas delas mostram meninas em vistosos hijabs azuis sendo ameaçadas por combatentes armados. As imagens, que expressam medo extremo, desespero e repressão das mulheres afegãs, ganharam dezenas de milhares de simpatizantes no Instagram e foram compartilhadas milhares de vezes no Facebook.

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Os trabalhos de Shamsia Hassani expressam emoções contrastantes: esperança e desgosto, liberdade e medo. Desse modo, são em sua maioria figuras geométricas em cores vivas. Cílios longos e grossos caem sobre os olhos fechados. Cabelos que lembram os tentáculos de Medusa emergem de debaixo do lenço na cabeça. As figuras não têm boca, muitas vezes incorporam elementos da natureza ou instrumentos.

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“Ela pode usar instrumentos musicais para se comunicar com as pessoas, para falar mais alto e obter mais atenção porque não tem boca. Mas este instrumento musical dá poder para levantar a voz na sociedade. Seus olhos estão fechados porque normalmente não há nada de bom a ser visto, nem mesmo seu futuro. Mas isso não significa que não possa ver”, acrescentou o artista.

Desafiando o medo de trabalhar em público

A natureza pública do grafite atraiu Hassani, que o viu como uma boa maneira de introduzir a arte a pessoas com pouca chance de visitar uma galeria ou museu. Mas trabalhar criativamente em público como mulher em Cabul, mesmo antes da chegada dos talibãs, tinha seus riscos. “Tenho muito medo de espaços públicos. Tenho muito medo de explosões acontecendo o tempo todo.

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E especificamente é difícil para mulheres fazer grafite e arte de rua porque normalmente as pessoas não gostam das atividades das mulheres… Sou cuidadosa o tempo todo”, disse ela.

Nas ruas de Cabul, ela fazia pichações não muito grandes, para que pudesse se mover rapidamente. Para contornar esses desafios, ela começou a tirar fotografias de edifícios e pintar seus grafites diretamente nas fotos, chamando sua série de Dreaming Graffiti (Grafite dos sonhos, em tradução livre).

Desse modo, Hassani trabalha em seu estúdio, o que levou a uma produção prolífica que inclui desde telas em grande escala até séries em miniatura em notas de dólar – uma reflexão sobre a política externa dos EUA.

Apesar de seu sucesso no mundo da arte, Hassani diz que ficava desanimada por não se sentir em condições de mudar algo. Mesmo assim, ela se sentia comprometida em dar força e poder às pessoas através de seu trabalho: “Acredito que posso influenciar as opiniões das pessoas com minha arte e ao compartilhar minhas ideias com elas.”