Edição 2024 do Salão de Paris mostra força com retorno de marcas europeias, mas tem redução das chinesas e poucos lançamentos para o Brasil
O Salão do Automóvel viveu um momento sombrio nos últimos quatro anos, com a evasão das grandes montadoras, sobretudo das marcas europeias e norte-americanas. Mas o Salão de Paris (Mondial De L’Auto 2024) mostra sua força neste ano, com o retorno de grandes marcas alemãs, como BWM, Audi e Volkswagen. Além disso, com grandes lançamentos entre as francesas, especialmente a Renault, com o maior estande do evento e de novidades reveladas ao público. Por falar nele, a paixão dos franceses pelo Salão do Automóvel ficou comprovada nesta terça-feira (15). O primeiro dia aberto ao público geral, lotou todos os pavilhões do Paris Expo, na capital do país. Uma amostra do que teremos, possivelmente, daqui a um ano, no retorno do Salão de São Paulo em 2025.
Nesta edição, com a volta de marcas europeias, ficou evidente o recuo dos chineses na feira. A maioria das marcas do país oriental está em um pavilhão “separado”. A exceção é a Xpeng, que tem participação do Grupo VW, e a Leapmotor, parceira da Stellantis. Além disso, algumas chinesas que tiveram presença marcante na última edição, como a GMW, que mostrou toda a linha das marcas Wey e Ora, sequer participou da feira neste ano.
Lançamentos do Salão de Paris para o Brasil
Com o foco no mercado europeu, onde as leis de emissões estão “minando” os carros a combustão, elétricos e híbridos são presença obrigatória. Aliás, dá para dizer que não há veículos na feira movidos exclusivamente a gasolina. Outra mudança notória: há um claro distanciamento entre os produtos europeus e do resto do mundo, principalmente em relação aos países “emergentes”, como o Brasil. Isso explica porque o Salão de Paris tem poucas novidades confirmadas para o mercado brasileiro, apesar da profusão de lançamentos vistos neste ano.
Entre eles, destaque para Audi Q6 e-tron Sportback, que fará sua estreia no Brasil quase simultaneamente com a Europa. Será agora em novembro. Na Volkswagen, o inédito Tayron, novo SUV desenvolvido na China, faz sua avant première na França como carro global e é cotado para suceder o Tiguan Allspace no mercado brasileiro. Inclusive, tem chances de ter produção local na fábrica da Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP).
Outro detalhe legal no VW Tayron: o SUV já estreia em versão híbrida (HEV) com motor 1.5 turbo a gasolina e outro elétrico. Juntos, geram 272 cv de potência máxima e oferecem bom desempenho, com aceleração de 0 a 100 km/h em cerca de 7 segundos. Tudo isso com um consumo reduzido e menos emissões. Por dentro, o Tayron lembra muito o novo Tiguan europeu, mas é maior e disponível em versões de 5 e 7 lugares.
Renault ataca com elétricos acessíveis
Na Renault, o hatch 5 e o SUV compacto 4 são os ícones do passado que ressurgem 100% elétricos e com preço acessível para disputar mercado sobretudo com modelos chineses. O Renault 5, por exemplo, já está em produção e inicia as vendas na França agora no Salão de Paris, com arquitetura elétrica das mais modernas na categoria e preço inicial de € 23.990, valor equivalente a R$ 146 mil. Ou seja, preço de BYD Dolphin no Brasil. Porém, importado, deverá custar na faixa de R$ 200 mil, chegando como opção ao novo Mini Cooper elétrico, que já está em pré-venda no País.
Mas, para o mercado brasileiro, a novidade da Renault do Salão de Paris que mais promete é o SUV 4. Com até 400 km de autonomia, o modelo entra em produção no início de 2025 e terá vendas na França a partir do segundo trimestre do próximo ano com preço partindo abaixo de € 20 mil, algo como R$ 122 mil. Assim, promete ser a “arma” da Renault para a briga com chineses de BYD, GWM e cia. Tudo isso com uma arquitetura elétrica das mais modernas, com capacidade de 100 kW em carregadores de corrente direta (DC) e de 11 kW em corrente alternada (AC), no padrão Wallbox. Além de mais acessível, o Renault 4 também tem o porte dos SUVs mais vendidos do Brasil, com 4,14 metros de comprimento e 2,62 m de entre-eixos, além de 420 litros no porta-malas.
Tal como o Jornal do Carro apurou com executivos na feira, a marca francesa não confirmou nenhum dos dois elétricos, mas confirmou que vai lançar 8 novos produtos no Brasil até 2027, entre eles alguns dos ícones da marca. Ou seja, deveremos ter a dupla 5 e 4 no País.
Fonte: Estadão