Na cerimônia de eleição à Presidência do Supremo, no mês passado, Rosa Weber afirmou que tocaria a Corte com serenidade e defesa máxima da democracia
O Supremo Tribunal Federal (STF) tem um novo comando desde domingo (12), a 20 dias das eleições, a ministra Rosa Weber tomou posse, na presença dos outros integrantes da Corte. Aliás, ela será a terceira mulher a comandar o órgão e assume a gestão no auge da campanha eleitoral. Sendo assim, na mesma cerimônia, o ministro Luís Roberto Barroso teve a posse como vice.
Assim, para a solenidade, tiveram 1,3 mil pessoas convidadas. No entanto, segundo o STF, apenas 350 tiveram acesso ao plenário e os demais acompanharão em salões próximos ou via internet. Também estiveram presentes no evento chefes de poderes, presidentes dos tribunais superiores e todos os candidatos à Presidência da República, além de parlamentares. Na ocasião, o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Alberto Simonetti, devem fazer pronunciamentos.
Weber substitui o ministro Luiz Fux e ficará pouco mais de um ano à frente do tribunal. Discreta e avessa aos holofotes, ela passou os últimos 10 anos praticamente sem conceder entrevistas. Segundo fontes ouvidas pelo Correio, a ministra deve manter o temperamento, com seu estilo técnico e distante de polêmicas.
Além disso, as ministras Ellen Gracie (2006-2008) e Cármen Lúcia (2016-2018) também foram presidentes do Supremo. Desde o ano passado, Rosa Weber viu crescer o protagonismo no STF, com a relatoria de temas de grande repercussão como, por exemplo, a decisão de suspender a execução das emendas do chamado Orçamento Secreto, e o seu posicionamento a respeito do caso da compra da vacina indiana Covaxin.
Agora, como presidente do STF durante as eleições mais conturbadas desde a redemocratização, o principal desafio é manter uma relação institucionalmente equilibrada entre o Judiciário e o Palácio do Planalto, sem ceder aos rompantes do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Rosa Weber no Supremo
Na avaliação do cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice, a nova presidente do STF deve seguir o estilo de Luiz Fux e atuar para proteger a instituição. “Eu não acho que mude a relação entre Executivo e Judiciário. Ela deve tentar manter a unidade da Corte e preservá-la dos ataques e críticas. Weber assume a presidência em um ano muito importante e, certamente, vamos ver muita judicialização da política em razão da disputa eleitoral”, destacou.
Para o cientista político André César, da Hold Assessoria Legislativa, mesmo com a troca de gestão, o Judiciário ainda será o protagonista da polarização política. “Essa pressão é muito forte e, com a aproximação das eleições, esses dois meses vão agudizar. Ela vai ter que ter um pulso muito grande. Outra coisa é a questão da exposição do Supremo. Antes, o STF era pouco falado. Portanto, hoje os ministros tornaram-se figuras conhecidas”, comentou.
Na cerimônia de eleição à Presidência do Supremo, no mês passado, Rosa Weber afirmou que tocaria a Corte com serenidade e defesa máxima da democracia. ” Certamente, vou procurar desempenhá-lo com toda serenidade e com a certeza do apoio de vossas excelências, que, para mim, será fundamental. E sempre na defesa da integridade e na soberania da Constituição e do regime democrático”, disse a ministra na sessão.
Fonte: correiobraziliense