Revolução digital, tem transformado a agricultura global, em comunidades agrícolas, confira
Nos campos da Grécia, Dimitris, um produtor de azeitonas da quarta geração, antes se baseava exclusivamente em métodos tradicionais de cultivo, transmitidos por sua família ao longo das gerações. Hoje, decisões críticas sobre irrigação, períodos ideais de colheita e acesso ao mercado são tomadas após consultas a fontes da internet em seu smartphone. Esse é um dos efeitos da agricultura digital. Ao decorrer do texto, entenda como a revolução digital, está transformando a agricultura global.
Essa transformação não é exclusiva dele; está acontecendo em comunidades agrícolas de todo o mundo e representa uma das mudanças mais significativas em um setor tradicional que moldou milhares de anos de civilização. Sobretudo, o mundo está vendo a adoção de novas ferramentas e uma reinterpretação de como será a agricultura em um futuro próximo.
Digitalização da agricultura em foco
As mudanças climáticas são uma realidade econômica imediata para os agricultores. Contudo, elas têm alterado os ciclos normais de cultivo e introduzido padrões climáticos extremos que tornaram os métodos tradicionais cada vez mais imprevisíveis.
As vulnerabilidades da cadeia de suprimentos, expostas por recentes crises globais, revelaram a fragilidade de nossos sistemas alimentares e intensificaram a concorrência, ao mesmo tempo em que abriram novos mercados.
Do campo ao clique, revolução digital está transformando a agricultura global, a seguir, veja mais detalhes sobre
A digitalização da agricultura é uma resposta necessária às mudanças climáticas, à escassez de insumos, ao aumento da competição global e às preocupações com a segurança alimentar.
Para a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), as tecnologias digitais estão se tornando cada vez mais importantes para a sustentabilidade e resiliência do setor agrícola.
Romper a cadeia de exploração
Talvez o desafio mais persistente da agricultura tenha sido a distribuição desigual do valor ao longo da cadeia de suprimentos. Os agricultores sempre viram suas colheitas gerarem lucros substanciais para todos. Intermediários, distribuidores e varejistas historicamente capturam a maior parte dos ganhos, deixando os produtores com margens apertadas, apesar dos riscos elevados que assumem.
Esse padrão sistêmico não é insustentável. Quando os agricultores não conseguem reter valor suficiente para reinvestir em suas operações, os sistemas agrícolas tornam-se vulneráveis. Isso paralisa a inovação, afasta as novas gerações da atividade rural e compromete a segurança alimentar.
As plataformas digitais ajudam a devolver aos agricultores os instrumentos para recuperar sua parte na cadeia de valor. Em nossa rede, vemos produtores que utilizam plataformas digitais de venda direta ao mercado conseguirem capturar de 30% a 40% mais valor por seus produtos. Essa observação é coerente com os estudos dos Digital Agriculture Profiles do Banco Mundial, que documentam como o acesso digital aos mercados pode aumentar significativamente a renda dos agricultores ao eliminar intermediários das cadeias tradicionais.
O despertar digital na agricultura
Para os agricultores, a transformação digital muitas vezes começa com algo aparentemente simples: o acesso à informação. Em regiões onde os serviços de extensão rural são limitados ou inexistentes, o acesso via celular a guias de cultivo, ferramentas de identificação de pragas e preços de mercado representa um avanço importante.
A transformação digital na agricultura não se resume a substituir processos tradicionais por versões digitais. Mas, trata-se de criar novas capacidades e conexões que antes eram impossíveis.
Do isolamento à interconexão na agricultura
Um dos impactos mais profundos é a transição de operações isoladas para sistemas interconectados. Silos de informação sempre marcaram a agricultura tradicional. Contudo, restringindo o conhecimento valioso as fazendas ou comunidades e transmitindo-o por gerações.
As plataformas digitais estão mudando esse cenário: um produtor de tomates no Quênia pode aprender técnicas com agricultores da Itália, enquanto um criador de gado na Nova Zelândia compartilha experiências com colegas da Argentina. Todavia, essa troca global de conhecimento acontece online e sem custos, permitindo a disseminação de boas práticas.
O acesso ao mercado
A transformação digital muda a forma como os produtos agrícolas chegam ao mercado. Sobretudo, as cadeias de valor tradicionais envolvem numerosos intermediários, cada um retendo uma parte do valor e deixando os agricultores com lucros mínimos.
As plataformas digitais podem reestruturar essas cadeias ao conectar diretamente oferta e demanda. Agregando serviços e eliminando intermediários.
Desafios na interseção entre o digital
Apesar desses benefícios transformadores, a desigualdade digital ainda é uma realidade, com questões de conectividade, letramento digital e custo da tecnologia criando barreiras para muitos agricultores, especialmente em regiões em desenvolvimento.
O setor precisa enfrentar desafios cruciais para garantir uma transformação digital inclusiva, como:
- A infraestrutura de conectividade deve ser tratada como essencial, tal como os sistemas de irrigação. A FAO reconhece a conectividade como fundamental para a agricultura moderna;
- A tecnologia deve ser projetada especificamente para ambientes com poucos recursos, sem pressupor conectividade constante ou dispositivos avançados. As plataformas bem-sucedidas oferecem funcionalidades progressivas — operam offline com recursos básicos e expandem as capacidades conforme a estrutura do usuário;
- Programas de alfabetização digital devem ser incorporados às comunidades agrícolas. Ao unir jovens familiarizados com tecnologia a agricultores experientes, cria-se uma troca de saberes bidirecional. Essa abordagem preserva o conhecimento agrícola tradicional enquanto acelera a adoção digital. Desse modo, a União Internacional de Telecomunicações (UIT) aponta que programas comunitários de capacitação digital são os que mais promovem adoção em áreas rurais.
Lições para líderes B2B do setor AgTech
Para aqueles que atuam na interseção entre tecnologia e agricultura, alguns insights precisam ser considerados:
- A tecnologia deve simplificar, não complicar. As ferramentas digitais mais eficazes reduzem, em vez de aumentar, a carga de trabalho e as tarefas diárias dos agricultores;
- Envolver o público-alvo no desenvolvimento leva a uma maior adoção e a soluções mais adequadas;
Os sistemas digitais devem incorporar e potencializar o saber tradicional, e não substituí-lo; - Soluções precisam fortalecer a resiliência e a sustentabilidade dos ecossistemas. As melhores tecnologias potencializam fazendas individuais, mas todo o sistema agrícola;
- Apesar do aumento da conectividade, as soluções devem funcionar em ambientes de baixa largura de banda e oferecer ferramentas offline.
Por fim, a transformação digital na agricultura vai além dos ganhos de eficiência. Contudo, Ela empodera os agricultores, fortalece os sistemas alimentares e enfrenta desafios cruciais, como as mudanças climáticas e a segurança alimentar.
Fonte: forbes