O mundo todo já foi impactado pela necessidade de tomar atitudes mais sustentáveis
A reciclagem de materiais orgânicos e inorgânicos no agronegócio coopera para a sustentabilidade e em diversas instâncias, seja nas cidades, seja na exploração de combustíveis, seja na produção de alimentos.
Por isso, o agronegócio tem papel fundamental para fazer que o mundo consiga cumprir o Acordo de Paris e frear o aquecimento global.
Nesse sentido, as discussões acerca de um agronegócio mais sustentável e a reciclagem de materiais têm ganhado destaque.
Práticas como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o combate a queimadas e desmatamentos ilegais precisam ser o norte para que o Brasil continue sendo protagonista entre os principais produtores de alimento do mundo.
Dessa forma, outro ponto fundamental para a sustentabilidade, e que muitas vezes passa despercebido, é a reciclagem.
“Reciclagem” é o nome do processo que transforma restos de produtos e subprodutos, utilizados nas mais diversas atividades, em novos itens com o objetivo de impedir a contaminação do meio ambiente.
Sendo assim, descarte incorreto e a queima de lixo são alguns dos fatores que mais contribuem para a contaminação no campo, e o agronegócio tem várias oportunidades de prezar pela reutilização de materiais plásticos, vegetais e até de resíduos de origem animal.
Reciclagem de material inorgânico
O Brasil é referência na reciclagem de embalagens plásticas como as de agrodefensivos. Mas, estima-se que cerca de 95% das embalagens utilizadas no campo sejam reciclados desde a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, estabelecida em 2010.
Devido à dificuldade dos produtores em destinar corretamente as embalagens em razão das grandes distâncias, essa política estabeleceu uma logística reversa. Os produtores ficam encarregados de realizar a tríplice lavagem das embalagens e as armazenar corretamente até que a entrega nos pontos estabelecidos seja feita. Os distribuidores, então, têm a tarefa de recolher as embalagens na volta dos caminhos utilizados para a entrega de agroquímicos.
Compostagem e reciclagem de materiais orgânicos
A compostagem também é um processo de reciclagem, já que transforma o lixo orgânico em adubo natural. Quando realizada de forma correta, a compostagem contribui para a preservação do meio ambiente, pois evita a queima de lixos que geram gases poluentes ou o descarte incorreto que pode poluir o solo, os lençóis freáticos, os rios e os lagos. Ao contrário do que acontece nos aterros sanitários, o tipo de decomposição que ocorre durante a compostagem não produz gás metano (CH4).
A reciclagem do material orgânico também é benéfica para um agronegócio sustentável ao diminuir a quantidade necessária de insumos e defensivos agrícolas. Com isso, os produtores que empregam essa técnica têm a vantagem de reduzir os gastos com agroquímicos, que tiveram disparada de preço nos últimos anos.
Reciclagem de resíduos animais
Outro exemplo de sucesso do uso da reciclagem no agronegócio é o do Grupo FASA, associação que atua em Cruzeiro do Sul (RS) e recicla resíduos de animais, majoritariamente de bovinos e frangos.
A companhia estima que 34% de um animal abatido não cheguem ao consumidor final. Se descartada de forma incorreta, uma carcaça de vaca, por exemplo, chega a liberar até 1,2 tonelada de gás carbônico na atmosfera.
Assim, a reciclagem de resíduos animais retira nutrientes como carbono, fósforo e nitrogênio da natureza e os aproveita em novos produtos, por exemplo ingredientes para ração animal, para biocombustíveis e para a indústria de limpeza e higiene.
A prática pode ser revolucionária caso se torne mais abrangente; para se ter uma ideia, 1 quilo de rejeito animal produz em média 650 mililitros de biocombustível, um fato importante para o momento em que o mundo luta contra a dependência dos combustíveis derivados de petróleo.
Desafios da reciclagem no Brasil
Um estudo do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inPEV) mostrou que 215 mil toneladas de embalagens foram retiradas do campo e tiveram a destinação correta entre 2002 e 2010.
O instituto estima que, com isso, 250 mil toneladas de dióxido de carbono deixaram de ser emitidas na atmosfera.
O Brasil mostrou que já sabe o caminho da reciclagem e de um agronegócio sustentável. Agora, é preciso que essas iniciativas continuem sendo dissipadas por todo o País e que a comunidade internacional tome conhecimento do tamanho do esforço que o setor faz para produzir de forma limpa.