A companhia aérea pode aplicar eventuais multas contratuais previstas na aquisição da passagem, e o passageiro pode ter a proibição de embarcar no avião
Para que os passageiros não estejam distraídos durante as explicações de segurança no avião, as companhias aéreas comerciais exigem que todos os equipamentos que emitem radiofrequência, como o celular sejam desligados ou colocados em modo avião.
E não é só isso, uma vez que desativar os aparelhos faz parte do processo de segurança para uma viagem tranquila.
Apesar de não existir comprovação científica de que dispositivos modernos interfiram no sistema de navegação das aeronaves, a aviação opta pela medida considerada mais segura. Aliás, a regra costuma valer até que o voo atinja 10 mil pés. Saiba mais!
Quais os riscos de usar o celular no avião?
O maior problema apontado sobre as interferências causadas pelo uso de dispositivos móveis é a perturbação na comunicação entre avião e torre de comando.
Especialistas em aviação advertem sobre a possibilidade da radiofrequência impactar os sistemas que alertam a cabine contra colisão e os radares da aeronave.
Ao longo da primeira década do século XXI, a Boeing e a Civil Aviation Authority (CAA), equivalente inglesa à Anac, conduziram severas pesquisas para mensurar os efeitos do uso de dispositivos móveis sobre os sistemas dos aviões.
Os resultados laboratoriais indicaram que as emissões de radiofrequência eram feitas na sintonia de operação e nas bandas utilizadas na comunicação, incluindo sistemas de pouso por instrumentos.
Esses estudos levaram a Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos (FCC) a ser bastante rígida com a homologação de celulares e demais dispositivos móveis.
Atualmente, o maior empecilho está em aparelhos falsos e de países que não comercializados nos Estados Unidos e Europa, cujas frequências podem ser maiores que as permitidas e levar a eventuais problemas.
O que acontece se não desligar o celular no avião?
Todos os passageiros estão sujeitos aos regulamentos das companhias aéreas e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O descumprimento das medidas estabelecidas pode fazer com que o passageiro seja desembarcado.
A pessoa também pode ser enquadrada no artigo 261 do Código Penal, que pune entre dois a cinco anos os indivíduos que atentam contra a segurança do transporte aéreo.
O crime previsto é o de expor ao perigo o avião ou praticar ato que impeça ou dificulte a navegação aérea, mesmo que ainda esteja no solo. Todavia, as penas não param por aí.
A companhia aérea pode aplicar eventuais multas contratuais previstas na aquisição da passagem, e o passageiro pode ter a proibição de embarcar no avião, punição facilitada pela Lei nª 14.368/2022, popularmente chamada de Lei do Voo Simples.
A implementação da lista de pessoas proibidas de voar está em fase de regulamentação, e o indivíduo punido ficará impedido de voar por até 12 meses. Por isso, vale usar o bom senso e manter o celular sempre em modo avião, até mesmo antes do embarque.
Wi-fi nos aviões: é seguro?
Sim, utilizar wi-fi no avião quando oferecido pela companhia aérea é um método seguro. Porém, o uso deve ser feito sem retirar o aparelho do modo voo, conectando apenas a rede de internet.
Atualmente, a maioria das empresas do setor oferecem o serviço em voos nacionais mediante a compra de um pacote de dados. Já em voos internacionais, é comum que a disponibilização seja feita de modo gratuito, inclusa no valor da passagem.
Como o sinal de wi-fi chega aos aviões?
Há dois métodos para isso. O mais tradicional é similar à forma que nos conectamos em situações normais. Sendo assim, o sinal de internet é de antenas posicionadas estrategicamente pelas operadoras.
Essas ondas são recebidas por dispositivos na parte de baixo da fuselagem das aeronaves, sendo liberadas para os passageiros.
Agora você deve estar se perguntando: e quando é uma viagem internacional, que cruza oceanos, onde não há antenas? Portanto, em situações como essa, os aviões passam a receber o sinal de internet através de satélites.
A captação é feita pela mesma antena da fuselagem que, na sequência, envia para os equipamentos presentes a bordo. Interessante, não é mesmo?
Companhias aéreas precisaram se adaptar à invenção do celular
Contudo, o celular é uma invenção muito mais recente do que os aviões. Portanto, quando surgiram, os primeiros aparelhos tinham a utilização normalmente durante os voos, sem muitas regras a respeito.
Entre os anos 1990 e 2000, muitos relatos chegaram a associar problemas nos sistemas de navegação das aeronaves com o uso dos celulares, mas nenhum estudo foi conclusivo até então.
Em 2003, o Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE Spectrum) concluiu que o uso ininterrupto de eletrônicos que emitem radiofrequência poderia interferir em instrumentos do cockpit, mas não no GPS dos aviões, visto que operam em frequências distintas.
A FCC, em conjunto com organizações internacionais, certifica todos dispositivos móveis comercializados nos Estados Unidos, de modo a não causarem interferência. Assim, as principais fabricantes de aeronaves utilizam essas certificações em seus equipamentos.
Fonte: Tecmundo