A reforma tributária ainda precisa passar pelo crivo do Senado para ter validade
O relator da reforma tributária no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), defendeu na última semana um aumento no valor dos recursos do Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR) previsto na proposta em discussão no Congresso.
O texto aprovado pela Câmara em julho prevê, para o FDR, a partir de 2029. Um valor progressivo até atingir o patamar anual de R$ 40 bilhões em 2033.
Após reuniões com governadores, Eduardo Braga informou que os estados pleiteiam um forte incremento desses recursos.
“Alguns [governadores] falam em R$ 80 bilhões, outros em R$ 75 bilhões [por ano]. Há um consenso que seja um número como este. Mas até agora não tive uma sinalização do governo federal sobre isso”, afirmou o emedebista.
Em negociações com o governo, os estados já haviam solicitado um valor maior, quando o tema estava em debate na Câmara dos Deputados. Na ocasião, pediram R$ 75 bilhões ao ano, mas não atendidos.
Montante de R$ 40 bilhões
Integrantes da equipe econômica afirmaram entender que o montante de R$ 40 bilhões. Assim, aprovado pela Câmara dos Deputados para o fundo de desenvolvimento regional, seria “suficiente” para financiar uma política de desenvolvimento regional “eficaz e efetiva”.
A reforma tributária ainda precisa passar pelo crivo do Senado para ter validade. Uma solução sobre o valor do FDR pode destravar a votação da proposta. Aliás, se o texto tiver alteração pelos senadores, retorna para nova análise dos deputados.
- Em linhas gerais, a reforma substitui cinco tributos (PIS, Cofins e IPI federais, ICMS estadual e ISS municipal) por um imposto sobre valor agregado (IVA) federal, outro estadual e pelo imposto seletivo.
- E os IVAs passariam a ser não cumulativos. Isso significa que, ao longo da cadeia de produção, os impostos seriam pagos uma só vez por todos os participantes do processo.
Aliás, a expectativa do relator Eduardo Braga é de apresentar seu relatório sobre o PEC da reforma tributária até o dia 24 de outubro. Com votação estimada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário do Senado Federal entre os dias 7 e 9 de novembro.
Entenda o que é o fundo de desenvolvimento regional
Na reforma tributária sobre o consumo, aprovada pela Câmara dos Deputados, a cobrança dos tributos passaria a ser feita no destino. Onde os produtos e serviços são consumidos.
Atualmente, essa cobrança feita na origem, ou seja, onde produzidos. Com o atual formato, os estados concedem isenção ou redução de tributos para que as empresas se instalem na região. São os chamados benefícios fiscais, que só valem até 2032.
Assim, essa mudança na cobrança dos impostos da origem para o destino será gradualmente em um prazo longo, ao longo de 50 anos, entre 2029 e 2078. Segundo o texto aprovado pela Câmara dos Deputados.
A principal consequência dessa alteração da cobrança dos IVAs, entretanto, que os estados não mais poderão conceder benefícios fiscais para as empresas se instalarem no local pois a cobrança passará a fazer onde os bens e serviços são consumidos.
Com isso, acabaria a chamada guerra fiscal pois os estados perdem os benefícios como instrumento de política de desenvolvimento.
Benefícios fiscais
O fundo de desenvolvimento regional entra na reforma tributária justamente para substituir os atuais benefícios fiscais, com recursos diretos para os estados para garantir que eles possam promover a atividade produtiva.