Projeto Semeando o Futuro valoriza tradição e sustentabilidade
“Estamos plantando as sementes do nosso futuro, com as mãos dos nossos jovens, com o saber dos nossos mais velhos”, afirma o cacique da aldeia Limão Verde, Ademilson Souza, ao explicar em poucas palavras, mas com absoluta clareza, o significado do ‘Semeando o Futuro’ para os indígenas Terena do município de Aquidauana.
Mais que uma ação ambiental, o projeto encabeçado pelo Governo de Mato Grosso do Sul juntamente com a Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), contando com apoio técnico da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), é um marco de autonomia e valorização cultural da comunidade.
“Isso aqui é mais que reflorestamento, é sobretudo a nossa forma de proteger a terra, garantir o alimento e assim ensinar nossos filhos o valor da nossa cultura e da natureza”, completa o cacique Souza sobre a proposta de restaurar a produção na aldeia e promover a sustentabilidade e o cultivo de alimentos para subsistência dos moradores dali.
Plantio de mudas
Os indígenas da Limão Verde iniciaram (23) o plantio de mudas do ‘Semeando o Futuro’. O projeto tem como mote principal o reflorestamento sustentável, ecológico e produtivo. Além disso, coloca em prática um trabalho de conservação ambiental. Esse trabalho é aliado ao conhecimento tradicional indígena. Essas são as ferramentas usadas pelos que integram o projeto.
Além do reflorestamento, o projeto atua em três frentes fundamentais. São elas a preservação da biodiversidade, o fortalecimento da cultura Terena e a promoção da segurança alimentar. Durante a execução, a comunidade realiza a coleta, identificação e uso de sementes de espécies nativas como baru, ingá, jatobá, jenipapo e pequi.
Já o plantio ocorrerá através de um sistema produtivo que inclui, nas entrelinhas, cultivos como banana, mandioca, café, guavira, mamão e hortaliças. Segundo a coordenadora do projeto e gestora da BR Garden, Ariadne Gonçalves, o envolvimento da comunidade é essencial para que o projeto tenha impactos duradouros.
Como nasceu a proposta
“A proposta nasceu do desejo de unir ciência, tradição e sustentabilidade. Esse projeto não é apenas sobre plantar árvores, mas sobre cultivar o futuro de um território com raízes profundas. O conhecimento do povo Terena é a base desse trabalho. Nossa missão é garantir que ele seja respeitado, valorizado e transmitido às futuras gerações”, frisa Ariadne.
O projeto também integra os esforços da comunidade escolar da aldeia Limão Verde, que vai participar da Olimpíada Brasileira de Restauração de Ecossistemas, desenvolvendo um projeto prático de recuperação ambiental com os estudantes indígenas. Entre os parceiros da ação, estão o viveiro BR Gardens, UCDB e UEMS, enquanto o financiamento ocorre via Fundect.
Além das ações de campo, o projeto prevê a criação de viveiros comunitários, capacitação de coletores de sementes e a geração de renda por meio da venda de sementes nativas.
Uma parceria forneceu as primeiras mudas para o plantio. O viveiro BR Gardens cedeu espécies nativas, café e mamão, enquanto a Agraer disponibilizou mudas de banana, guavira, hortaliças e pastagem, e a própria comunidade forneceu as ramas de mandioca.
Impacto além do ambiental
O impacto esperado vai além do ambiental, promovendo assim o empoderamento da comunidade, o protagonismo indígena, a educação ambiental e o desenvolvimento sustentável em territórios historicamente preservados pelos povos originários.
A conta no Instagram do projeto é a @notitumuneti, que na Língua Terena significa ‘semeando o futuro’.
Fonte: Secom/Gov.ms